capítulo quarenta e um

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As mãos dele estavam em todo lugar.

Enquanto nos beijávamos, Dimitri fazia questão de passar sua mão por cada pedaço do meu corpo, de forma tão lenta que era quase agonizante, como se quisesse memorizar cada detalhe. Comecei segurando seu rosto, meus dedões acarinhando suas bochechas frias, no tempo que suas mãos úmidas, fortes e ásperas deslizaram por minhas pernas de baixo para cima, puxando a saia do meu vestido mais para cima. O movimento das nossas línguas contra uma a outra era vagarosa, exploratória. Eu queria aproveitar cada centímetro, deixar que o sabor dos seus lábios me consumisse pouco a pouco. Sem pressa, apenas um jogo saudoso de línguas e mãos.

Surpreendentemente, em nenhum momento pensei em nosso passado. Pensei em como eram nossos beijos antigos. Não, aquela fase passara. Precisava me concentrar no agora; e o agora consistia numa explosão de tensão e desejo acumulado, liberação de raiva e adrenalina num beijo envolvente e enlouquecedor.

Não se escutava nada a não ser o barulho da tempestade lá fora, o crepitar da lareira, nossas respirações ofegantes e nossos lábios molhados um contra o outro. E eu me perdia naquele momento, como em tantas vezes me deixara perder nos olhos azuis de Dimitri. Eu mais uma vez me via tragada por eles, por ele, afogando-me no seu azul e deixando que ele me arruinasse por completo. Para intensificar minha perdição, Dimitri arrastou suas mãos da posição onde estavam — na minha coxa — e as subiu para a minha cintura, apertando com força o local ali e me trazendo para mais perto. Arfei quando nossos corpos se chocaram, e enrosquei minhas pernas ao redor do seu corpo.

Dimitri agia como um homem desesperadamente sedento. Como se tivesse vagado por um deserto de areia e solidão por tempo demais, e finalmente encontrara um oásis. Se ele estava com sede, e eu era a água. Se estava com fome, eu era o alimento. Se estava ferido, eu era a cura. E, se fora amaldiçoado... eu era a salvação. Assim, quando ele se afastou para me olhar... ele me olhou daquela forma. Com urgência e desejo. Como se eu fosse a única coisa que importava no mundo todo.

Eu quase tinha me esquecido de como era me sentir tão... desejada.

Palavras apenas arruinariam o momento, então Dimitri não disse nada quando se inclinou para continuar a me tomar com seus lábios. Arqueei as costas para trás quando sua boca começou a depositar beijos e chupões pelo meu queixo, meu pescoço e descendo até a parte sobre meu peito, abaixo da clavícula. Mas suas mãos firmes em minha cintura não permitiram que eu me afastasse muito, ele continuou me trazendo para perto, me puxando pela parte de baixo das minhas costas. Enquanto isso, mal podia controlar os suspiros que deixavam minha garganta, ou o modo que minhas pernas subiam e desciam, acariciando as costas dele. Seus lábios eram vorazes, tanto que uma alça do meu vestido caiu sobre meu ombro, quase deixando revelar meus seios. Lábios vermelhos e amassados, costas arqueadas, respiração irregular; eu estava totalmente arruinada por Dimitri.

Contudo, tão rápido quanto nos envolvemos naquele momento, nós saímos.

O segurei pelo rosto para trazê-lo para perto do meu. Cara a cara, tão perto que nossos narizes quase se tocavam, seu cheiro tomando conta do meu olfato, e sua boca... Apenas um pequeno movimento e poderia beijá-lo mais uma vez. Mas não... não poderia. E ele sabia também.

— Dimitri...

— Eu sei. — disse ele, num lamento. Não olhava para mim, e sim para baixo. Então, suas mãos subiram para ficar sobre as minhas, ambas segurando sua face. Em seguida, dois de seus dedos se enroscaram no meu dedo anelar direito. Eu sabia o que ele queria dizer com aquilo. — Menos de um mês atrás tinha uma aliança bem aqui. Você pode até ter perdido para ele esperar, mas...

— Ainda assim, não é justo com Nikolai. — completei, lamuriando. — Ou com você.

— Eu não estou chateado, eu juro. Eu entendo...

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