capítulo dezenove

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kessie

Em alta velocidade, a bala disparada cortou o ar diante de nós e foi direto para o homem caído no chão, atravessando impiedosamente o meio da testa de Zachriel Meyer.

Sangue espirrou para a parede do beco atrás de Meyer, enquanto seu tronco despencava no chão, totalmente inerte. Morto. Meyer estava morto.

Foi tudo muito rápido. A bala veio de algum ponto não identificado no alto de alguma das várias edificações diante de nós; o atirador devia estar em algum deles. No minuto em que escutamos o disparo, Dimitri gritou para nos escondermos. Eu e ele corremos para trás de uma caçamba de lixo, enquanto Celine e Henry se esconderam atrás da porta aberta da boate. O disparo contra Meyer foi apenas o primeiro; começaram a atirar em nossa direção, inúmeros disparos, um atrás do outro. Era um tiroteio, e eles tinham mais de um atirador.

Nem tivemos tempo para raciocinar o que estava acontecendo; nossos corpos reagiram em automático, sacando as nossas armas escondidas em nossas vestes. Peguei a pistola prateada que Celine me dera e, com o coração batendo tão forte quanto o som dos tiros, não hesitei ao começar a atirar de volta, na direção em que as balas vinham. Mas eles, quem quer que fossem, tinham uma metralhadora, e toda a vez que decidiam usá-la tínhamos que nos abaixar para não ser atingidos.

Havia buracos de bala para todo o lado. Aquele tiroteio estava fazendo um estrago e tanto. Ao tentar procurar um ponto específico para atirar, acabei reparando num homem debruçado em uma janela aberta, com uma arma apontada para nós. Estava muito longe, mas um tiro certeiro bastaria. E assim fiz. Mirei em sua cabeça, e atirei. O homem caiu para trás, desaparecendo dentro do cômodo onde estava. Sorri para mim mesma, sentindo-me vitoriosa, mas a sensação não durou muito, pois logo escutei Celine gritar:

Merda, Kessie! Cuidado!

Eu tinha me distraído tentando atirar naquele homem que nem percebi quando começaram a mirar em mim. Tão veloz quanto a luz, a bala veio em minha direção, mas Celine pulou em cima de mim, fazendo com que caíssemos naquele chão frio e áspero e desviando-me da mira do disparo. Eu saí ilesa, com exceção de alguns arranhões, mas Celine nem tanto. Quando pulara, a bala acabou passando de raspão pelo seu braço. Escutei ela grunhir de dor quando aterrissamos, e não pensei duas vezes quando rasguei um pedaço do meu vestido para fazer uma atadura improvisada para seu ferimento.

Nossos homens chegaram a tempo. Todos vestidos com ternos totalmente pretos que os escondiam na calada da noite e com nossas próprias metralhadoras em mãos. Eles se posicionaram à nossa frente e começaram a atirar sem oscilar.

— Matem todos. — disse Henry, mas Dimitri o corrigiu:

— Não. Eu quero um deles vivo. — ordenou ele, ficando-se de pé e ajudando eu e Celine a nos levantarmos.

— Eu vou. — afirmou Celine, convicta. Se ela sentia alguma dor agonizante, não deixava demonstrar em suas feições impassíveis.

— Mas você está ferida! — tentei protestar, mas ela estava marchando com determinação em direção ao tiroteio.

— Movam-se! — exigiu Celine, e nossos homens imediatamente abriram passagem para ela correr atrás do único homem que restaria vivo.

— Quero três homens atrás dela. Não a deixem morrer e não morram. — disse eu para qualquer um que estivesse ouvindo. — Vão! Depressa!

Escutando as minhas ordens, três dos nossos homens disparam para servir de auxílio à chefe de segurança. Restando agora apenas o único homem que sobrevivera aos nossos tiros, as metralhadoras cessaram, e eu senti como se finalmente pudesse voltar a respirar.

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