Capítulo 29 - As melhoras

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Casa da Lucy, 20h00...

O Natsu estava sentado no sofá a ver televisão e eu estava a vê-lo, ainda deitada na minha cama.

Era estranho... Ele tinha passado o dia todo comigo e tinha-me ajudado em tudo o que eu tinha precisado. Preparou-me o almoço, o lanche, e ia preparar também o jantar (hoje só tinha comido sandes, mas pronto...).

O Sting não me tinha enviado uma única mensagem, nem me tinha ligado. Não me tinha falado uma única vez no dia de hoje. Grande idiota...

A minha febre já tinha baixado para os 38,3, mas mesmo assim sentia-me mal e cansada, apesar de não ter feito nada durante todo o dia.

– Natsu... – Chamei com uma voz rouca. Não tinha parado de tossir durante o dia.

A cabeleira cor de rosa dele virou-se para mim e os nossos olhares encontraram-se.

– O Sting foi ao colégio? – Perguntei, seguida de tosse que até já me magoava a garganta.

– Yah. – Ele respondeu afirmativamente.

Então o Sting sabia que eu não tinha ido às aulas, e nem sequer quis saber de mim? Ele diz que quem mudou fui eu, mas na realidade ele é que está mudado. Está numa onda em que me quer mostrar que é mais forte, que é ele quem manda, e que por tanto faz o que lhe apetece. É o que parece...

– E ele não perguntou por mim...? – Quis saber enquanto tapava a minha cara com o lençol até à zona do nariz.

– Não, mas eu também não estive muito tempo com ele... – Suspirou ele, ajeitando-se no sofá.

– Se quiseres podes ir embora. Acho que já me consigo desenrascar sozinha. – Informei-o. Provavelmente ele estava irritado por eu ter falado no Sting.

– Não, eu fico mais um bocado. – Respondeu ele.

Mas não foi só um bocado. Ele ficou comigo a jantar, a ver um filme, a comer pipocas, a atirá-las ao ar e a tentar apalhá-las com a boca, tal como eu. Ficou comigo a rir...

– Já estou bem melhor! – Disse-lhe enquanto me atirava para o sofá.

– Ainda bem! – Festejou ele, com a boca cheia de pipocas, o que me fez rir. O meu telemóvel vibrou entre os cobertores e fui ver o que era.

– Uma mensagem da Erza. Ela está a perguntar se estou melhor. – Informei o Natsu, que parecia curioso.

O mesmo tirou-me o telemóvel das mãos, e antes de eu dizer qualquer coisa, pôs-se a ligar para alguém, colocando de seguida a chamada em alta-voz.

– Olá, Erza! – O rapaz gritou assim que ela atendeu, enquanto se ria. O seu sorriso era lindo...

– Natsu? – A rapariga quis confirmar, surpreendida.

– Olá! – Saudei-a.

– Lucy, por que é que o Natsu está aí contigo? – Perguntou ela. Aposto que ela devia ter o queixo a tocar no chão.

– Ele ficou comigo esta tarde para me ajudar. – Respondi-lhe com um sorriso. De facto, tinha sido algo fofo da parte do Natsu, e tinhamo-nos divertido muito!

– Oh, estou a ver... – Disse ela num tom perverso, o que me fez corar.

– Oh, não foi nada disso! –Guinchei vermelha.

– Eh, por agora estamos a comer pipocas, mas depois vou dormir com ela. – Informou ele num tom de voz perverso.

Sentia as minhas bochechas a arder e não conseguia dizer nada, por isso limitei-me apenas a esconder a cara com um cobertor.

– Bem... Então boa noite, Lucy. – Disse a Erza, mantendo o seu tom perverso.

Depois de a chamada terminar, tirei os cobertores de cima de mim e dirigi-me ao Natsu.

– Se quiseres podes ir embora. Não precisas de ficar aqui. – Disse baixinho.

– Eu vou ficar aqui. Não quero que nada de mal te aconteça. – Respondeu ele, levantando-se do sofá para ir pôr outro filme.

Estando ele de costas para mim, não consegui esconder o meu sorriso estúpido, que surgiu enquanto eu olhava para ele. O rosado estava a ser tão amoroso comigo... Quem diria?

Assim que o Natsu se voltou a sentar, umas letras na televisão apareceram.

WWZ Guerra Mundial.

– Gostas? – Perguntou ele.

– Não é bem o meu estilo de filme... Prefiro romance, mas deixa estar. – Respondi com um sorriso.

O tempo foi passando e, não sendo este o meu género de filmes, não estava propriamente a seguir a história, ficando assim a observar cada expressão do Natsu. Desde as partes mais deprimentes do filme, até às partes mais intensas.

– Oh! – Ele gritou assim que cortaram o braço a uma soldado, o que me fez ter que abafar as gargalhadas. A cara dele estava demasiado engraçada!

O filme foi-se desenrolando e os meus olhos começaram a pesar. Não conseguia deixar de bocejar, por isso decidi ir dormir.

– Vou-me deitar. Até amanhã. – Disse-lhe, levantando-me e seguindo para a minha cama (o filme parecia já estar quase a terminar, por isso ele também já ia dormir daqui a nada).

Deitei-me na minha cama, aconcheguei-me e fechei os olhos à espera de adormecer. Mas não conseguia... Saber que o Natsu estava um pouco mais à frente deixava-me desconfortável. Espantava-me o sono.

Entretanto, as luzes da sala foram apagadas e o Natsu já estava no sofá, pronto para dormir (pelos vistos ele ia mesmo dormir em minha casa).

Passaram-se segundos, minutos. Já se tinha passado quase uma hora. Já devia ser 01h00, eu ainda estava de olhos abertos, a ver a Lua pela janela. Estava grande e redonda, e brilhava muito!

Depois de tanto tempo a olhar para a esfera gigante, o meu sono voltou, finalmente, e estava mesmo quase a adormecer. Mas eis que ouvi um barulho.

Assustei-me e abri os olhos, enquanto tentava ouvir mais qualquer coisa. Ouvi passos virem na minha direção.

Provavelmente o Natsu devia querer ir ao quarto de banho e fiquei mais descansada, mas momentos depois as minhas bochechas começaram a arder como sei lá o quê.

O rosado tinha levantado os meus lençóis e senti o seu corpo entrar na cama. Mas que raio é que ele estava a fazer?

Fiquei quieta na cama e fingi estar a dormir. Devia ser o melhor que tinha a fazer...

Tentei acalmar-me, mas era impossível. Tinha um rapaz que nem sequer sabia se podia considerar um amigo na mesma cama que eu, e o seu corpo aproximava-se cada vez mais do meu.

O Natsu colocou a sua mão à volta da minha cintura e juntou-se mais a mim, deixando assim o seu peito contra as minhas costas. O seu braço estava nu, e só aí é que percebi que ele estava sem camisola. Mas que raio?!

A respiração do rosado batia no meu pescoço e isso dáva-me arrepios, mas ele não se voltou a mexer.

Por incrível que parecesse, com o passar do tempo, e em vez de ficar ainda mais nervosa, tê-lo assim tão perto de mim deixou-me super calma. Parecia que estava numa espécie de nuvem (pronto, talvez nuvem seja um pouco exagerado para descrever o Natsu...).

Acho que as coisas entre mim e ele podiam funcionar. Talvez pudéssemos ser amigos. Podia ser possível. Com esforço, talvez conseguíssemos...

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