Quando saí do banheiro, já eram 2 horas da tarde, não havia mais ninguém no colégio praticamente. E continuava chorando, não conseguia mais parar de chorar, sentia que iria morrer de tanta dor de cabeça. Então, a fim de me acalmar, me sentei no banco que havia no pátio, mas veio o remorso por estar sentindo inveja de Hortênsia, talvez fosse por isso que nada dava certo para mim, talvez não merecesse.
De repente, sinto alguém se aproximando de mim, vinha carregando algo que deixou ao meu lado, era um pacote de provas, logo deduzi que era Henrique.
-Larissa, tudo bem?-ele fala preocupado-O que aconteceu? Por que está chorando?
Eu não podia falar o porquê, senão ele iria perceber que eu era uma péssima pessoa, entanto simplesmente comecei a chorar mais alto, exprimindo realmente minha dor por a vida ter me rejeitado.
-Larissa, não chora, independente do que seja, vai ficar tudo bem-ele fala tentando me tranquilizar e ao se ajoelhar, afasta meu cabelo do rosto , o que fez com que eu parasse de chorar e olhasse para ele com uma expressão triste. Percebendo que eu havia parado, ele senta-se ao meu lado, com o rosto próximo do meu para me dar um conselho.
-Olha, muitas vezes podemos pensar que o que acontece em nossas vidas é o mais importante e... que não tem solução, mas o mais importante dessa vida é...estarmos vivos
Entretanto, o que ele me falava só me deixava mais triste, porque me fazia sentir mal por eu ter capacidade de achar que eu tinha o direito de chorar apenas pelo fato de ter o que a Hortênsia tinha, estando viva e em plena saúde. Por isso, sem conseguir mais me controlar, eu comecei a chorar mais e mais.
-Não chora, não chora-ele falava carinhosamente-Vai ficar tudo bem, só preciso ficar calma
-Henrique-falei chorando-Me abraça por favor
O abraço dele era quentinho e confortável, ali me sentia segura e protegida, já não me importava mais nada, Pedro, Hortênsia, nem ninguém, só existia eu, o Henrique e aquele abraço.
-Calma, Larissa, calma, vai ficar tudo bem-ele falava acariciando meus cabelos enquanto eu estava recostada em seu ombro
De repente, ficamos em silêncio, eu não chorava, nem ele dizia nada. Então, me desvencilhei dos seus braços lentamente, mas minha cabeça parou quando ficou bem próxima do seu rosto, fiquei admirando cada detalhe dele, suas sobrancelhas grossas, mas delineadas, seus lindos olhos azuis e, por último, sua boquinha.
Mas quando me dei conta sua boca estava na minha, me beijando, o que me dava uma sensação muito boa, um arrepio percorria meu corpo e a única coisa que que eu queria fazer era corresponder àquele beijo com todo meu sentimento. Era tão bom beijá-lo que não posso descrever, eu perdi totalmente a noção do tempo e do espaço. Simplesmente delicioso era tê-lo assim perto de mim, mas bruscamente o sonho acabara, deixando apenas a linda marca de sua lembrança.
Ele havia se levantado assim que seus lábios deixaram os meus, parecia constrangido e sem jeito, o que deixava ele ainda mais charmoso. Eu queria me levantar para dizê-lo que ele podia me beijar assim quantas vezes ele quisesse, mas minhas pernas pareciam coladas no chão e eu também não conseguia exprimir nenhuma palavra.
-Larissa, me perdoe-ele fala indo empresa
Assim que ele sai, noto que ele havia esquecido o pacote de provas dele e lembro mais uma vez do nosso beijo, o gosto de sua boca na minha, me sinto enebriada até eu lembrar do pacote de provas de novo, tinha que que entregar. Então, fui até a sala de dos professores e avistei ele da janela, estava sozinho e parecia nervoso, ele provavelmente se sentia culpada pelo nosso beijo, mas se foi tão bom, não deveria pensar isso. Constrangida, não tinha coragem de entregá-lo, então simplesmente deixei em frente à porta da sala para que quando saísse, pegasse as provas.
Depois disso, fui embora ainda emocionada com o nosso beijo e pensando nele durante todo o caminho de volta para casa. Quando passo por uma praça, escuto alguém gritando:
-Larissa, Larissa
Quando me viro, percebo que era Rute e eu nem a havia visto logo que ela passou.
-Oi-falei um tanto envergonhada
-Larissa, que que cê tem?-ela começa-Tá tão distraída
-Amiga, preciso te contar uma coisa-falei animada
-O quê?
-Vem cá-puxei ela para nos sentarmos no banco da praça-Henrique me beijou
-O quê?-ela fala fazendo uma expressão confusa
-O Henrique me beijou e foi tão lindo-falei tocando meus lábios-Me beijou com tanta doçura
-O Henrique, professor de biologia?-ela pergunta parecendo não estar acreditando no que eu estava dizendo
-É, por quê?
-Por nada, é que eu pensava que ele era tímido demais para essas coisas, mesmo vocês sendo super amigos
-Mas ele é super tímido, acho que ele fez isso sem pensar, porque depois, ele ficou todo todo constrangido
-Fofo né, mas por dentro, ele deve estar se sentindo muito mal, deve estar achando que se aproveitou de você
-Você acha?
-Sim, falo por experiência própria, foi a mesma coisa com o pai da Hortênsia no nosso primeiro beijo, disse que não podíamos ficar juntos porque me viu criança brincando com a filha dele e blábláblá
-Então, amanhã mesmo eu vou dizer para ele que eu gostei e que, se ele quiser deixar a esposa dele, a gente pode ficar junto
-Ai, amiga, você tá apaixonada, não sabe o quanto eu fico feliz por você
Eu sorrio, mas logo uma preocupação me veio à tona.
-Rute, me diz uma coisa, você acha que o Henrique seria capaz de deixar a esposa dele para ficar comigo?
-Com certeza, amiga, você tem juventude, o que a esposa dele não tem. Fora que ela é barriguda, você viu a pochete que ela tem? Então, mesmo se ele se fizer de difícil, se você se esforçar, tenho certeza que irá conseguir
Assim que chego em casa, noto que minha mãe estava conversando com seu melhor amigo, Gustavo Lorenzo, um rapaz de 25 anos que trabalhava em uma lanchonete próxima da minha casa. Ele veio para cidade na época em que meu pai tinha saído de casa e, desde então, nós ficamos muito amigos.
-Gustavo, por que não estava vindo mais?-perguntei dando um longo abraço nele
-Ahhn-ele fala enquanto me abraçava-Seu Ricardo me mandava fazer hora extra até de madrugada, aquele carrasco. E você, minha querida, parece radiante, tem um brilho especial no seu olhar
-Lá vem ele com suas besteiras-fala mim mãe
-Você não nota? Aconteceu algo, não foi?-ele me pergunta
Éramos muito próximos, mas eu não podia contar nada na frente da minha mãe, nem a sós porque ele também iria contar a ela.
-Não aconteceu nada-falei rindo
-Então, deve ser só coisa da minha cabeça
No dia seguinte, tinha aula com o Henrique, eu estava nervosa, como será que ele iria reagir? Seria estranho talvez. Ele entrara sério, diferente das outras vezes, com o pacote de provas na mão.
-Bom dia, gente, eu corrigi as provas de vocês. No final, faltando 10 minutos, eu entrego-ele falava pausadamente
-Henrique, as notas foram boas?-pergunta Rute
-Quando eu for entregar as provas, faço um comentário sobre isso-ele responde
-Henrique, tu não acha que corrigiu essas provas rápido demais, não?-perguntou Milton-Parece até o the Flash
-Se eu tenho a qualidade da eficiência, por que não utilizá-la?
-O senhor é muito modesto, professor-fala Milton em tom irônico
-Eu sei-ele responde no mesmo tom que quando seu receptor lhe dirigia a palavra
-Agora, vamos lá para aula-fala Henrique em tom sério-Hoje a nossa aula vai ser sobre Membrana Plasmática. Ela é muito importante porque entender o que é membrana plasmática é extremamente importante para compreender como uma célula interage com outra e mantém seu meio interno constante. Todas as células apresentam uma estrutura denominada membrana plasmática ou plasmalema, que funciona como uma barreira a impedir tanto a saída do conteúdo celular para o meio quanto o fluxo de qualquer partícula para o interior da célula. Essa característica mostra, portanto, uma importante capacidade de seleção da estrutura, que pode variar de 7 a 10 nm de espessura.
O modelo da estrutura da membrana plasmática atualmente aceito é o conhecido como mosaico fluido e foi o proposto por Jonathan Singer e Garth Nicolson em 1972. Nesse modelo, a membrana plasmática é descrita como uma bicamada fosfolipídica com a presença de proteínas. Por existir a movimentação dos lipídios por essa estrutura, a membrana apresenta certa fluidez, não sendo, portanto, considerada estática. Lembrando da nossa aula sobre Lipídios que As moléculas de fosfolipídios apresentam grupamentos não polares, hidrofóbicos, isto é, que não absorvem água, e grupamentos polares, hidrofílicos, isto é, que retêm água. Os grupamentos não polares ficam voltados para o centro da membrana plasmática, e os polares ficam voltados para as superfícies externas e internas da membrana. As proteínas encontradas na membrana podem ser chamadas de periféricas ou integrais. As proteínas periféricas são aquelas que não atravessam a membrana plasmática e estão indiretamente ligadas a ela, enquanto as integrais encontram-se inseridas na camada lipídica. Com a utilização de alguns reagentes, é possível extrair facilmente as proteínas periféricas da membrana, diferentemente das integrais, que só são liberadas pelo rompimento da bicamada lipídica. As proteínas integrais podem ser do tipo transmembranas, as quais são caracterizadas pela presença de porções expostas dos dois lados da bicamada. No lado externo da membrana, encontram-se os carboidratos, que podem estar ligados a proteínas ou lipídios. Ao se ligarem a proteínas, os carboidratos formam as glicoproteínas. No caso de ligação com lipídios, formam os glicolipídios. O resultado dessas ligações forma uma camada mal delimitada, denominada de glicocálice. Agora vamos às funções da membrana plasmática, Uma das principais funções da membrana plasmática é controlar o que entra e o que sai do interior da célula, uma propriedade conhecida como permeabilidade seletiva. Por ser formada por uma bicamada lipídica, ela é impermeável à maior parte das moléculas solúveis em água. Em razão disso, a grande maioria de íons e moléculas necessita da mediação por proteína para atravessá-la. Além da permeabilidade seletiva, a membrana plasmática possui proteínas que garantem a interação entre as células e o recebimento de sinais do ambiente.
De repente, ele olha para o relógio, faltavam 10 minutos, então, ele decide começar a entregar as provas.
-Pronto, agora que faltam 10 minutos, vou começar a entregar, mas antes um breve comentário. Eu coloquei a prova fácil e ainda aproveitei o que dava para aproveitar das respostas de vocês, mas mesmo assim, ainda teve muitas notas baixas. Não digo todos, porque teve gente que se esforçou e conseguiu se sair bem na prova, mas maioria tirou tirou nota baixa. Então, cabe a vocês reverem essa situação para da próxima vez, vocês se saírem melhor. Lembrando que além dessa nota tem o meio ponto das questões para quem tiver feito.
Nesse momento, ele pega o pacote de provas e começa a chamar os nomes:
-Ana Beatriz Coelho
Ele já havia entregado umas 20 provas, mas nenhuma delas era a minha, já estava ficando nervosa, comecei a rezar o terço na minha mente para me acalmar, porque eu não podia tirar nota baixa justo na matéria dele!
De repente, ouço ele chamando Hortênsia para receber. Quando ela volta para sua carteira, escuto ela conversando com Milton.
-Amor, tirou quanto?
-9,5-ela responde-Nem sei como, fiz a prova de qualquer jeito
-Puta que pariu, eu estudei tanto e tirei 8,5, sou muito burro
-Mas isso é besteira, Milton, o que importa é passar na faculdade e você ainda tem 0,5 do trabalho. Agora burro mesmo é quem fez essa prova consciente e ainda tirou nota baixa
Nesse momento, Henrique me chamou e eu, muito nervosa, me levantei e fui a seu encontro.
-Parabéns, Larissa-ele fala sorrindo com os lábios
-Obrigada-falei dando meu melhor sorriso ao ver a nota 10 que eu tinha tirado
Assim, me retirei até minha carteira sentindo uma imensa felicidade, pois não só pela primeira vez havia sido melhor do que a Hortênsia, como também tinha o carinho do Henrique, que era melhor que o Milton em muitos aspectos.
-Larissa, final da aula, quero conversar com você-fala Henrique um tanto sério
-Tá bom, professor-falei sorrindo timidamente
-Vai que é tua, Larissa-Rute fala baixinho batendo na minha coxa, fazendo surgir ondas na minha pele
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Não quebre meu coração!
RomanceClarisse é uma mulher de meia-idade que tem um passado sofrido por ter sido abandonada pelo pai aos 5 anos, tendo que conviver com a mãe sempre falando mal dele. Somado a isso, ela foi deixada pelo grande amor de sua vida, relação que lhe rendeu mág...