-O que nós vamos fazer, Angra?-questiona Léo passando as mãos pelos cabelos preocupado
-Não sei-ela responde com os olhos lacrimejando
Vendo a decepção do filho e da nora, Clarisse não suporta suas emoções e começa a chorar, pedindo perdão:
-Me perdoa, filho, me perdoem
-Vamos, Angra-fala Léo pedindo a irmã para ir embora, ignorando sua mãe
Léo estava com suas emoções à flor da pele, não sabia se era certo gritar com a mãe, ele sentia muita raiva, mas pensou, no caso, que a maior tristeza, para a mãe, seria fingir que ela não existia.
Assim, o casal sai do laboratório, deixando Clarisse chorando desolada.
Durante aqueles dias, a situação também não estava fácil para Liana, Guilherme parecia cara vez mais distante sem ela, com a desculpa que os pais poderiam descobrir.
Devido a isso, cansada de passar os dias sozinha e escondida naquele casarão, ela decide seguir o namorado para saber onde ele ia.
Ela pega um Uber disfarçada, com peruca, óculos, boné e cachecol, pedindo ao motorista para seguir o táxi da festa. Alguns minutos depois, eles chegam, estacionando o carro atrás do de Guilherme.
Liana olha ao seu redor e percebe que estava em uma favela e, à sua frente, onde o namorado havia entrado, estava acontecendo um baile funk, a música estava alta, tinha uma batida característica e o lugar estava lotado.
Tirando-a de seus pensamentos, o uberista pergunta:
-A senhorita vai ficar por aqui mesmo?
-Sim...
-São R$20,00
Liana entrega o dinheiro para ele um tanto preocupada, perguntando:
-Em que bairro estou?
-Meirelles
-Obrigada-fala Liana, sem nunca ter ouvido falar nesse lugar
Ao entrar, fica assustada ao ver como as pessoas estavam dançando, movimentos extremamente sexualizados, enquanto batida da música dominava com uma letra cheia de impropérios e ela surpreendeu-se pensando que já tinha visto de tudo com sua pouca idade.
De repente, ela distingue Guilherme no meio da multidão conversando e bebendo com uma mulher, de longe. Logo, vendo-o beijá-la, de maneira voluptuosa e brincar dando batidinhas na nádega dela.
Ao ver essa cena, Liana derrama uma lágrima de raiva, enxugando-a rapidamente. Em seguida, sai dali apressada, usando o celular para chamar outro Uber para a volta.
Pouco tempo depois, o Uber chega e entrando nele, sente um misto de tristeza e raiva, lembrou-se das mulheres dos anos 30, 40 que tinham que aceitar as traições do marido por serem sustentaras por eles e iam buscá-los no cabaré nas noites de boemia.
Liana achava isso ridículo e começou a entender um pouco melhor as razões que levaram Clarisse a não perdoar seu pai, mas logo afastou isso da cabeça, forçando-se a pensar que ela era culpada e ponto.
Chegando a casa, pediu ao uberista para parar na frente da casa, despistando para abrir a porta, mas, na verdade, não podia fazê-lo porque não tinha a chave.
Então, ela teve que ficar esperando um bom tempo sentada no chão, esperando o homem voltar. Além disso, estava pensava em uma maneira de se manter calma ao vê-lo, pois tinha medo de que se a visse irritada de súbito, não a permitisse entrar na casa para pegar seus pertences e, principalmente, seu dinheiro, que lhe fornecia liberdade de fazer o que bem entendesse.
Quando ele volta, depois de, mais ou menos, umas 2 horas, assusta-se ao ver ela sentada no chão, esperando por ele.
-Baby girl, está tudo bem?
-Sim-ela responde respirando profundamente para se acalmar e não partir para a briga com o namorado, além de inventar uma desculpa no final-Apenas estava com vontade de comer um doce e fui a uma padaria aqui perto
-Ah sim-ele assente-Vamos entrando, não é?
-Claro
Assim, os dois entram, os pais do rapaz tinham saído, como sempre, só estavam ele e Adelaide, então, podiam ficar bem à vontade. Por isso, na hora que os dois entram no quarto juntos, Liana logo expressa seus sentimentos:
-Não está nada bem, seu animal, idiota, desgraçado, filho da puta, te segui e descobri que você me traiu no baile funk
-Eu posso explicar-diz ele com cinismo
-Você não vai explicar nada, seu idiota-fala Liana batendo nele, dando vários tapas no peitoral
-Calma, Liana-ele a segura, fazendo-a se acalmar
-Eu, alguma vez, já te pedi em namoro? Já te chamei de namorada?
-Não que eu me lembre
-Então, você não é minha namorada, por que você acha que eu tenho que ser fiel a você?
-Canalha, vá pra puta que pariu, vou embora
-Você que sabe
Arrumando suas coisas, Liana lembrou-se do LSD que havia na casa, grande parte escondida no guarda-roupa, então, pegou umas roupas e enrolou-as nas pastilhas para escondê-la em sua mala. Pelo menos, nesse ponto, achava que estava ganhando , ele iria ter que gastar mais dinheiro com as drogas e poderia até ser descoberto pelos pais mais facilmente.
Seus planos eram alugar um quarto no AirBnB para economizar ainda mais dinheiro que um quarto de hotel. Agora, estava sozinha, só ela e Deus, todos em que ela confiava ou a enganaram, ou foram vítimas de alguma perversidade para sair da casa. Por isso, o quanto antes, arranjar um emprego para se manter.
Já Angra e Léo voltavam para casa em um clima de taciturnidade, não trocando uma palavra durante a viagem de carro, situação que deixou o último bastante preocupado.
-Angra, meu amor, fala comigo
-Estou pensando-ela respondeu séria e após uma pausa, fala, de forma austera-Léo, acho melhor a gente se separar
-O quê?-questiona Léo, estranhando a resposta dela
-Sim, porque...-uma lágrima escorre dos belos olhos verde-azulados da jovem-porque nossa união foi um erro, nunca deveria ter acontecido, meu Deus
-E o nosso filho?
-Vamos dar um jeito-ela fá-la notoriamente sentindo-se mal
-Você está bem?-pergunta o marido preocupado
-Sim, é só que eu não queria que fosse assim, essa realidade é tão cruel que chega a me dar enjoos-Angra se dirige ao banheiro
Após essa situação incômoda, Angra começou a fazer as malas para ir embora.
Quando Léo entra no quarto, vendo aquela cena, fica visivelmente preocupado.
-Angra, o que está fazendo?
-Vou embora pra casa da minha mãe, é o melhor a se fazer
-Não precisa disso, não precisamos seguir as convenções sociais, podemos ser irmãos e continuarmos casados-propõe o marido
-Léo, você está se ouvindo? Isso é errado, religiosamente, moralmente, politicamente, vários advérbios de modo possíveis-contesta Angra um pouco alterada e continua se acalmando, de modo a abaixar o tom de voz-Eu tenho que ir embora mesmo, vamos acabar logo com isso, antes que tenhamos de sofrer ainda mais
-Tá bom-Léo concorda preocupadamente, passando as mãos pelos cabelos-Mas me dá um beijo de despedida, ao menos?
-Léo-protesta Angra suavemente
-Por favor, já que essa será a última vez que vamos estar juntos como marido e mulher-fala Léo disfarçando a sua confiança de que receberia seu prêmio
-Está bem-Angra aceita o beijo de seu cônjuge-irmão
Assim que os lábios de ambos se tocam, Angra sente um frenesi percorrer todo seu corpo, como se estivesse prestes a colher o fruto proibido, ela acaba se deixando levar pelos toques voluptuosos do amante, mesmo tentando resistir, sua carne era mais fraca.
-Ain, Léo, por favor não... ah-gemia Angra
Pouco tempo depois, os corpos dos dois jovens estavam se fundindo, estando nus, enquanto beijavam-se sobre o tapete da sala, sentindo o inevitável prazer do ato ilícito.
Após se separarem, depois de muito revirar os olhos, Angra recobra sua razão e se sente mal pelo que acabara de fazer, porque agora tinha consciência da verdade e, mesmo assim, continuando entregando seu corpo ao seu irmão.
Desse modo, lutando com todas suas forças contra a carne, Angra levanta-se, vestindo suas roupas.
-Meu amor, fica mais um pouquinho-suplica Léo
-Não, já basta-diz Angra quase chorando-Essa foi nossa última despedida. Por favor, não me peça para ficar mais, vou embora, evite me procurar, só me procure, em caso de urgência, para falar do nosso filho, tchau
Dizendo isso, a mulher pega sua mala e sai pela porta.
-Tchau-fala Léo levantando-se chorando muito.
Angra foi à casa de sua mãe, estando a primeira quase em prantos, encontra Ismênia sentada à penteadeira do quarto, usando cremes antirrugas.
Quando os olhos das duas se encontram, a filha não consegue segurar as emoções e desata em lágrimas.
-Filha, o que houve? Brigou com seu marido?-questiona a mãe preocupada
-Não, não exatamente-responde Angra com a voz embargada de lágrimas
-Então, o que é?
-Léo é meu irmão, Léo é filho do meu pai
-Quê?
-Clarisse me disse isso semana passada e decidimos fazer o teste e deu positivo
-Quer dizer que seu pai me traiu com uma aluna dele? Pensei que ele tinha gostado dela só agora. Mas, de qualquer forma, é muita falta de profissionalismo. Ainda bem que acabou. Ele é gente boa como amigo, mas é cada chifre que eu devo ter levado, ainda bem que acabou-ela fala pensativa-Mas isso tá estranho, por que ela esperou esse tempo todo para contar, podendo ter contado antes do casamento?
-Ela disse que queria, mas ficou adiando e aí eu fiquei grávida e não dava mais pra contar
-Ôh, Clarisse sem juízo, viu, se tivesse contado, teria evitado tanto problema
-Mas e agora, mãe, que está tudo feito, o que vai ser de mim, do bebê e do Léo?
-Calma, vai ficar tudo bem, tem solução para tudo, menos para morte. Você vai parar de tratar o Léo como marido e você vai tratá-lo como irmão, sei que não vai ser fácil, mas você precisa ser forte. Você é jovem, bonita, logo arranja outro marido, até porque nada como um amor para esquecer outro. Quanto à criança, você vai cuidar, mas se for muito problemática e você não tiver paciência, você pode dar para adoção-diz Ismênia calmamente-Agora, não chore maus meu tesouro, você não tem culpa de nada, não sabia, culpa tem a Clarisse que não bate bem da bola, por isso, devemos perdoá-la e deixar que Deus a julgue, conforme Ele quiser.
Nesse meio tempo, Liana consegue um apartamento para ficar, era bastante simples, mas seria o disponível para poupar ao máximo o dinheiro até enquanto conseguisse o trabalho.
Cansada, ela simplesmente se deitou na cama e adormeceu rapidamente, deixando para fazer suas higienizações no dia seguinte.
Depois de amanhecer, por volta das 8 horas da manhã, Liana desperta, tomando banho e se arruma para o mercantil, objetivando comprar comida para o café da manhã.
Escolhendo o que ia levar, viu que havia uma promoção de nissin miojo de R$0,75 o pacote com 250 g, pensou logo na economia que faria se se alimentasse só disso até arranjar um emprego, iria engordar uns quilinhos, provavelmente, mas sabia que, quando se pesara na casa de Guilherme, estava 5 Kg abaixo do peso ideal, então, não iria ter problemas se passasse uma ou duas semanas comendo apenas macarrão, porque depois compensaria comendo apenas frutas, verduras e proteína animal. Assim, fez, rapidamente, um cálculo mental para saber quanto iria precisar por 2 semanas, levando o estoque completo da prateleira .
Depois disso, passou na sessão de perfumaria para comprar xampu e sabonete, dos mais baratos, nada de Wella ou aussie que estava acostumada, era seda. Em seguida, foi logo ao caixa para pagar.
Enquanto isso, Clarisse acabara de se levantar da cama , cada vez mais resignada, mas ainda sentia a ausência de Marcelo.
Foi tomar café, encontrando Michael e Élis à mesa, esperando Fábio para a refeição.
-Bom dia, gente-diz Clarisse sentando-se com os seus-Cadê meu pai?
-Foi no escritório buscar algo-responde Élis e logo se depara com a presença do cônjuge na sala-Olha ele ali
-Bom dia, amor, bom dia, filhos-fala Fábio-Estou preocupado com o que saiu no jornal ontem
-O que saiu no jornal ontem?-perguntou Clarisse, estranhando
-Um homem chegou a Sobral, vindo da China, possivelmente infectado com o corola vírus
-Calma, amor, vai dar certo, se Deus quiser não vai chegar aqui-conforta Élis-Querem saber de uma notícia boa? Meu sobrinho vai passar alguns dias conosco
-Espero que ele não esteja vindo de Sobral, senão ele não fica nem na calçada
-Que é isso, pai-contesta Clarisse
-Não, ele está vindo de Curitiba
-E qual é deles?
-O Assuero
-Nome diferente-comenta a mulher
-Sim, é um personagem bíblico-explica Fábio
-Sim, também, mas, na verdade, minha irmã não se inspirou na Bíblia e sim no império persa, minha irmã, uma historiadora de mão cheia colocou o nome dos filhos dela todos com pessoas importantes do império persa, Ciro, Dario, Raika e Assuero
-Muito criativa ela-elogia Clarisse-Pena que eu não tenho ânimo para receber visitas
-É até melhor você ter, filha, conhece gente nova-anima Fábio-Ele é casado, amor?
-Divorciado
-Olha aí, Clarisse, carne fresca no pedaço, quem sabe não rola algo entre vocês?
-Que é isso, pai
No final de semana, após cumprir com seus afazeres domésticos, Marcelo decidiu arrumar o apartamento.
Limpando seu quarto, a pé encontrou uma peça de roupa íntima, um sutiã de Clarisse, era lilás com rendas no bojo, no meio de suas roupas, que, provavelmente, ele pensava, ou ela esqueceu, ou ela não levou apenas para atormentá-lo, fazendo-o se lembrar dela.
Olhando para o objeto, recordou de algumas vezes que ela o tinha utilizado com ele, em uma delas, ela vinha até ele, sorridente e, de caso pensado, enchia-o de beijos e carícias. Outras vezes, aconteciam por acaso, que, ao tirar a roupa da mulher, para amá-la, descobria-o junto a ela.
Ao se dar conta do que estava pensando, Marcelo tenta mudar seu pensamento, mas era difícil, Clarisse parecia estar impregnada nele. A solução que passou pela sua cabeça foi pedir a Angra devolver para ela e se desfazer de tudo o que havia compartilhado com ela, como a colcha de cama e algumas roupas que tinha emprestado a ela.
Também decidiu que já era hora de aceitar o convite de Adriel para conhecer novas pessoas. Ligou para o colega e os dois combinaram de ir a um barzinho, eles, a paquera do linguista e uma amiga dela.
Assim, os dois combinaram de se encontrar no local.
Chegando lá, Adriel tratou logo de apresentar Marcelo às amigas.
-Marcelo, essa é a Cristina e essa é a Fernanda-disse indicando as duas
Cristina era uma bonita morena de olhos verdes, tinha os cabelos negros e longos, no comprimento da cintura, arrumados à escovinha. Marcelo já a conhecia de vista da escola, mas nunca havia conversado muito com ela, sabia apenas que ela lecionava espanhol. Além disso, também era notório que o amigo estava muito interessado nela, embora tentasse continuar com sua pose de galã.
Já de Fernanda, o biólogo nunca tinha ouvido falar e, para ele, ela aparentava ser bem diferente das mulheres que ele já conhecera, principalmente, de Clarisse, porque parecia ser bem simples, não gostando de se arrumar. Ela não estava usando maquiagem e estava vestida de um jeito bem esportivo, short jeans, camiseta branca e rasteiro, contrastando bastante com a amiga que usavam um vestido colado azul, com drapeado e um scarpin. Além disso, chamava a atenção nela, sua pele extremamente pálida, alguns poderiam julgar que estava anêmica, tinha os cabelos castanhos-claro na altura dos ombros, bem ao natural. Porém, Marcelo não estava interessado na aparência dela e pensou logo que poderia fazer amizade com ela.
-Gente, bora conversar logo sentados, já tô ficando com sede-pede Adriel
Assim, eles atenderam ao pedido do amigo, sentando Cristina entre Fernanda e Adriel, além de Marcelo, ao lado de Fernanda. Pedindo uma bebida, o penúltimo tratou logo de puxar assunto com sua vizinha.
-E aí, Fernanda, de onde você é?
-Sou daqui mesmo de Fortaleza, nasci e me criei aqui e você, Marcelo?
-Sou daqui também, mas passei um tempo morando nos interiores, principalmente em Massapê e já faz uns 20 anos que voltei pra cá de novo, quando minha filha nasceu
-Ah, você tem filhos!-exclama a mulher
-Sim, tem 21 anos
-Tenho uma de 15, meu xodó, filha única, vivo só para ela-comenta Fernanda e continua-Você só tem ela?
Nesse momento, o semblante de Marcelo se escurece, lembrando de Clarisse.
-Não, recentemente, eu descobri que tenho mais um filho, mas essa é uma história triste, prefiro não tocar nesse assunto-diz Marcelo logo mudando o tema da conversa-Mas me diz, em que você trabalha?
-Sou professora de educação física no Maria Imaculada a também trabalho como personal trainer em algumas academias. E você, também é professor?
-Sou sim, de biologia
-Ah sério, vou te confessar que eu não gostava muito de Biologia não, achava meio, assim, decoreba, eu decorei mesmo só o nome dos músculos e de alguns ossos porque preciso para minha profissão, mas agora partiu para aquele listão de organelas e aquele processo complexo de fotossíntese, eu não sei nem para onde vai.
Marcelo sorri.
-Não, mas você tá enganada, Biologia não é só decoreba, é você entender como a vida funciona, desde um ser microscópio, como uma bactéria, até um ser complexo, como um mamífero e também você pode estar pensando assim, porque tá vendo as coisas muito separadas. Se você pensar as coisas como parte de um todo, por exemplo, as organelas que estão ali, cada uma, desempenhando seu papel para fazer a célula funcionar e as células, todas juntas, se estruturando para formar os tecidos e esses tecidos formar órgãos e assim sucessivamente... para formar um organismo. E isso é fascinante, pelo menos, para mim-os olhos de Marcelo brilham falando de sua amada biologia, aquela que nunca seria capaz de traí-lo ou enganá-lo.
-É, pensando assim, até parece mais fácil mesmo, mas você é suspeito para falar
-Verdade haha, eu amo muito o que eu faço
-Isso é muito bom, tem tanta gente que é infeliz com o trabalho e isso acaba refletindo em outros aspectos da vida, às vezes
-É verdade e por que você escolheu educação física?
-Ah, meio que as únicas matérias que eu me dava bem no ensino médio eram matemática e educação física, no resto, ou eu era péssima ou mediana, aí meus pais disseram que matemática era muito difícil e também tinha um tio meu que desistiu de Engenharia por causa de derivada e integral, então, eu fiquei com medo e fui fazer educação física e também eu sempre gostei de correr, de me trepar em cima de árvore e aí eu achei que ia fazer muito bem para mim e não estava enganada, hoje, eu amo meu trabalho, tô muito feliz com ele
-É, parece ser bem legal mesmo e também é um ramo que tá crescendo muito agora com as pessoas querendo ser fitness
Passado isso, eles conversaram sobre outros assuntos e voltaram a suas casas para dormir. Estando também divorciada, Marcelo achou Fernanda muito simpática, uma excelente amiga e achava que poderia, no futuro, esquecer Clarisse e ter um relacionamento com ela. Porém, mesmo assim, não conseguia deixar de pensar em Clarisse, como ela era seu futuro planejado de tanto tempo e agora se esvaía.
Uma semana depois, o sobrinho de Élis chega de viagem para fazê-lo uma visita. Ele chegava de Curitiba, capital do Paraná, onde havia feito um mestrado em arquitetura. Ele era um homem de 1,8 de altura, esbelto, claro, de cabelos escuros, apartados de lado, aparentando ter uns 40 anos de idade.
Assim, quando ele chegou, a família que morava na casa veio recebê-lo com honras na sala de estar. Ele trouxe duas malas e parecia estar muito feliz com a presença de todos.
-Meu sobrinho, querido-fala Élis abraçando-o
-Tio, muito obrigado por me receber em sua cada-diz o outro homem retribuindo o abraço-Pretendo ficar aqui apenas por duas semanas, depois, procuro um lugar pra ficar, prefiro não incomodar.
-Que é isso, Assuero, você é como um filho para mim, pode ficar o tempo que quiser.
Após cumprimentar Fábio, Clarisse logo se aposentou para o homem cordialmente, apesar da profunda tristeza que carregava em seu íntimo.
-Muito prazer, Assuero, me chamo Clarisse-ela estende a mão para ele
-Encantado-ele sorri, de maneira muito receptiva, retribuindo o aperto da interlocutora.
-Um verdadeiro cavalheiro-elogia Élis
-Sou filha do Fábio-Clarisse explica antes que ele pudesse perguntar algo
-Não sabia que você tinha uma filha, Fábio-comenta Assuero
-É uma longa história, depois eu conto, agora, deixa eu mostrar o quanto que você vai ficar-fala Fábio
Assim, seguindo Fábio, as outras quatro pessoas o seguiram, subindo até a alcova.
1 mês se passou e as autoridades brasileiras decretaram o lockdown em todos os estados. Devido a isso, Assuero que pretendia ficar apenas duas semanas, agora ficaria, por tempo indeterminado na casa do tio, situação que fez com que ele se aproximasse de Clarisse e os dois ficassem amigos.
Nesse meio tempo, Marcelo se dedicava ao máximo ao seu trabalho, preparando-se, ansiosamente, para dar aulas remotas e sair da solidão para, ao menos, interagir um pouquinho com seus alunos. Porém, nos momentos em que não estava ocupado, era inevitável não pensar em Clarisse.
A filha dele, morando com a mãe, tentava, ao máximo, não pensar em Léo, tentava pensar apenas do filho e fazer o possível para evitar danos a ele. Começou a fazer pilates e ioga, assistindo à cursos on-line, acompanhada com a mãe que sempre a apoiava em tudo.
Já, para os filhos de Clarisse, a situação não estava das melhores. Leonardo caíra numa tristeza profunda, sentindo-se completamente sozinho, não sentindo ânimo, às vezes, nem para preparar suas aulas remotas. Para piorar, voltou a fumar maconha. Na primeira semana de isolamento, só no final de semana, mas, posteriormente, não conseguiu se aguentar e passou a usar todos os dias, dando graças a Deus de estar na pandemia e Clarisse vir visitá-lo, porque tinha certeza que ela iria ficar muito decepcionada.
Enquanto isso com Liana, ela sentia que a cada dia, ficava cada vez mais fraca, julgava ela que era porque estava vivendo à base de nissin miojo e água, estando muito pálida, mas era necessário, porque ainda não tinha encontrado um emprego. Porém, ao invés de engordar, como imaginava que seria, emagrecera 5 Kg. Além disso, de uns poucos dias para o atual, começou a sentir muitas náuseas e a enjoar qualquer cheiro diferente de nissin e sentia uma dor de garganta intensa, uma mistura de "gripe" e problema de estômago, no popular, fazia ela se sentir bastante indisposta.
Somado a isso, para piorar, notou que suas partes íntimas estavam bastante vultuosas, ficando de um tamanho muito maior do que elas eram normalmente, sentindo muita vergonha de usar calças e shorts, porque marcavam muito a região.
Já estando no começo de abril, bastante cansada, Liana colocara as roupas na máquina para lavar, quando recebe uma ligação de vídeo de Gabriela, aliviando os últimos dias de estresse que havia passado.
-Oi, amiga-fala Liana tentando parecer simpática, em meio a todo seu sofrimento corpo
-Oi, tratante, nem parece que tem amiga, né?-Gaby fala com certo deboche, mas brincando-Depois que você terminou com o Gui, não tive mais notícias suas, nem para mandar mensagem...
-Desculpa, Gaby, eu sei que deveria ter mandado, mas você não sabe o quanto as coisas estavam meio difíceis por aqui, tive que alugar um apartamento, ir no mercado e também... senti umas coisas estranhas esses dias
-Que coisas estranhas?-questiona Gaby -Tô muito enjoada, não posso sentir cheiro de nada que vou no banheiro vomitar, uma dor de garganta terrível e tô me sentindo meio inchada em algumas partes do corpo...
-Amiga, sua menstruação veio esse mês?
-Que é isso, Gaby, tá doida? Eu uso pílula
-E daí, minha mãe engravidou de mim porque a pílula falhou
-Não, Deus me livre, eu não acho que tô grávida
-Se eu fosse você, pensava nisso e ia logo fazer o teste de gravidez, porque enjoo e inchaço é sintoma de gravidez. Após alguns minutos de conversa C Liana desliga extremamente preocupada, desesperada com a ideia de que teria a grande responsabilidade de ser mãe, pensando que perderia a sua juventude, sendo mãe, não tendo ainda bem 17 anos completos, isso lhe horrorizava completamente, sentindo ódio de si mesma por ter deixado Guilherme se aproximar dela.
-Meu Deus, por favor-ela rogava-Eu não quero ter essa maldição da minha família de engravidar com 17 anos.
Dizendo isso, começou a sentir que estava realmente grávida, aquela realidade cruel a sufocava de tal maneira que começou a inventar justificativas para os problemas no seu corpo, tendo como base a gestação, achava que eu a gravidez havia baixado sua imunidade, bem como seu inchaço na região íntima, seria supostamente causado porque o bebê estava se desenvolvendo no canal vaginal e não no útero, além de outros pensamentos malucos que a estavam deixando fora de si.
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Não quebre meu coração!
RomantizmClarisse é uma mulher de meia-idade que tem um passado sofrido por ter sido abandonada pelo pai aos 5 anos, tendo que conviver com a mãe sempre falando mal dele. Somado a isso, ela foi deixada pelo grande amor de sua vida, relação que lhe rendeu mág...