capítulo vinte e dois

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verão de 2013

— Nós já colocamos tudo? O papai já imprimiu nossos tickets de viagem? Ah! Os carregadores de celular, não podemos esquecer deles. E suas meias, mãe, você sempre esquece das meias embaixo da cama.

Eu andava de um lado para o outro no quarto dos meus pais, ajudando-os freneticamente a organizar as malas. Aquela era a nossa última noite em São Francisco, e, no dia seguinte, partiríamos de volta para casa. Por mais ansiosa que estivesse para começar a faculdade, meu coração se partia ao pensar em deixar Dimitri e meus amigos. Não tínhamos conversado sobre o futuro ainda, e todo o meu nervosismo estava sendo descontado na arrumação das malas.

Elaine. — minha mãe me segurou pelos ombros, me fazendo encará-la. — Relaxe. Eu e seu pai somos adultos, imagino que conseguiremos arrumar nossas coisas sozinhos.

Suspirei, inquieta.

— Mas, mãe...

— Escute sua mãe, Elaine. — foi a vez do meu pai de se pronunciar. Ele estava diante da cama, gentilmente dobrando os vestidos da minha mãe. — Vá se divertir. É o último dia, afinal.

— Exato. — concordou minha mãe. — Você não tinha uma festa para ir?

— Sim... — murmurei em resposta. De fato, para celebrar o último dia do verão, todos os anos Kessie organizava um luau na praia. Nós tínhamos combinado de nos arrumarmos juntas, já que ela me emprestaria uma de suas roupas, mas eu provavelmente estava atrasada por passar tanto tempo naquela arrumação.

— Então, vá. — insistiu minha mãe. — Vá.

— Está bem. Amo vocês.

Com isso, deixei o quarto de hotel dos meus pais e disparei para o último andar, para o apartamento dos Tarasova. Foi Henry quem abriu a porta. Ele me cumprimentou rapidamente, pois estava ocupado assistindo a um jogo de basquete, e disse que eu poderia subir as escadas, já que Kessie me esperava lá. Mas também me alertou que sua gêmea estava estressada por não estar achando sua roupa preferida, e que eu deveria levar um travesseiro. Não entendi muito bem a última parte, contudo, segui seus comandos mesmo assim.

— Kessie? — a chamei, batendo na porta do seu quarto. Para a minha surpresa, a porta estava destrancada, e se abriu no instante em que eu toquei nela. Foi quando eu compreendi o motivo de Henry ter me mandado até lá com um travesseiro, pois um rímel voou pelos ares em minha direção, e foi a almofada que protegeu meu rosto.

— Elaine, desculpe! — escutei Kessie falar, fazendo uma careta e rindo fracamente.

— Sem problema. — ri também, adentrando no seu quarto. O cômodo todo decorado em cor de rosa estava uma bagunça. Roupas, maquiagem, acessórios e bichinhos de pelúcia para todo lado. Kessie estava bem no centro de uma pilha de roupas; ela já estava pronta, com exceção da roupa. — Henry me falou que você não está achando algo, quer ajuda?

— Sim, por favor! — exclamou ela, me entregando uma montanha de roupas. — Eu estou tentando achar a saia que eu uso todos os anos no luau. Na verdade, eu tenho duas, mas a azul é menor, então eu ia emprestá-la para você!

Olhei para o quarto ao nosso redor, para a desordem que nos cercava.

— Sabe, eu provavelmente estou errada, mas... Eu tenho a impressão que, talvez, seria um pouco mais fácil de encontrá-las se nós arrumássemos esse lugar.

— Arrumar tipo... Colocar tudo no lugar? — indagou Kessie, franzindo as sobrancelhas. Assenti com a cabeça. — E isso é possível?

— Eu pensei que nada fosse impossível para Kessie Tarasova. — falei, sorrindo de forma travessa. Minha fala imediatamente motivou Kessie, e ela concordou em arrumar o quarto. Trabalhando juntas, nem demoramos tanto e, felizmente, logo localizamos as duas saias.

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