- CAPÍTULO 01.

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Las Vegas, 2046

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Las Vegas, 2046.
Antes.
O começo do fim.

As mãos ensanguentadas de sangue denunciavam a brutalidade da força exercida contra o saco de bancadas, fúria crua corria por suas veias.

Os efeitos da hiperatividade de Nevio tornavam-se visíveis através da falta de foco no momento, nem mesmo aquilo fazia-o canalizar o emaranhado de coisas que estava sentindo. A ideia de estar longe de sua gêmea nunca passou por sua cabeça, eram uma parte um do outro, co-dependentes - no sentindo mais amplo da palavra - Greta sempre foi o equilíbrio para seu temperamento forte, ele precisava dela um tanto mais quanto ela precisava dele. Enquanto ela era, frágil, odiava violência e tinha uma timidez com qualquer pessoa que não fosse da família, Nevio não se importava em usar e sentia satisfação na violência, fragilidade não fazia parte de quem era, ao menos não pela superfície.

Seu interior caótico dizia algo diferente parasi, sua respiração alertava a necessidade de parar e respirar. Pouco a pouco osgolpes foram diminuindo, apoiou sua testa contra o saco fechando suas pálpebras.Assim como dia após dia construía seu caminho já traçado, sabia no fundo que Greta deveria construir o próprio e talvez eles não pudessem se cruzar ou estar próximos como desejava, quando a Falcone estava dançando ballet desabrochava como uma flor, quase não parecia ser a mesma, ganhava vida e liberdade ali. Quem a via jamais imaginaria que era tímida fora dos palcos, Greta brilhava de forma única onde nenhuma escuridão a ofuscava.

- Porra. - xingou antes de guiar as mãos por seus fios escuros de cabelo apertando-os, quando seus olhos tornaram a se abrir viu um par de tênis rabiscado na sua frente.

Seu olhar se elevou para cima e encontrou um par de olhos azuis encarando-o com preocupação, os fios loiros bagunçados se soltavam da trança embutida que prendia seu cabelo. Uma sobrancelha se elevou junto à pergunta não falada de como ela entrou sem que percebesse, como se soubesse de tal, acabou dando de ombros, suas mãos se descruzando de frente aos seios.

- Não é tarde demais para estar aqui treinando? - ela questionou se sentando ao lado dele.

- Não é tarde demais para você estar acordada? - rebateu sem encará-la.

- Acabei de chegar do acampamento e julgando pelo clima, sua ausência, resolvi te procurar por aqui. Aconteceu alguma coisa?

Ainda que Aurora passasse um tempo fora ao lado de Adamo, Dinara e Roman no acampamento durante suas férias de versão, isso não a levava saber menos dos acontecimentos em Las Vegas, principalmente por ela, Greta e Carlotta serem um trio. - Duvido que não saiba. - falou por fim, quebrando o silêncio que pairou entre os dois.

- Bom, se é pela razão que sei... Eu acho que deveria estar feliz e apoiando Greta. É o sonho dela Nev. - tocando-o pelo braço, atraiu sua atenção para ela. - Greta nasceu para ser uma bailarina, se fosse ao contrário ela estaria te apoiando.

- Aqui é a casa dela, não Nova Yok Aurora. Como eu apoiaria sendo que isso significaria ela não estar mais aqui? - ele a encarou.

- O fato dela ir para Nova York não vai tornar aqui menos a casa dela, aqui sempre será. Se você, o seu sonho suponhamos que fosse lutar em Nova York e fosse uma escolha sua ir, você teria todo o apoio dela, do seu pai, dos seus tios, de Massimo, Alessio. Percebe o quão diferente é?

Nevio se atentou em cada palavra proferida por Aurora, seu maxilar travou porque mesmo não admitindo em voz alta sabia que ela tinha razão. Parecia nítido os possíveis problemas que Fabiano enfrentaria quando ela atingisse os dezoito anos, agora aos dezesseis ela já sabia como se impor sem perder a calma. Contudo, invés de concordar tudo o que saiu de seus lábios foi totalmente o oposto: - Essa suposição é fora de questão, eu nunca sairia de Las Vegas.

- E se não fosse? Ela estará segura em Nova York, ela precisa ter seu próprio caminho. - levantando-se ficou em pé de frente à ele. - É uma escolha dela, você deveria parar de agir como um idiota e respeitar isso.

- Você não tem um irmão ou uma irmã para entender o que é isso Aurora.

- Posso não ter um de sangue, mas considero Greta e Carlotta como tais. Daria minha vida pelas delas facilmente, espero que até o momento da ida dela como acredito que irá acontecer, reconheça isso.

As íris azuis se firmaram nas mãos ensanguentadas, por um momento ela pareceu lutar consigo mesma entre ajuda-lo com aquilo e se afastar. Sua decisão foi a última, afastar-se. Aurora balançou a cabeça em negação atravessando a porta da academia sentia o olhar dele queimar por suas costas, ainda que apoiasse firmemente Greta, isso não significava que não iria sentir a ausência dela. Pelas histórias contadas raramente por seu pai da sua infância em Chicago, sabia que a Camorra se diferenciava das demais máfias por não se importar com as tradições e dar mais liberdade de escolha, mas isso não anulava há diferença gritante entre os homens e as mulheres, porque mesmo perante o silêncio de Nevio, tinha certeza que até mesmo ele sabia disso.

Enquanto atravessava os jardins para sua casa onde se reencontraria com seus pais após um período longe, Nevio cruzava seu caminho até seu quarto. Os gêmeos não dividiam o mesmo quarto fazia alguns anos, Serafina observou as mãos ensanguentadas do filho com um olhar preocupado e não passou despercebido por si como ele ignorou Greta pela primeira vez. Algo dentro de si apertou, porque imaginava o que Nevio estava sentindo por conta de Samuel. Em circustâncias diferentes algo se repetia, um toque suave e firme em sua nuca a tirou dos seus devaneios.

- Angel?

- Não me chame de Angel agora Remo Falcone, não até Greta ter permissão para estudar Ballet em Nova York. - falou se desvencilhando do toque.

- Nova York não é seguro o bastante pra ela, nossa trégua com a Famiglia se estendeu por mais anos do que esperávamos, mas mandar nossa filha pra lá é totalmente diferente.

- Mesmo em Nova York ela ainda é uma Falcone e seu sobrenome é conhecido! Nós daremos um jeito, mas ela é livre para fazer o que deseja.

- Nevio precisa da Greta e ela precisa dele.

- Eu já estivesse nessa situação com Samuel - sua voz soou mais baixa, mas não vacilante. - Me separar dele nunca se passou por minha cabeça antes, mas ter feito o meu próprio caminho foi o melhor para mim. Nossos filhos não vão se sentir como eu me senti e me sinto ainda ao longo dos anos, principalmente vendo isso. Eles ainda estarão perto um do outro sem nenhum risco de guerra eminente.

- Serafina... - as palavras morreram nos lábiosde Remo.

Pela primeira vez o peso do passado recaiu, o primeiro pecado atingiu-os.

⨳ ࣪ ʾʾ O capítulo novo finalmente chegou! Eu queria agradecer por todas as visualizações de leitura, não imaginava que pudesse ter tantas dentro de tão poucos dias. Vocês são incríveis e sou eternamente grata pelo apoio e comentários.

⨳ ࣪ ʾʾ Estarei atualizando duas vezes por semana, nas quartas-feiras e aos sábados.

⨳ ࣪ ʾʾ O Instagram onde da fanfic é flawleesz.author, se você ainda não seguiu, sigam. Lá eu soltarei prévias dos capítulos e mais coisinhas ao decorrer. A história ganhou uma playlist no Spotify que você pode acessar ao pesquisar pelo nome.

⨳ ࣪ ʾʾ Espero que gostem. <3

By Feeling I Ruin.Onde histórias criam vida. Descubra agora