Beautiful Stranger

capítulo nove

verão de 2013

Se havia alguém que sabia fazer uma festa era Kessie Tarasova.

Como um piquenique noturno, Kessie colocou algumas toalhas na areia, com várias comidas e bebidas, além de lâmpadas em formato de concha para iluminar e decorar, e caixas de som para tocar músicas animadas. Não apenas os jovens do hotel foram convidados, como alguns outros da vizinhança que frequentavam a mesma praia e colegas de escola dos Tarasova. Henry, por outro lado, foi quem trouxe jogos, e Dimitri, obviamente, ficou responsável pela parte alcoólica. Naquela noite, a praia estava lotada, e, se eu não soubesse que os irmãos filhos do dono do hotel fariam de tudo para me deixar confortável, eu provavelmente nem iria.

Para aquela ocasião, eu estava usando uma blusa azul pastel e shorts jeans de cintura alta. Porém, quando cheguei lá, supus que estivesse arrumada demais, pois a maioria trajava roupas de banho, ou, no caso dos homens, nem usava nada além de um bermudão. Kessie se ofereceu para me emprestar um biquíni, mas eu gentilmente recusei. Não porque eu achava errado expor o corpo, pelo contrário. Eu queria ter a confiança para fazer aquilo. Mas não conseguia. Não quando tudo que eu faria seria me comparar com os corpos dos outros, achando nada além de defeitos no meu.

Aquela festa acabou sendo extremamente divertida. Em parte, porque o irmão dos gêmeos, Dimitri — o rapaz de olhos azuis e cabelos escuros que me estava me ensinando a surfar enquanto eu o ensinava a tocar violão —, não me abandonara em nenhum segundo da noite. Eu nem precisei pedir. Ele já sabia que eu me sentiria mal e desconfortável se ficasse sozinha ou se fosse deixada de lado em meio àquele mar de extrovertidos festejando, e, por isso, fez questão de ficar ao meu lado durante toda a festa. Mas não de um jeito possessivo ou controlador, não. Dimitri ficou ao meu lado para me deixar confortável o suficiente para adquirir confiança própria para interagir.

Ele me apresentou aos seus amigos da escola, e todos foram muito gentis. Nós rimos, conversamos, até dancei com alguns deles, e depois conseguiram me convencer a beber com eles. Eu acabei cuspindo tudo de volta no copo, pois odiei o gosto, mas eles celebraram a minha tentativa mesmo assim. Também conhecemos pessoas novas, inclusive uma garota que estava hospedada no hotel e era de Miami, assim como eu. Foi Dimitri quem inciou a conversa, mas acabei ficando tão envolvida que nem percebi quando ele se afastou um pouco.

Eu nunca me sentira tão sociável em toda a minha vida.

Aos poucos, as pessoas começaram a ir embora. Um a um, a praia antes vibrante e animada, começou a esvaziar. Alguns iam para a casa uns dos outros, outros tinham toque de recolher em casa, e alguns simplesmente estavam bêbados demais para ficar de pé. Até que, no auge da madrugada, restaram apenas eu, os irmãos Tarasova e Aaron Hopkins. Embalados pelo clima noturno e brisa amena de verão, nos sentamos numa das toalhas de piquenique, cada um de nós cobertos por um lençol. Nossas conversas nem mais faziam sentido, mas apenas a presença um do outro era suficiente para arrancar gargalhadas espontâneas e tornar aquele fim de festa acolhedor e divertido.

— Então, eu olhei para trás, e ele estava pegando fogo! — gargalhava Kessie ao contar uma história.

— Eu não acredito! — exclamei, rindo incontrolavelmente. — Você realmente colocou fogo no cabelo na aula de química?

— Em minha defesa, era um experimento. — disse Aaron. O loiro estava sentado ao lado do namorado, os dois dividiam um lençol. — Mas ainda tem uma falha no meu cabelo até hoje por causa disso. — completou, passando a mão no cabelo envergonhadamente.

— Bem, eu adoro seu cabelo desse jeito. — Henry sorriu para ele.

— Do jeito que estou vendo o andar da situação, vamos ter que arranjar um quarto para esses dois. — zombou Dimitri, fazendo o irmão empurrá-lo levemente. — Ei, isso foi completamente desnecessário. — falou, fingindo drama.