Capítulo 16 - Uma troca de jogo

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– Certo! Acho que por hoje já chega. – Disse a Levy enquanto pegava nas folhas dos guiões.

Deixei-me ficar no baloiço enquanto abanava os pés.

– Lucy... Podes vir aqui, por favor? – Pediu a baixinha uns segundos depois. Desci a escadaria e ela estava corada.

– De que precisas, Levy? – Perguntei à mesma.

– T-Tocas para mim, por favor? – Pediu ela, tão vermelha quanto um tomate.

– Claro! – Sorri.

Da primeira vez que encontrei o piano, ele estava escondido debaixo do palco, tal com toda a parte da orquestra, mas era possível subir a plataforma onde todos eles se encontravam e deixá-los ao nível do chão do palco, coisa que o Laxus tinha feito a meu pedido.

Sentei-me e vi que partituras havia por ali. Eram poucas, mas encontrei uma que se chamava "Unconver" da Zara Larsson.

Era uma música muito bonita, por isso resolvi tocar aquela. Ordenei as folhas e pelo canto do olho conseguia ver a Levy ansiosa para que eu tocasse, por isso, sem mais demoras, comecei a tocar. Ela embalava-se a ela própria e eu tentava ficar quieta no banco, sem me abanar.

Começaram a juntar-se mais pessoas à volta, e isso não me agradava. Ficava demasiado nervosa quando me estavam a ver tocar...

A Erza, o Gray, a Levy e o Gajeel estavam ali, todos a olhar para mim, o que me fez desconcentrar. Até o Gajeel aqui? Provavelmente devia estar à espera da Levy ou coisa do género, mas continuei a tocar.

Alguns segundos depois, o Natsu também se juntou a nós, o que me desconcentrou literalmente. Por sorte, consegui não me enganar.

– Toca qualquer coisa mais animada. – Pediu a Erza assim que acabei a música. Procurei nas folhas que estavam em cima do tampo do piano e encontrei a "Set Fire to the Rain", da Adele.

– Serve? – Perguntei-lhe, mostrando a folha, ao qual ela respondeu afirmativamente com a cabeça.

Comecei a tocar e confeso que a música ficava bem diferente do original, quando era só tocada com piano.

Enquanto tocava, alguém pôs a mão no meu ombro, o que me fez saltar. Mas não parei de tocar.

– Calma. – Disse o Sting, a rir-se. O Rogue apareceu a seguir e juntou-se aos outros, empoleirando-se no piano. Sacudi a mão do Sting do meu ombro com um movimento brusco. Aquilo estava a desconcentrar-me e parecia que não me podia mexer.

Enquanto trocava uma das páginas, pude ver o olhar do Natsu: ele estava focado no Sting, e podia apostar que já nem sequer estava a ouvir a música. A Erza olhava discretamente para eles os dois enquanto tentava adivinhar qual deles é que ia mandar a primeira boca. De facto, aquele ambiente não estava nada bom, por isso aprecei-me para finalizar a música, o que os faria acabar com aquele jogo de olhares.

– Pronto, já está. – Disse, fechando o piano.

– Oh, toca só mais uma. – Pediu a Levy com beicinho.

Troquei um olhar cumplice com a Erza, que me dizia claramente "Não toques. Temos de separar estes dois.", por isso tive que prometer à Levy que amanhã à noite, depois de todos se irem embora da festa, tocava para ela todas as músicas que ela quisesse.

– Bem, e então? Vamos jantar todos juntos, como combinado? – Perguntou o Gajeel, já com água na boca.

– Não. Nós não. – Disse de rajada o Sting, puxando-me para ele.

– Eu e a Lucy já temos planos. – Continuou ele enquanto me agarrava.

– Ai temos? – Questionei. Claramente, aquilo era uma cena de ciúmes...

– Temos, pois. Bem... Até amanhã, pessoal! – Ele despediu-se enquanto me puxava para fora do Salão de Festas.

O mesmo levou-me até ao pátio, e quando vi que não havia ninguém por perto, explodi.

– O que foi isto? – Resmunguei.

– Isto o quê? – Perguntou ele, claramente a fazer de mim burra.

– "Temos planos?" – Repeti o que ele tinha dito lá dentro.

– Sim, temos. – Confirmou ele.

– Só que tu não sabes quais são. – Continuou.

– Nem eu... – Finalizou ele, esfregando a parte de trás da cabeça e fazendo inevitavelmente a minha raiva aumentar.

– Eu quero ir jantar com eles. – Disse-lhe, cruzando os braços.

Fiquei à espera de uma resposta, mas em vez disso, ele agarrou-me e beijou-me.

Sinceramente... Estava farta desta atitude. Sempre que discutíamos ele calava-me com um beijo...

Tentei soltar-me dele, mas a única coisa que consegui foi fazê-lo apertar-me ainda mais contra o seu peito. Acabei por ceder e fiz-lhe uma festinha na bochecha enquanto me desfazia nos seus braços. Podia ficar ali durante as próximas horas, mas o resto do pessoal aproximou-se e ele acabou por me largar.

Vi a cara de raiva que o Natsu me lançou, mas ignorei-o para ele perceber que ainda estava chateada com aquilo que ele me tinha dito.

– Vocês voltaram-se a beijar? – Perguntou o Sting com uma voz séria.

– O quê? Quem? Eu e o Natsu? Não! Claro que não! – Menti o melhor que pude. Acho que ele acreditou porque sorriu para mim.

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