Capítulo 19 - Noite de estrelas

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Já eram 20h00 e estava sentada na beira do palco a ababanar as pernas, à espera que mais alguém chegasse. As outras turmas já tinham chegado, e estavam a rever as suas atuações enquanto eu esperava que o meu pessoal viesse ter comigo. Tínhamos combinado ir jantar às 19h00, para às 20h00 começarmos a preparar-mo-nos, e às 20h30 as atuações dos mais novos começavam, sendo nós os últimos a atuar.

Resolvi então ir para o camarim das raparigas, era melhor começar a arranjar-me em vez de estar parada à espera dos outros...

– Lucy! – Chamou a Erza.

– Aleluia! Estava a ver que nunca mais vinham. – Queixei-me com as mãos na cintura.

– Desculpa. – Pediu a Mira enquanto subia para o palco.

A Erza, a Lisanna, a Cana e a Mira traziam cada uma dois sacos cheios de roupa, maquilhagem e acessórios corporais. Meu Deus!

Eu acho que não tinha chegado a dizer, mas a Juvia iria fazer de rosa no espetáculo, e como tal, teria que usar uma bandolete com pétalas que as meninas tinham arranjado. Ela ficava mesmo fofa, toda vestida de cor de rosa bebé e com aquela bandolete!

E, por falar em rosa, onde andaria o rosado?

Bem, também ele não me interessava. Afinal, eu ainda não me tinha esquecido das coisas horríveis que ele me tinha dito depois de o ter beijado. Eu sei que ele tinha pedido desculpa, mas mesmo assim, demoraria algum tempo até eu o perdoar.

A Mira e a Lisanna estavam com o telemóvel não sei de quem a ver como pintar a cara da Erza de forma a que ela parecesse uma raposa, e eu estava simplesmente a observar tudo o que se estava a passar dentro do camarim.

Espera. Aquele não era mesmo o meu telemóvel?

– Certo. Está na hora de te vestires! – Disse-me a Cana assim que acabou de me maquilhar.

A minha pintura não era nada de extraordinário, como a da Erza. Era apenas algum batonzinho, com uma sombra leve nos olhos, e o tradicional rímel. Retirei o vestido do manequim e a Cana ofereceu-se para me ajudar a vesti-lo.

– Eu ajudo-te. – Informou ela docemente, mas eu recusei.

– Deixa estar. Só preciso que me ajudes depois a apertar as fitas nas costas. – Informei-a com um sorriso.

Depois de tirar a minha roupa, alcancei as pontas do vestido e deixei-o deslizar pelo meu corpo, o que me fez arrepiar por o tecido estar tão frio. Depois de a Cana me apertar os fios das costas, endireitei o vestido no meu corpo. Ver-me com este tipo de roupas fazia-me lembrar os tempos em que vivia com o meu pai. Apertar os fios nas costas costas era a única coisa que eu não conseguia fazer sozinha, e por isso pedia às minhas empregadas para os apertarem por mim.

Olhei através do espelho para a Cana e ela estava de queixo caído.

– Meu Deus, olha para ti! – Festejou a mesma enquanto apontava para o meu reflexo. De facto, estava mesmo muito bonita. Já não me sentia assim há algum tempo...

– Wow... – A Lisanna deixou escapar assim que olhou para mim. Por sua vez, a Mira deixou cair o frasco de rímel que segurava, e a Erza deixiu cair o queixo.

– P-Parem com isso... – Entrelacei as minhas mãos uma na outra, corada.

Fui até a um móvel que havia no camarim e prendi o cabelo, mas não por completo. Apenas atrás, deixando assim duas madeixas de cabelo soltas na frente. Procurei alguns travessões para ajeitar mais o meu cabelo, mas não havia nada.

– Mira, tens tra-...? – Comecei a perguntar, mas a Lisanna deu-me um monte deles.

Eram muito bonitos. Não eram travessões normais. Tinham uma espécie de imitação de pérolas nas pontas, e aposto que iam ficar lindamente no meu cabelo.

– Não os percas. – Pediu ela com um sorriso, o que me fez agradecer-lhe com outro.

Depois de um trabalho árduo e intenso com os travessões, vi-me uma última vez ao espelho para ver se estava bem.

– Meninas, as cortinas já fecharam! – A Levy apareceu junto à porta.

Ela vestia uma camisola branca larga e de alças com umas calças amarelas claras. Estava mesmo muito bonita!

– Adoro a tua roupa! – Informei-a.

– Todas vocês estão lindas. Agora arrazem com eles! Quero ouvir a plateia aos berros! – Disse ela, com o punho serrado.

Saí logo atrás da baixinha e deparei-me com quem eu menos queria ver numa altura destas... O rosado.

Ele olhou-me de cima a baixo e senti as minhas bochechas corar, mas apenas me concentrei em não falar com ele.

O Natsu usava um casaco comprido e uma camisola branca, com o seu habitual cachecol e umas calças castanho claro. Estava de facto bonito, e parecia mesmo o principezinho da história.

– Tu estás... – Ele tentou falar, mas para piorar a situação, imaginem só quem apareceu...

– Ora, ora... – Disse o Sting, olhando-me de cima a baixo tal como o Natsu tinha feito.

– Vocês dois... Quer dizer, Sting, queres parar de olhar assim para mim? – Explodi com aqueles idiotas a imaginarem coisas. Quase provoquei um conflito entre eles, mas consegui parar as minhas palavras a tempo.

– Pessoal, temos cinco minutos! – Chamou a Levy. Dei um pequeno e rapido beijo ao Sting e corri com o Natsu até às cortinas.

– Como é que consegues correr com essa coisa? – Perguntou ele assim que chegámos ao outro lado do palco.

– Bem, tenho alguma experiência... – Disse corada.

– Hmm, estou a ver. Danças, é isso? – Gozou ele.

– Não, deixa-me em paz. Afinal, eu não sou nada para ti, não é verdade? Tu não precisas de mim para nada. – Usei as mesmas palavras que ele tinha usado comigo depois de o ter beijado.

– Oh... – Ele ignorou-me enquanto se encostava à parede.

Lancei-lhe um olhar mal humorado, e tinha quase a certeza de que ele tinha tremido, mas os meus pensamentos foram cortados pela voz da Levy.

– Conto convosco, malta! – Disse ela baixinho.

Para ser sincera, eu não estava muito preocupada ou nervosa. Mas assim que as cortinas se abriram, estremeci ao ver a quantidade de gente que estava na plateia: pais, filhos, tios, primos, sobrinhos, avós, irmãos, e até amigos dos alunos estavam lá. Era muita gente. Tanta gente que quase não havia lugares livres... O diretor estava mesmo num dos primeiros assentos!

Engoli em seco e comecei a peça enquanto me queixava da minha vida como princesa.

Subi a escadaria e logo de seguida o Natsu e a Erza iniciaram o seu famoso diálogo do "Quem és tu? Sou uma raposa."

Até aí, nenhum de nós se tinha esquecido ou enganado nas suas falas, o que era bom!

As partes do piano estavam a aproximar-se e comecei a descer a escadaria. Sentei-me ao piano e confesso que tocar me ajudou a relaxar e a descontrair.

A peça tinha finalmente chagado ao fim, e depois de uma vénia em conjunto com toda a turma, as pessoas da plateia levantaram-se dos seus lugares e aplaudiram-nos euforicamente. Momentos depois, o diretor apareceu com um fato ridículo e todos começaram a dançar ao som da música, que entretanto tinha começado a tocar.

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