Então ela pensa, não mais que de repente:
- Faz tanto tempo... Eu não sei mais fazer isso.
- Aí é que está. Quem disse que foi você? Era Deus em você, através de você.
Inconformada, retruca:
- Acabou. O poço secou. De onde vinha não tem mais nada. Vazio. Silêncio. Pânico. Uma criança assustada, com medo do bicho papão, do velho do saco ou do que quer que as crianças de hoje em dia temam.
- De onde estou a visão é outra. Uma semente escondida na terra. Sensível a qualquer adubo ou gotas de água lançadas, pronta para brotar. Primeiro pequenas folhas, tímidas, aparentemente frágeis. Quando menos esperar, apenas algumas primaveras depois, é tão linda e imponente a árvore que se dará! Caudalosa, vasta copa, mui alta e provedora de sombra e frutos.
- Você enxerga as coisas de um jeito bonito, moço. Ingênuo, até.
- Discordo. Eu apenas vejo de cima, de andares elevados. Meu alcance é muito maior que o seu e tenho informações privilegiadas. Sinceramente, acho que devia confiar em mim. O que o olho não viu, o ouvido não ouviu e nunca chegou ao coração de ser humano algum, é o que tenho preparado para você.
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Erradores - pensando nossa condição
PoésieComo alguém ousa propor que sejamos perfeitos? Errar é tão natural quanto respirar. Você até consegue prender o fôlego, mas não por muito tempo e não sem angustiante esforço. As falhas estão marcadas no nosso código genético tanto quanto nossas car...
