capítulo bônus

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esse capítulo acontece no meio do capítulo anterior (vinte e nove) e foi feito especialmente para os leitores de "o pai do meu filho" e "a mãe do meu filho" (inclusive, contém spoilers!) espero que gostem :)

Eu estava admirando a Mona Lisa.

Seu sorriso enigmático, a expressão serena. O modo como Leonardo Da Vinci buscou retratar a harmonia entre o humano e a natureza. Era lindo, definitivamente.

Estava admirando aquela pintura enquanto Dimitri falava ao rapidamente telefone sobre algo importante com Celine, quando senti alguém cutucar minha perna. Sim, minha perna. Olhei para baixo. Uma criança. Bem pequena, devia ter no máximo quatro anos. Era uma menina, numa linda menininha de pele negra e cabelos cacheados presos no topo da cabeça com um lacinho colorido.

— Eu gostei da sua blusa. — disse ela, apontando para meu tronco. Um sorriso divertido e despreocupado despontava dos seus lábios, certamente era uma criança extrovertida.

Não pude deixar de sorrir.

— Muito obrigada! — falei, me ajoelhando para ficar na altura dela. — Eu amei sua roupa também, você é muito estilosa.

— Eu sei, minha mãe tem um ótimo senso de estilo. Meu pai... Às vezes. Ele passa a maior parte do tempo sujo de tinta mesmo. — murmurou ela, sua voz suave e fina de criança aquecendo meu coração.

— Falando nisso... Onde estão eles?

— Jane, aí está você!

Um homem que deveria ter pouco mais que quarenta anos, cabelos loiros e olhos bem azuis se aproximou de nós.

— Olá, papai. — disse a menininha, abrindo os braços para que ele a pegasse no colo. — Eu estava falando com a moça.

— Eu sei, você é mais tagarela que o burro do Shrek, mas eu e sua mãe já falamos que isso é perigoso.  Além do mais, aposto que a moça estava ocupada. — disse o homem, então olhou para mim. — Me desculpe, ela é assim mesmo, fala pelos cotovelos.

— Tudo bem, nós estávamos tendo uma ótima conversa sobre estilo. — respondi, timidamente. — Mas seu pai está certo, é perigoso conversar com estranhos.

A menininha bufou.

— Qual seu nome? — ela me perguntou.

— Elaine.

— Muito prazer, Elaine, eu sou Jane Baker Martell. Esse é o meu pai. — então, ela se voltou para o homem loiro. — Viu, papai? Não somos mais estranhos.

Eu e ele rimos.

— Bem, acho que você tem razão. — disse o pai da menina. — Eu sou Jason. — ele me estendeu a mão livre e eu a apertei. — Obrigado por não ser uma estranha perigosa, agora temos que voltar para a mamãe e para Tommy, não é, Jane? — acrescentou, a balançando até que ela risse. — Sabe como a mamãe é, se nos atrasarmos para o próximo passeio...

— Ela vai ficar uma fera, eu sei. — resmungou a pequena Jane. — Acho injusto que Tommy possa tomar café preto e eu não posso ficar mais um pouco no Louvre.

— Primeiro de tudo, seu irmão é um adulto. — respondeu o pai, Jason. — Segundo que ele não nos escuta de qualquer jeito.

— Acho que meu irmão deve ser só um pouco mais novo que você, sabia? — Jane olhou para mim mais uma vez. — Mas nem se atreva, ele é comprometido. Quer dizer, mais ou menos. — ela olhou para o pai enquanto eu ria timidamente. — Tommy e Allison são complicados.

— E você é nova demais para estar se entrometendo na vida do seu irmão. — o pai fez cócegas na menina, e ela gargalhou. — Bem, foi um prazer conhecê-la, agora temos que ir aproveitar Paris. — ele disse para mim. — Eu amo essa cidade. Não há lugar melhor para um artista.

Não pude deixar de sorrir.

— Realmente, não há.

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