Beautiful Stranger

capítulo treze

Eu nunca funcionei muito bem sob pressão.

Por isso, eu sempre ficava nervosa quando fazia uma prova, mesmo que eu tivesse passado a semana toda estudando o assunto até não aguentar mais. Também foi por isso que quase não consegui aquele emprego na galeria de artes, e por isso que fugi no dia do meu primeiro beijo — mas aquela era uma história para outro dia. Outro detalhe muito importante, era que eu e pressão não sermos boas amigas era o motivo de eu nunca ter aprendido a dirigir. Simplesmente porque eu congelava com o volante em minha frente, em meio às ruas perigosas e agitadas; e ninguém nunca teve paciência o suficiente para tentar.

Meu pai... Ele me ensinou por um tempo até... Até tudo acontecer. Já em São Francisco, eu não tinha dinheiro para pagar um instrutor, e eu não perturbaria minha melhor amiga, Naira Patel, para pedir-lhe que me ensinasse. E como meu noivo, Nikolai, supunha que eu não precisava dirigir porque tínhamos motorista... Eu acabei nunca aprendendo.

Mal sabia eu que aquilo se tornaria um problema.

Naquele dia, quando Dimitri Tarasova e eu encontramos meu antigo chefe da galeria, Michael Connor, jogado no chão, caído em seu escritório, a primeira reação do rapaz de olhos azuis foi correr para ajudá-lo, enquanto eu paralisei. Como se assistisse à cena pelos olhos de outra pessoa, eu congelei numa expressão de preocupação, sem saber o que fazer. Observei Dimitri ajeitar o corpo inerte de Michael para que se deitasse de barriga para cima, se ajoelhando ao seu lado, e depois checar seus pulsos e seu pescoço, em busca de batimentos cardíacos.

— Por Deus, ele está sem pulsação. — murmurou Dimitri, com os olhos arregalados. Vi, em seguida, ele posicionar o dedo indicador perto das narinas, e a expressão de nervosismo em sua face apenas intensificou. — Merda! Ele também não está respirando.

Minhas mãos suavam frio enquanto testemunhei Dimitri tirar seu sobretudo às pressas, e arregaçar as mangas da camisa de botão, antes de colocar uma mão sobre a outra e as posicionar no meio do peito de Michael, na altura dos mamilos. Eu estava admirada com a rapidez em que Dimitri reagiu, e me sentia inútil por não conseguir ajudar em nada. Com os braços esticados, ele imediatamente começou a fazer pressão contra o peito do meu antigo chefe, descendo e subindo sua caixa torácica num movimento repetido e incessante.

— Elaine, chame uma ambulância! — escutei o jovem Tarasova exclamar, mas sua voz soava longínqua, distante. Mantive-me imóvel, olhos arregalados diante da cena. — Elaine! — a segunda vez que ele chamou meu nome me fez sair do transe. Olhei nos seus olhos, e engoli seco.

— Desculpe, eu...

— Não se desculpe, está tudo bem. Apenas respire, mantenha a calma e chame uma ambulância o mais rápido possível, está bem? Sei que pode fazer isso para mim. — pediu ele, num tom delicado e gentil, reafirmando-me com seu olhar.

Assenti, e imediatamente corri para fora. Meu celular estava na caixa de papelão com meus pertences, e como não tinha tempo de procurar, apenas joguei tudo no chão. Uma vez com o celular na mão, disquei o número o mais rápido possível.

— Olá, você ligou para 911, qual a sua emergência? — escutei a voz de uma mulher falar do outro lado da linha.

— Oi, hum... — respirei fundo, tentando manter a calma como Dimitri me dissera. Eu precisava. Precisava manter a calma se quisesse ajudar Michael. — Tem um homem aqui, o coração dele parou, acho que ele está tendo um ataque cardíaco. Meu amigo está fazendo massagem cardíaca nele.

— Está bem, me diga seu endereço para enviarmos uma ambulância e o nome do paciente? — pediu ela, e eu rapidamente murmurei o local onde estávamos e o nome de Michael. — Senhorita, receio que nossa ambulância demorará mais de vinte minutos para chegar aí. Isso significa que alguém precisará levá-lo ao hospital mais próximo, isso é possível?