v i n t e e s e t e

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A n g e l / L i g h t

Elevo lentamente minha cabeça levando meu olhar ao ser humano corajoso o suficiente para me agarrar dessa maneira, apresentando-se em minha visão, profundos olhos negros tomados por intensa insatisfação. O homem que acredito ser chamado por Hell, me encara como se minha presença fosse indesejada e problemática, e seu aperto forte – mas não o suficiente para machucar – em meu braço, contribui em conjunto para revelar sua impaciência ao ter que lidar comigo.

A grande quantidade de álcool presente em meu sangue parece fazer com que minha consciência quase bêbada leve tempo demais para processar que o maldito teve a ousadia de me tocar sem a minha permissão.

— Ah, que inferno. – Murmurei irritada. — Sério? Você de novo? – Minhas palavras sairam emboladas por conta de minha embriaguez, mas expressaram claramente minha insatisfação ao ter que lidar novamente com esse homem.

— Acredite, boneca – o adjetivo patético saiu com certa ironia e irritação de sua boca — Eu não estaria aqui, lidando com uma bêbada de merda, quando eu poderia estar fodendo e me divertindo como todos os outros, se não fosse realmente necessário.

— E quem pediu que fizesse essa merda? – Minha expressão de puro desgosto e resposta ácida parece irritá-lo, que deixa escapar um riso descrente.

Ele murmura algo inaudível, pressionando seus olhos parecendo buscar paciência.

— Chega. Você já fez bagunça demais. – O maldito tenta me arrastar, mas antes que ele consiga fazer isso, agarro o balcão de madeira ao meu lado, fincando os pés no chão com mais força, evitando que ele me carregue.

— Que merda você pensa que está fazendo? – encaro sua mão em meu braço, presa por seu aperto firme. — Tira essa mão de mim. Agora. – Ordeno de forma clara e lenta, subentendendo uma ameaça caso não atenda minha ordem.

Poucas coisas me irritam.

Socializar com pessoas incômodas é uma delas. Aliás, socializar – como um todo – tira a minha paciência. Não sou exatamente a melhor pessoa para se relacionar seja qual for o ambiente em que estou inserida.

Dá trabalho, e é um saco. Se você responder de maneira que consideram grosseria, as pessoas irão te encarar com maus olhos. Supostamente irão se sentir "feridas" e despejarão toda sua merda em cima de você.

O problema é justamente esse: eu não tenho tato para decifrar o que seria considerado rude, grosseiro, incômodo e todas essas merdas. Não sei se mencionei antes, mas o ambiente em que cresci é uma merda.

Grande novidade.

Acho que um lugar onde a violência, sangue, morte, rancor, desespero e ódio é altamente predominante, não poderia me ensinar gentileza, sensibilidade, amor e sentimentos que supostamente seriam ideais em um ciclo de relacionamentos.

É. Definitivamente, não. Minha habilidade de socialização é quase zero. Ou melhor, zero. Uma merda. Eu não sei viver em sociedade.

Eu poderia me esforçar para construir um bom relacionamento com as pessoas? Sim. Eu quero isso? Não. Logo, eu não me importo.

Não dou a mínima para sentimentos alheios; para mim, o que importa são os meus próprios sentimentos, metas e objetivos. Se eu precisar ferir o psicológico de alguém, ou até mesmo o físico para conseguir o que quero, irei fazê-lo. Como dito anteriormente, eu não me importo. Minha lista de pecados é suficientemente grande para me fazer descer de tobogã sem qualquer chance de explicação ou redenção, ao inferno.

Angel of the Death - Redemption MCOnde histórias criam vida. Descubra agora