d o i s

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A n g e l / L i g h t

Enquanto eu ando pelo corredor da morte — o corredor que me leva à sala de Albert — assobio tranquilamente enquanto passo por meus companheiros da organização. Uns estavam treinando, outros ocupados em suas respectivas missões, e alguns somente atoa.

Os cômodos eram separados por uma parede de vidro, com salas e equipamentos para que pudessemos aprimorar nossas habilidades, salas para discutirmos e debatermos sobre nossas missões e salas com equipamentos médicos para emergências onde caso um de nós voltassemos machucados. Podemos ver tudo o que acontece nos mesmos. O que fazia um contraste e se distinguia de tudo era o escritório de Albert. Ninguém sabia o que acontecia lá dentro. Era totalmente sigiloso e revestido para que nenhum som escapasse. Provavelmente era por isso que todos ficavam curioso a respeito do porquê quase todos os dias — sem contar os dias que eu estava fora por conta de missões — eu estava lá.

Tortura.

Era somente esse o motivo de eu ir lá todos os dias.

Bom, vamos começar do começo, certo?

Aparentemente, meu gentil e amável chefe, achou uma boa idéia torturar incansavelmente uma garota de apenas nove anos.

Albert era um desgraçado, que conseguiu tirar tudo de bom que existia em mim. Eu não tinha mais nada. Apenas a dor para me manter presa ao que me restava da minha sanidade. O motivo — segundo ele — era o pai aparentemente fodido que decidiu me entregar à toda essa merda. Albert apenas me disse que eu era um fardo para meu pai e que o mesmo me odiava... Não questionava mas também não acreditava 100% no que Albert dizia. Apesar de não ter muitas memórias de quando eu era criança — por conta da lavagem cerebral que o desgraçado me fez — por vezes flashes surgiam em minha mente de quando eu era uma criança aparentemente amada por meus pais.

Não sabia se meu cérebro estava apenas tentando me pregar peças ou se realmente existiu uma versão de mim que pudesse ser amada por meus pais.

Apenas leve esse lixo, esse demônio matou a sua própria mãe no parto e ainda sim, ousa me olhar com esses olhos pedindo por carinho. Em troca do que eu devo a você, leve-a e faça o que quiser com essa pirralha. Eu não me importo com ela, apenas a odeio. Odeio desde o momento em que a minha esposa morta decidiu salvar esse lixo ao invés de si. — Segundo Albert, foi o que meu pai disse ao me entregar.

De qualquer forma, ainda mantenho um ódio por meu pai. Ódio pelo canalha ter me deixado nessa situação, e por tudo o que me fizeram. Mas esses flashes ainda me intrigam, e antes matar meu pai, irei tirar toda essa história a limpo. Por isso, ando investigando — sem que Albert saiba — como chegar ao meu pai. Obviamente, não tenho tido muito sucesso, afinal, sei pouca coisa sobre ele, e não faço a mínima idéia por onde começar. Preciso invadir o escritório de Albert, para tentar conseguir pistas e alcançar o paradeiro do meu progenitor. É uma atitude arriscada — considerando o fato de que se Albert me pegar em seu escritório, vasculhando seus documentos, irei perder a cabeça — mas não me importo. Preciso encarar todos os riscos e tirar essa história a limpo, para finalmente poder me livrar de toda essa merda.

Fim. Essa foi a tocante e emocionante história de como cheguei aqui.

Eu raramente sinto alguma emoção, mas uma coisa eu posso afirmar — com toda certeza — que sinto. Sinto ódio. Um ódio profundo por meu pai, que decidiu abandonar a própria filha para morrer, e por Albert. O desgraçado que foi o responsável por todo o inferno que passei todos esses anos.

Angel of the Death - Redemption MCOnde histórias criam vida. Descubra agora