Capítulo 22 - Palavras duras conduzem a ações duras

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Já se tinham passado dois dias desde a festa do colégio e ainda não tinha ligado ao Sting, nem ele me tinha ligado a mim. Era normal, porque estávamos de fim-de-semana. Era Domingo, e estava no sofá a comer pipocas enquanto deprimia a ver "Friends".

Sinceramente, as piadas eram engraçadas, mas não tinha forças para me rir. Eu e o Sting parecíamos tão distantes...

Resolvi ligar-lhe para lhe contar o que me tinha acontecido na festa, pois provavelmente ainda ninguém lhe devia ter contado.

Ouvia atentamente aquele "pi" de chamada, e depois de alguns segundos a ouvir aquilo, o Sting atendeu. Do outro lado, vinha muita barulheira. Ele parecia estar numa festa. Era bem provável, visto que são 23h00.

– Estou? Sting? – Esforcei-me para tentar ouvir a voz dele.

– Ah, então agora é que te lembraste de mim? – Ele gozou assim que ouviu a minha voz.

Esforcei-me para controlar a minha raiva. Afinal, se me irritasse, podia ficar tonta outra vez. Apesar de já ter saído do hospital, e medicada, se me irritasse podia piorar o meu estado outra vez.

– Eu não me esqueci de ti. Apenas não pude falar contigo porque... – Tentei explicar, mas ele cortou-me.

– Não me venhas com histórias, Lucy. Estiveste imenso tempo sem me dizer nada e agora apeteceu-te vir brincar comigo? Foi? – Rosnou o loiro. Senti as lágrimas caírem do meu rosto assim que ouvi aquelas palavras e fiquei alguns segundos calada, a digerir aquilo tudo.

– Em vez de seres um idiota podias ouvir-me! Eu não te ignorei. Sabes o que é que estive a fazer? Sabes? Estive no hospital, porque depois da festa, aquela festa em que nem sequer te despediste de mim, eu caí do baloiço e o Natsu protegeu-me. – Explodi enquanto suloçava baixinho.

– Desculpa? Já ouvi desculpas bem melhores que essas. Tens uma grande imaginação! – Disse ele enquanto se ria. O quê? Ele devia estar bêbedo, para não acreditar em mim...

– Olha, vou ter que desligar. – Continuou ele. Um segundo depois, a chamada acabou e fiquei a ouvir o "pi" irritante...

Ao fim de minutos a pensar na nossa conversa, atirei o telemóvel para o chão e escondi a minha cara numa das almofadas do sofá enquanto abafava o meu choro compulsivo.

– Porquê...? – Perguntei entre soluços, enquanto enchia a boca com pipocas.

Eu amava-o. Amava mesmo, em tempos. Mas, se já antes tinha dúvidas se ainda o amava ou não, agora já não as tinha. O Sting tinha acabado de pegar no meu amor, rasgou-o em mil pedaços e ainda o calcou e lhe cuspiu em cima.

Peguei no telemóvel e liguei outra vez para o rapaz bêbedo.

– Lucy, deixa-me em paz... – Ele disse assim que atendeu.

– Acabou. – Disse por cima da voz dele.

– O quê? – Foi a única coisa que o loiro disse.

– Acabou. – Repeti enquanto limpava as minhas lágrimas.

– Acabou? Estás a acabar comigo? – Perguntou ele, agora com um tom de voz mais sério.

– Exatamente. – Deixei escapar um suloço.

– Não podes fazer isso comigo! – Rosnou ele.

– Posso sim. Tanto que o estou a fazer. – Retruquei, desligando a chamada.

De seguida liguei à Erza e pedi-lhe para vir a minha casa. Precisava de desabafar com alguém.

Continuei a comer as minhas pipocas enquanto via televisão e limpava os meus olhos molhados. As personagens a rirem-se, e eu a chorar a potes...

Depois de conseguir parar de chorar, bateram à porta e fui abrir. Devia ser a Erza.

– Por favor, fica comigo. – Alguém empurrou a porta mal a abri.

– Sting? – Exclamei enquanto ele me agarrava os pulsos.

– Não me toques! – Guinchei enquanto me tentava soltar dele.

– Mas eu amo-te, e tu amas-me a mim. Nós temos que ficar juntos! – Ele levantou o seu tom de voz enquanto me agarrava.

– Solta-me! – Gritei assim que o ouvi fechar a porta.

Consegui empurra-lo para longe de mim, mas ele rapidamente voltou a estar à minha frente. Comecei a recuar, mas tropecei no balde de pipocas que tinha pousado no chão e caí no sofá... Boa, Lucy. Boa.

O Sting agarrou de novo os meus pulsos e puxou-me para cima, encostando-me assim ao móvel mais próximo.

– Deixa-me em paz! – Tentei soltar-me dele, mas era impossível. Se antes do acidente com o peso eu já não tinha força suficiente para lhe fazer frente, então agora, que estava drogada em medicamentos e com o inconveniente de ficar tonta muito facilmente, ainda pior.

– Eu amo-te. Eu preciso de ti! – Disse ele, com o seu rosto perto do meu.

– Sting, para! – Ordenei enquanto ele beijava o meu pescoço. No preciso momento em que disse aquilo, bateram à porta fortemente. Erza, meu anjo da guarda!

– Lucy, o que se passa? – Perguntou a rapariga exaltada, do outro lado da porta.

– Sai daqui, Sting! – Rosnei assim que me consegui soltar dele. Corri até à porta e tentei alcançar a fechadura, mas a minha cabeça começou a brincar comigo outra vez, a ver tudo abandar à roda... Agora não!

Era difícil encontrar a fechadura para rodar a chave, mas depois de tanto tentar, consegui abrir a porta. O Sting preparava-se para me agarrar mais uma vez, mas acho que ele se assustou ao ver a Erza.

De facto, a rapariga carregava um olhar medonho. Até eu recuei um pouco ao olhar para ela.

O Sting lançou-me uma cara zangada e saiu porta fora sem dizer mais nada. Mal a porta bateu, suspirei e comecei a apanhar as pipocas que tinham caído do balde, quando tropecei nele.

– O que se passou? – Perguntou a Erza, sentando-se lentamente no sofá.

– Acabei com ele... – Respondi baixinho.

A rapariga engasgou-se com as pipocas que tinha posto na boca e confesso que tive vontade de rir, mas isso seria mau da minha parte.

– O quê? – Disse ela, surpresa.

– Discutimos. Não tínhamos falado desde que fui para o hospital, então resolvi ligar-lhe, e ele disse que o tinha ignorado e para não gozar com a cara dele... – Resumi-lhe o acontecimento.

– Wow, mas não lhe disseste que estavas no hospital? – Perguntou ela enquanto enchia a boca com mais pipocas.

– Claro que disse, mas ele achou que era mentira e mandou-me ir passear. Depois, voltei a ligar-lhe e acabei com ele, e o resto tu já sabes... – Disse enquanto me levantava do chão para me sentar com ela no sofá.

– Oh, mas acho que lhe devias dar uma oportunidade. – Disse ela.

– Sim. Talvez tenha exagerado ao acabar com ele, mas... Eu já não sei se sinto o mesmo. – Informei a Erza.

– Como assim? – A mesma questionou.

– Ele tem estado tão diferente comigo... Já para não falar do facto de ser muito ciumento. – Tentei explicar.

– Tu devias ter visto a forma como ele falou comigo... Foi um grande idiota, e não acreditou em mim! Palerma! – Apertei uma almofada.

– Lamento... – Desabafou a Erza.

– Eu também... Amanhã voltamos para a escola e sinceramente não sei como o vou encarar. – Desabafei com a rapariga do cabelo escarlate.

Agora não tinha vontade de chorar, mas sim de me esconder num buscado bem fundo e esquecer tudo isto.

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