Não quebre meu coração!

Epílogo-Que venha o futuro

3 anos depois
Os sinos da catedral da Igreja da Sé de Fortaleza anunciavam que logo mais teria um casamento, havia uma grande multidão, dentro e fora do templo, todos sem máscara, já que há muito tempo a pandemia havia vencida e não passava de uma triste lembrança da história mundial.
A noiva, Liana, acabara de finalizar sua maquiagem com um profissional bastante renomado do setor da beleza, quando José Eduardo, que a acompanhara em todo o processo, diz:
-Olha quem chegou diretamente de Paris
-Mãe!-Liana dá um abraço na sua mãe que estava super bem produzida, mas não para um casamento-Que demora, pensei que você já não vinha mais!
-É que deu um problema com as bagagens, tive que esperar um bom tempo, enfim; uma longa história. Mas eu fiz o possível pra chegar bem rápido, você, por acaso, aja que eu iria perder o casamento da minha única filha
-Verdade-Liana sorri
-Clarisse e como andam as coisas na faculdade de moda na França? Deve ser um sonho morar lá
-Incríveis, Edu, me sinto como se tivesse 20 anos de novo, até tenho alguns pretendentes por lá-brinca Clarisse
-Ui ui-brinca Liana
-E você, filha, já arrumou suas malas para a lua de mel?
-Sim, tá no outro quarto-responde a interlocutora
-Pegou uma mala separada só para colocar um fardo de camisinha?
José Eduardo não resiste e quase cambaleia de tanto achar graça.
-Mãe, você não acha que tá muito interessada na minha vida pessoal, não?-diz a filha um tanto constrangida e continua-Mas se você quer tanto saber, é ele quem vai levar
-Hum-Clarisse sorri maliciosamente, mas logo muda de assunto-Meu Deus, já tô falando besteira demais, deixa eu ir me arrumar, se não você vai chegar ainda mais atrasada
-Faz isso e tira esse sorrisinho da cara, José Eduardo-diz Liana e pareceu se lembrar de algo dizendo-E meu pai, já chegou?
-Bem provável que sim, mandei deixarem um terno para ele lá no presídio
João Neto, após passar quase 4 anos preso, consegue um dia de liberdade, devido ao bom comportamento, para assistir ao casamento da filha, com a condição de estar usando uma tornozeleira eletrônica, com intuito de evitar possíveis fugas. 
Apesar disso, o acessório não o incomodava e quando saiu, teve, ao menos, um gostinho da liberdade: nunca achou tão interessante olhar a paisagem ao redor, ver as pessoas passando, era incrível como só agora dava valor a essas pequenas coisas, precisou fazer várias coisas erradas, bater na mulher amada e cair na conversa de uma golpista para perceber o real sentido da vida: viver.
Depois dessa reflexão, dirigiu-se logo a uma barbearia para não se atrasar, precisava muito cortar o cabelo e fazer a barba, estava parecendo um homem das cavernas, com seus longos cachos caindo aos ombros e a barba cheia.
Após isso, pegou um mototáxi e foi ao hotel, indicado por Liana, objetivando se arrumar para o casamento.
Sentia um misto de ansiedade e preocupação pelo casamento, afinal sua amada filhinha iria se casar, com um bom homem, aparentemente, pelas 2 visitas que os dois fizeram a cadeia nos últimos 3 anos, mas, ainda assim, sentia-se nervoso.
Quando chegou, foi logo entrando na igreja, momento em que, de repente, escuta um "psiu", era Clarisse.
-João Neto, você não pode entrar na igreja agora, deve ficar aqui fora, esperando a Liana chegar.
Ao virar o rosto, notou que o tempo não havia passado para a ex-mulher, estava muito bem, usava um vestido vermelho decotado, com uma cauda de sereia. Se fosse antes, teria imaginado várias cenas pornográficas com ela, desejando-a, mas o tempo que ele passou preso, juntamente com os tratamentos psiquiátricos, fizeram-no refletir bastante sobre como tratar uma mulher.
-Desculpe, não sabia-diz ele se afastando do prédio e continua-Clarisse, deixa eu me desculpar com você pelas coisas que aconteceram entre a gente, as agressões e os abusos que eu acometi, me arrependo muito de tudo isso-diz ele parecendo bastante sincero
-Eu te perdoo, mas isso não quer dizer que eu vá voltar com você ou que você deve se aproximar.
-Juro que não vai acontecer novamente, mas queria que voltássemos a ser amigos, como na nossa infância e adolescência, pelo bem de nossos filhos.
-Talvez algum dia-comenta Clarisse
Nesse momento, Marcelo chega à igreja: cumprimentando a todos até chegar em Clarisse e João Neto.
-Olá, como vão?-ele fala, de forma polida.
-Marcelo, quem diria que algum dia, nó estaríamos nos cumprimentando, assim, de uma maneira tão amigável. Mas por que não chegaram juntos?
-É...-disse Clarisse e continua-Eu e o Marcelo não estamos mais juntos.
-Sim, não deu certo.
-Que pena! Vocês formavam um casal tão bonito!
-Bom, gente, eu já vou entrando na igreja-disse Marcelo saindo e para disfarçar, diz-Foi um prazer rever vocês.
Alguns minutos depois, já era possível ver a noiva, bastante emocionada, entrando com seu pai, enquanto soava a marcha nupcial. Ela usava um vestido de alcinhas amarradas em volta do ombro, com uma cintura colada e a saia da peça, bem mais aberta que a parte de cima.
Logo, após João Neto deixá-la no altar, inicia-se a celebração.
-Estamos aqui hoje para celebrar o casamento de Davi e Liana, essas pessoas que desejam unir suas vidas com a bênção de Deus neste dia de hoje. Noivos caríssimos, viestes à casa da Igreja para que o vosso propósito de contrair Matrimônio seja firmado com o sagrado selo de Deus, perante o ministro da Igreja e na presença da comunidade cristã. Cristo vai abençoar o vosso amor conjugal. Ele, que já vos consagrou pelo santo Batismo vai agora dotar-vos e fortalecer-vos com a graça especial de um novo Sacramento para poderdes assumir o dever de mútua e perpétua fidelidade e as demais obrigações do Matrimônio. Diante da Igreja, vou, pois, interrogar-vos sobre as vossas disposições-padre faz uma pausa na fala e continua-Davi Gama, viestes aqui para celebrar o vosso Matrimônio. É de vossa livre vontade e de todo o coração que pretendeis fazê-lo?
-Sim -fala Davi
-Liana Silva Pinto Fernandes, viestes aqui para celebrar o vosso Matrimônio. É de vossa livre vontade e de todo o coração que pretendeis fazê-lo?
-Sim, padre -fala Manuela
-Vós que seguis o caminho do Matrimônio, estais decididos a amar-vos e a respeitar-vos, ao longo de toda a vossa vida?
-Sim -os noivos falam
-Estais dispostos a receber amorosamente os filhos como dom de Deus e a educá-los segundo a lei de Cristo e da sua Igreja?
-Sim -falam os dois
-Uma vez que é vosso propósito contrair o santo Matrimónio, uni as mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na presença de Deus e da sua Igreja-fala o padre
Michael recebe a cestinha com as alianças que Élis havia lhe dado e se levanta do banco em direção ao altar carregando as alianças.
Os noivos unem as mãos direitas.
-Eu, Davi, recebo-te por minha esposa a ti, Liana, e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida-fala ele e coloca a aliança no dedo de Liana.
-Eu, Liana, recebo-te por meu esposo a ti, Davi, e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida-fala ela e coloca a aliança no dedo de Davi
-Confirme o Senhor, benignamente,
o consentimento que manifestastes perante a sua Igreja, e Se digne enriquecer-vos com a sua bênção. Não separe o homem o que Deus uniu. Pode beijar a noiva-fala o padre
Davi beija Liana delicadamente.
-Bendigamos ao Senhor-fala o padre
-Graças a Deus - todos os presentes
Em seguida, Davi e Liana saem da igreja com chuvas de arroz e um carro os esperava do lado de fora.
Assim, começava a nova vida de Liana ao lado de seu companheiro.
Clarisse, uma semana depois,  ainda permanecia no Brasil, pois decidiu aproveitar sua estadia para lançar seu novo, a continuação de "Não quebre meu coração", que fora lançado há dois anos. O novo livro tinha o nome de "Um coração feliz inteiro", que contava a história de seu amadurecimento, focado nos seus últimos 3 anos que se dividiam em duas partes, sua tentativa de gostar de Assuero, enquanto ainda amava Marcelo e, posteriormente, quando ficou totalmente sozinha, porque o relacionamento com nenhum dos dois não deu certo, principalmente com o primeiro, momento em que decidiu que iria cuidar mais de si mesma e se amar, o que foi o pontapé inicial para a resolução de seus problemas.
Na livraria onde estava, havia muita gente na fila, querendo ter seu livro autografado, ansiosos para saber a que fim Larissa levou.
Chegou a autografar tantos livros naquela manhã que, nos últimos, já fazia isso maquinalmente, sem nem mesmo olhar para o rosto do leitor.
Já estando no último, Clarisse simplesmente tomou o exemplar de suas mãos e assinou.
-Você pode escrever uma dedicatória?-perguntou uma voz familiar
Ela levanta os olhos surpresa, ao perceber que era Marcelo, quem lhe dirigia a palavra, ela nunca imaginaria que ele iria vê-lá juntos na publicação da história que fez eles se separarem.
-Marcelo, você por aqui, não imaginava que viria.
-Nem eu, mas minha curiosidade foi maior para descobrir logo o final da história-explica o biólogo-Mas e aí, a Larissa e o Henrique terminam juntos?
-Você vai ter que ler para descobrir-responde Clarisse e continua-Mas você teria alguma teoria?
-Eu acho que eles vão passar muito tempo separados, mas depois, o Henrique vai perceber que o amor deles é tão grande que é possível perdoar, depois que os ânimos se acalmarem.
-Nossa, que final romântico, mas você não acha que, olhando pelo lado da Larissa, já não é tarde demais?
-Não, acho que a gente pode discutir esse final no almoço, o que você acha?