t r i n t a e s e i s

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SEM REVISÃO

A N G E L / L I G H T

— E o chefinho? – indaguei, recostando-me na mesa de madeira velha, prevendo o momento em que ela iria ceder. Considerando seu estado, acho que até mesmo um grão de poeira é capaz de quebrar esse lixo. Jake apenas dirigiu-me um olhar rápido, voltando a teclar habilidosamente. — É sua hora de cumprir sua parte do acordo, não acha?

— Ele está quieto. – Um suspiro irritadiço escapou de seus lábios ao escutar o ruído da madeira em que eu estava apoiada. — Essa merda vai quebrar, Light. Saia daí.

Afastei-me sem relutância, não querendo prolongar meu tempo naquela cabana caso eu atrapalhasse Jake, mantendo proximidade o suficiente para ser capaz de observar o que ele fazia.

No momento, o homem estava preenchendo os dados necessários para a inscrição do clube, logo após eu informar todas minhas medidas. A parte financeira sairá de seu bolso, afinal, quem é o maior interessado em algo daquele lugar, é ele.

Bom, não que fosse qualquer sacrifício para mim. Aquela quantia não é nada perto de tudo o que acumulei em minha conta bancária. Eu poderia fazer parte daquela merda o resto de minha vida, e até mesmo pelas próximas gerações, caso eu resuscitasse.

Comecei a acumular dinheiro desde que me entendo por assassina, ganhando exorbitante quantias de dinheiro a cada missão bem sucedida. O montante em minha conta não é realmente bem aproveitado por mim, sendo usado apenas pelo meu gosto por armas e motos. De resto, não tenho muita utilidade para toda a quantia acumulada por mim.

De qualquer forma, enviar pessoas ao inferno pode ser uma merda realmente lucrativa.

Não acho que seja ao contrário no caso de Jake. Mesmo sem pertencer a organização por tempo igual ao meu, posso ter certeza que o valor da taxa de inscrição não irá fazer a mísera diferença em seu bolso. O homem é um dos melhores assassinos daquela organização, completando suas missões com maestria e rapidez – suponho que seja para ganhar a confiança de Albert.

— Quieto? – Semicerrei meu olhar para o homem, desconfiando do absurdo dito. — Quietude não é algo que combina com aquela mente maligna, Jake.

Ele deu de ombros.

— Bom, ao menos externamente, ele não parece estar planejando nada. Age com normalidade trancado em seu escritório, como sempre fez, saindo apenas em momentos raros. – Seus dedos ágeis param de teclar e ele gira o rosto em minha direção. — Falando nisso... Sempre tive curiosidade em uma coisa. Além dos momentos em que ele se dá ao trabalho de realizar pessoalmente as missões quando... – Jake balança a mão em um gesto de descaso. — Enfim, você sabe... Quando o contratante é de extrema importância e a presença de Albert é necessária, há um outro momento em que ele se retira daquele escritório em que passa a maior parte enfurnado... Um lugar onde não fui capaz de descobrir porque se eu o seguisse mais além, minha presença iria ser descoberta... Você sabe, não sabe? – O tom inquisitivo e olhar afiado do homem requisitam uma resposta minha. — Para onde ele vai?

O fato de Jake saber o destino das saídas não tão convencionais de Albert me faz levantar uma suspeita.

Claro, é óbvio para todos daquela organização que aquele maníaco vivia trancado em seu escritório planejando subornar metade da cidade inteira e expandindo ainda mais seu poder pelo submundo do crime – sem esquecer, é claro, dos momentos em que estava ocupado me torturando. Toda essa inércia chamava uma atenção desnecessária quando o mesmo resolvia dar as caras e botar seu límpido e fresco rosto para receber um ar puro que não fosse aquele característico ar de morte predominante naquele cômodo macabro.

Angel of the Death - Redemption MCOnde histórias criam vida. Descubra agora