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Me imaginei passando por várias situações, das piores possíveis, mas todas relacionadas apenas a mim

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Me imaginei passando por várias situações, das piores possíveis, mas todas relacionadas apenas a mim. Não ao meu filho. Escutar coisas a respeito do seu neném, que você educou, que você tanto ama, é a coisa mais difícil pelo qual eu tive que passar. É uma mistura de sensações, uma hora estou empenhada a procurar ajuda de todos os lados, e em outra hora vejo que eu estou sozinha buscando uma resposta que eu sei que não vai vir.

Porque é a resposta que eu quero. Não a que eu preciso ouvir.

Não é qualquer mãe que escuta seu filho dizer que quis afogar, quis machucar um outro colega.

Em todas as versões que essa frase passou pela minha mente, todas acabavam em um só julgamento. O mesmo que eu tentei banir da minha mente por diversos momentos.

Outra mãe poderia escutar tudo que eu escutei e levar pra exorcizar, alegando possessões demoníacas.

Só que não existe nada mais demoníaco que o próprio ser humano.

Olha o tanto de maldade que há no mundo e sinceramente reflita, todas as piores coisas do mundo quem fez foi o próprio ser humano, sem precisar de demônio nenhum.

Meu olhar pro meu filho não mudou, eu continuo o amando, e é esse amor que me faz implorar por ajuda.

Estamos no terceiro dia de análise, o caminho todo foi silencioso já que o Josh se fechou, não só comigo, mas com o Ravi também, ele não consegue olhá-lo, algo dentro dele parece doer, então eu peguei tudo pra mim. E tem sido assim, ele vai em todas as sessões comigo mas fica em silêncio, apenas algumas palavras saem e sempre monossilábico.

Agradeço mentalmente a Nour ter se acostumado com esse jeito do Joshua facilmente, até porque Ravi é uma criança então ela precisa nos questionar coisas também. E nesse momento parece que só eu sou mãe solteira, porque o pai fugiu para bem longe no mundo dele.

Tive que trocar os quartos, Ravi agora tem um quarto só pra ele, e as meninas preferiram ficar juntas. Meu menino amou porque ele ama a própria presença, as vezes ele me expulsa pra conseguir brincar sozinho.

Enquanto esperávamos a conversa com meu filho, mesmo com as pernas cruzadas, meus pés sem controle nenhum circulavam e mexiam repentinamente. Eu e meu marido não trocamos uma palavra nessa espera.

Escutei a porta se abrir e o meu filho sair de lá com um pirulito, sorri ao vê-lo tão animado, Josh permaneceu sério. Nós entramos, o Ravi ficou distraído brincando enquanto nós dois encaramos a mulher.

Nour: Não perguntei como vocês estão, me desculpe de verdade.

- Tudo bem. Nós estamos bem. - digo seca.

Nour: Nós ainda temos um caminho pela frente mas eu preciso dizer que o jeito do Ravi é idêntico ao seu Any, ele tem manias muito fortes suas, ele é uma criança muito calma.

 𝐀𝐌𝐂 - A Médica e o Criminoso IIOnde histórias criam vida. Descubra agora