Beautiful Stranger

capítulo quarenta e nove

kessie

Um casamento de inverno, realmente.

A cerimônia aconteceria num salão com formato de celeiro. O caminho até o altar fora decorado com um longo tapete branco, e os bancos de madeira ao redor possuíam, ao lado, pequenas e delicadas plantas num tom verde-escuro repletas de velas cobrindo-as. Do teto, flocos de gelo falsos — que, na realidade, eram lâmpadas — caíam por todo lugar, pendurados por fios prateados — na luz, tinha-se a verdadeira impressão que estávamos no meio de uma tempestade de neve, mesmo que esse tipo de clima não fosse comum em São Francisco.

O altar onde o cerimonialista já se preparava para celebrar o casamento fora decorado com um belíssimo arco daquelas mesmas plantas verde-escuras e inúmeras flores brancas. Era um belo contraste que, unindo-se ao marrom da madeira que constituía o celeiro, dava ao local uma atmosfera rústica e, ao mesmo tempo, excepcionalmente elegante. 

A festa, por outro lado, seria ao ar livre. Coberta por uma tenda pelo risco de chuva, a área da festa possuía inúmeras mesas redondas ao redor, todas decoradas com tons de branco, verde-escuro e marrom, para manter aquela aparência rústica. Uma grande estátua de Nikolai e Elaine feita de gelo decorava o centro, e a pista de dança ficava ao redor. A estátua obviamente fora ideia minha, mas estava começando a pensar que não fora tão inteligente assim, visto que estava derretendo. Eu só torcia para que ela durasse até o fim da festa.

Ao lado da tenta, uma pista de gelo fora instalada. Outra ideia minha. Um pouco exagerado? Talvez. Contudo, para mim, tudo era pouco quando se tratava de festas. Esse era provavelmente o maior casamento do ano, do meu irmão e de uma grande amiga minha, eles mereciam nada além de decoração única, espetacular e inesquecível. E, para ser sincera, eu adorava exagerar.

Eu estava verificando os últimos detalhes com a moça contratada por Nikolai para organizar a festa — acabamos organizando juntas, na verdade. A dor de cabeça pela ressaca da noite anterior mal me deixava pensar, mas não havia nada que algumas aspirinas não resolvessem. Eu ia de um lado para o outro, dando ordens à quem eu via e checando se tudo estava certo. Tudo tinha que estar certo. Porque eram aqueles momentos que eu queria me lembrar. Não as guerras, as mortes, as mentiras e tudo de ilegal que fizemos nossa vida toda. E sim daqueles momentos felizes. Momentos em que tudo em que eu precisava me preocupar era com quais convidados não poderiam comer camarão, e não com armas apontadas na minha cabeça. Normalidade, pelo menos por um dia.

— Não, não, não! O bolo não pode sair da geladeira ainda, ou ele vai derreter! — eu dizia para alguém quando, de repente, escutei o primeiro carro chegar. Um veículo estiloso e preto que só poderia pertencer ao meu irmão exibido. Me direcionei ao carro, um largo sorriso despontando dos meus lábios. — Finalmente!

— Uma lady nunca se atrasa, os outros que estão cedo demais.

Meu coração se encheu de alegria ao ver minha mãe sair do banco de trás, um dos seguranças a ajudando a descer. Ela acenou para eles em agradecimento e imediatamente veio me abraçar.

— Senti saudades, mãe. — murmurei.

— Eu também, querida. — disse ela, acarinhando meu rosto. Passávamos tanto tempo longe que cada reencontro não deixava de ser emocionante.

Meus irmãos, Dimitri e Henry saíram do carro logo em seguida. Ambos com ternos pretos, este com uma gravata verde, e aquele com uma azul-escuro, exatamente como eu pedira que fizessem. Eu, por outro lado, usava um vestido curto e dourado — mas sem brilhos —, com uma saia rodada e decote que valorizava meus seios. Fiz questão de colocar longos brincos para combinar, e uma típica flor decorando meus cabelos crespos. Meus irmãos estavam quase tão elegantes e pomposos quanto eu, mas nenhum de nós juntos poderíamos combater a minha mãe, que era o luxo em pessoa.