Capítulo 14 - Fatiotas

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– Eu não vou deixar que fiques sozinho outra vez, Natsu. – Disse baixinho.

– O quê? – Exclamou ele, parecendo confuso.

– Não te vou deixar sozinho. – Repeti, afastando-me dele.

– O quê? Mas eu não estou sozinho. Tenho amigos e essas cenas. Eu não preciso que me ajudes em nada, loirinha. – Disse ele com um sorriso idiota.

– Mas eu... – Tentei falar, mas ele interrompeu-me.

– Olha, eu não preciso que tenhas pena de mim nem nada disso. Sinceramente, não preciso de ti para nada. Não te iludas. Eu não namoro. Só pesco miúdas. – Gozou ele, todo convencido.

Senti os meus olhos aquecerem, mas não ia deixar que ele me visse chorar por uma coisa destas.

– Há coisas que não se dizem, sabias? – Berrei sem gaguejar, para meu espanto.

– A verdade deve sempre ser dita... – Retrucou ele, cruzando os braços despreocupadamente.

Os meus olhos começaram a ganhar água. O meu tempo estava a esgotar-se.

Corri dali para fora e enfiei-me numa das casas de banho do colégio, a chorar...

– Grande idiota... – Disse baixinho enquanto soluçava, sentada na tampa da sanita.

Como é que beijei aquele rapaz estúpido? Tinha comprometido um namoro de dois anos por um idiota como aquele...

Mas obviamente, não podia contar nada disto ao Sting se queria que o Natsu continuasse vivo. Recompus-me e saí da casa de banho enquanto limpava as minhas lágrimas.

Olhei para o espelho para ver se tinha os olhos vermelhos, mas felizmente quase não se notava. Saí do quarto de banho e dirigi-me ao bar, na esperança de encontrar o Sting.

– Lucy. – Ouvi alguém dizer ao mesmo tempo que me agarrava.

Natsu? Ha, ha.

Ele só podia estar a gozar com a minha cara...

– Precisamos de falar. – Disse ele com uma expressão que nem me dei ao trabalho de ler.

– Tira as tuas mãos sujas de cima de mim. – Disse baixo para que ninguém da turma ouvisse.

A cara dele ficou cheia de surpresa assim que ouviu a minha resposta, mas limitei-me a sacudir a mão dele.

Tentei esquecer aquilo que tinha acabado de dizer e comecei a procurar um loiro.

– Sting! – Exclamei ao ve-lo com o Rogue.

– Lucy, precisamos de ti! – Ouvi alguém dizer enquanto várias mãos me puxavam. A Erza e o Gray? Mas que raio se passa aqui?

Afastamo-nos de toda a multidão e fomos em direção ao Salão de Festas.

– O professor Reedus acabou de marcar um ensaio para a peça da escola, à última da hora. – Informou-me a Erza enquanto corríamos para o Salão.

– O quê? Mas eu ainda não ensaiei nada do meu guião! – Quase berrei.

– Tem calma, é só um ensaio. – O Gray tranquilizou-me.

– Dizes isso porque não vais estar lá em cima, como eu... – Lamentei-me.

Entramos no Salão de Festas e limitei-me a deixar cair o queixo assim que vi a Levy a coordenar o Gajeel e o Elfman para pousarem uma coisa que parecia ser uma toca de raposa ou de coelho, o Laxus em cima de uma escada a trocar os focos dos holofotes, a Wendy a espalhar folhas pelo chão, a Cana, a Mira e a Lisanna a compararem vestidos e fatos, entre outras mil e uma coisas.

– Wow... – Foi o que consegui dizer ao ver toda aquela agitação.

– O Reedus resolveu mudar a pessa para algo mais conhecido. Parece que vamos fazer um capítulo da história "O principezinho". Acho que é o capitulo 21, mais precisamente. – Informou-me a Erza.

– Então isso quer dizer que já não sou a protagonista? – Questionei animada. É óbvio que ser a protagonista era demais, mas estar lá em cima no palco era outra coisa...

– O professor achou que ias ficar triste se não fosses, por isso resolveu adicionar à história uma "princesinha". – Disse ela, deixando-me desanimada outra vez.

Subimos para o palco e o professor deu-nos imediatamente os novos guiões.

– Lucy, vou ser a raposa! – Festejou a Erza, que de seguida começou a fazer exercícios musicais. Mas que raio...?

– E eu vou ser... – O Gray começou, animado, mas a sua cara ficou cheia de irritação.

– Um cogumelo?! Só vou dizer "Cuidado! Vem ali uma raposa!". Professor, por que é que o Natsu não pode ser o cogumelo? Ele tem muito mais pinta para este papel! – Barafustou ele.

– Mas o Natsu é o protagonista, o principezinho. – Informou o professor.

É verdade. Já me tinha esquecido que ele tinha sido escolhido para ser o protagonista, tal como eu. Bem, pelo menos, com esta mudança de peça, já não haveria beijo final... Graças a Deus!

Quando o professor acabou a sua frase, reparei que o Sting e o Rogue se dirigiam para o palco. Boa, mais uma discussão com o Sting por causa disto. Estava mesmo a ver...

– Olá. – Disse ele enquanto se aproximava de mim.

O loiro puxou-me para perto de si e beijou-me, o que até calhou bem, porque sinceramente não sabia como é que lhe ia dizer que já não precisava de um tempo... Depois de acabarmos o nosso querido e fofo beijo, abaixei-me junto a uma caixa e apoiei-me nas pontas dos pés.

– Que estás a fazer? – Perguntou o Sting.

– Estou a ver o meu guião... – Disse enquanto via a quantidade de falas que tinha.

– Jesus... – Queixei-me enquanto contava as páginas.

– Vais ser o quê? – Perguntou ele, pousando a mão à volta do meu pescoço.

– A protagonista, a princesa. – Informei.

– Lucy, chega aqui! – Chamou a Cana.

– Já volto. Mas tu vais fazer alguma coisa na peça? – Perguntei antes de o deixar. Afinal, nem ele nem o Rogue estavam connosco quando foram sorteados os papéis para a peça.

– Vou falar com o professor, para ver... – Respondeu ele, levantando-se do chão.

– Hmm, está bem. – Finalizei a conversa enquanto corria para junto das meninas.

– Do que precisam? – Dirigi-me à Cana. Rapidamente fui invadida por montes de roupas que eram encostadas ao meu corpo.

– Calma! – Disse enquanto me tentava equilibrar.

Fiquei tonta e comecei a ouvir tudo muito baixinho. Achava mesmo que ia desmaiar outra vez, por causa da pancada com o peso que tinha levado na cabeça, mas felizmente equilibrei-me outra vez e recompus-me sem que ninguém reparasse no que tinha acabado de acontecer.

– Não, não serve. – Lamentou a Mira enquanto me olhava de cima a baixo.

– Este! Este sim, é completamente a cara dela! – Disse a Cana, remexendo numa das caixas que tinha espalhadas pelo palco.

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