03.

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Point Of View Ariel Beauchamp

Sinto mãos delicadas fazerem carinho no meu cabelo, abri os olhos com dificuldade encontrando minha mãe com a cara inchada, mas nenhuma lágrima escorria do seu rosto, não tinha percebido que acabei adormecendo enquanto chorava, chorei tanto que dormi. Ela beija minha bochecha e meus cabelos.

Me sento enquanto ela continua olhando cada detalhe do meu rosto.

- É verdade? É ele?

- Sim.

- Mãe por favor.

- É seu pai Ariel. E ele quer te ver.

- Por que ele apareceu só agora?

- Isso não é uma pergunta pra fazer pra mim. Ele está na casa da sua vó, pode fazer a ele.

- Eu vou me arrumar, você me espera?

- Eu não vou.

- Como assim? Ele também te deve respostas.

- Ele só deve respostas aos filhos dele, a mim ele não deve nada. Leva a Luna pra mim.

- Não vou te deixar sozinha.

- Vá ver seu pai, ele passou muito tempo sem vocês e vocês sem ele.

- Tem certeza?

- Sim, Luna já está pronta.

E ela sai do quarto, totalmente sem expressão. Aquela não era a minha mãe.

Cada passo que eu dava em direção a entrada da casa da minha vó, era um vacilo que meu coração dava doendo e ansioso, tentei dar passos lentos mas a Luna me puxava, e quando eu vi que a porta estava entreaberta deixei que ela corresse antes de mim e fiquei encarando-a entrar e a gritaria começar, os choros, tudo.

Permaneci intacta e não consegui me mexer, mesmo congelando do lado de fora, meu corpo não ia, minhas mãos suavam e meus olhos agora estavam pura água, minha visão ficou turva, e eu apenas chorei, de olhos fechados e chorei ainda mais. Porque eu não tinha coragem de ver se era verdade ou não.

Senti meu corpo ser esmagado em um abraço por braços firmes, quando levantei meu rosto e cheirei a camisa, reconheci o cheiro e agarrei o corpo do meu pai. Eu não sabia se queria ignorar a sua existência ou nunca mais sair daquele abraço.

- Desculpa, desculpa, desculpa filha. - ele sussurrava.

- Você me deixou, você deixou a mãe. Você me deixou, você me abandonou.

- Eu te amo filha, não me odeie, eu não aguentaria.

- Mas eu te odeio. E te amo e te odeio.

Ele me apertou em seus braços e beijou meu cabelo, sua camisa cinza já estava toda molhada e meus soluços dava pra escutar do vizinho. O soltei e comecei a socar seu peitoral, liberando toda raiva, soquei e bati, minhas mãos doeram e ele me abraçou mais uma vez.

- Por que você fez isso?

- Não podia continuar na vida de vocês do jeito que estávamos. Você não entenderia.

- Não mesmo, eu odeio tudo que você faz. - caminhei e entrei na casa da minha vó.

Todos estavam entre sorrisos e choros. Eu permaneci em pé sem cumprimentar ninguém.

- O choque é importante até tudo ficar bem.

- Quem diabos é você?

- Sou uma amiga do Josh, meu nome é Isabel.

 𝐀𝐌𝐂 - A Médica e o Criminoso IIOnde histórias criam vida. Descubra agora