v i n t e e s e i s

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[sem revisão]

A n g e l / L i g h t

Depois de sair daquela sala sufocante com presenças incômodas, me dirigi ao quarto em que estou ficando com o intuito de ficar minimamente em paz.

Mas, a alegria do pensamento de ficar só, durou pouco. Eu estava esquecendo de um pequeno detalhe...

Assim que abri a porta do quarto, me deparei com outra presença desagradável, caindo por terra todas minhas esperanças de ficar em paz.

O pirralho.

Ele me acompanhou com seu olhar incômodo até o momento em que me joguei na cama disposta no canto oposto da cama em que ele estava. Mesmo com o rosto enfiado sobre o travesseiro, consegui sentir o seu olhar curioso sobre mim.

— Que merda você tá olhando? – Resmunguei sobre o travesseiro fazendo com que minha voz saisse abafada.

Passou-se minutos de silêncio sem qualquer resposta, até que me irritei com sua persistência.

— O que você quer? – Retirei o rosto do travesseiro, encarando-o sem paciência.

Ele desviou o olhar e soltou um suspiro pesado, apoiando-se sobre seus joelhos e mirando algum canto aleatório do quarto.

— Nada. – Ele murmurou. Depois de alguns segundos, ele abriu a boca novamente: — Se eu te perguntar onde você estava, vai me responder? – Dirigiu seu olhar curioso para mim.

— Não.

— Imaginei. – Akira remexeu seus dedos de forma inquieta. — Sabe... eu não gosto daqui. Na verdade, eu não sou acostumado a ficar fora de casa em um lugar com pessoas estranhas. Minha mãe e eu viviamos preso dentro de casa, então a gente não tinha muito contato com ninguém... – Ele parou de falar, tornando-se sombrio. — Eu queria voltar para casa. Mas, ela não existe mais. – O garoto susurrou tristemente.

Pisquei lentamente, sustentando seu olhar por longos segundos. Se eu não o responder, ele vai continuar com seu monólogo, certo?

Vamos acabar logo com isso.

— E então? – O incentivei. Akira me olhou de forma interrogativa, parecendo incerto sobre o que dizer. — O que quer fazer? – Esclareci.

Se ele quer sair daqui, tudo bem. Não irei o impedir. Porém, ele estará por conta própria.

— Eu não sei. Eu não tenho qualquer lugar para voltar, ou alguém para esperar por mim. Todos pensam que estou morto e se eu saisse daqui, acho que eu não iria conseguir sobreviver por muito tempo. – Ele solta uma risada amarga. — Parte de mim quer desistir, mas a outra quer sobreviver para vingar minha mãe. Fazer com que paguem pelo que fizeram com nós.

Vingança, hm?

É uma boa motivação para viver. Mas, ele realmente será capaz de conviver com esse sentimento de merda por tanto tempo sem enlouquecer?

Quero dizer, pode ser combustão para que consiga alcançar seus objetivos, a raiva e o ódio por algo ou alguém pode fazer-lhe conquistar coisas impossíveis sem determinada motivação, mas ao mesmo tempo que pode oferecer satisfação momentânea, também pode te prender e fazer você se perder em seu próprio inferno pessoal que criou ao se afastar de tudo e todos apenas para conquistar seu objetivo.

Raiva, remorso, desprezo, nojo, ódio, são sentimentos que podem fazer você se distanciar de qualquer emoção positiva que algum dia existiu em você. O único resultado possível de todo esse ciclo de merda é a destruição. A possível destruição do seu alvo e seu objetivo sendo concluído ao mesmo tempo que destrói qualquer chance de viver normalmente em um ambiente agradável, iluminado e rodeado por pessoas que lhe estimem. A solidão e escuridão são as únicas coisas que acompanham todos esses sentimentos. Ninguém quer ficar perto de uma pessoa consumida pelo ódio. É algo pesado e cansativo. Inevitavelmente, as pessoas irão se afastar de você, que ficará trancado em sua própria prisão que criou para que ninguém pudesse distrair-lhe de seu objetivo.

Angel of the Death - Redemption MCOnde histórias criam vida. Descubra agora