Para alguns de nós é difícil ver os primeiros cabelos brancos e a pele que, bem lentamente, começa a ficar flácida. Muitos começam a olhar para traz pensando em tudo o que não fizeram ou não tiveram e em todas as vezes que quebraram a cara. Há tantos que querem voltar no tempo. Alguns fariam diferente, outros batem no peito dizendo que não se arrependem de nada. Sempre achei essa última frase meio suspeita, mas enfim... É certo que vida adulta não necessariamente significa maturidade, e vice-versa. Há muitas crianças maduras e muitos adultos imaturos. Mas há algo bom a ser treinado. Chama-se "filtro". Podemos filtrar em nossa história de vida as experiências boas, deixando cair as ruins.
Para as ruins, perdoe o outro, perdoe a si mesmo, peça perdão, esqueça e apague. Parece difícil ou impossível, eu sei. Mas muitas vezes as lembranças desagradáveis não são apagadas porque, inconscientemente, continuamos a reescrevê-las em nossa mente e jogamos fora, dia após dia, as borrachas que aparecem pelo caminho.
Para as boas, reforce, se possível repita, ria sozinho, alimente uma saudade saudável que não dói e não te prende no passado. Somente uma voz que agradece por ter vivido tudo aquilo, uma convicção de ser privilegiado, agraciado.
É possível viver muito em pouco tempo ou pouco em muito tempo. Mas algo bom que a vida traz é a prova do quanto você é mais forte do que pensava ser. Quantos desafios vencidos? E você achava que não suportaria!
De repente você olha para si mesmo e pensa: "sobrevivi". Pois é, a criança cresceu. E isso pode ser muito bom, também.
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Erradores - pensando nossa condição
PoesíaComo alguém ousa propor que sejamos perfeitos? Errar é tão natural quanto respirar. Você até consegue prender o fôlego, mas não por muito tempo e não sem angustiante esforço. As falhas estão marcadas no nosso código genético tanto quanto nossas car...