Capítulo 44-Livro-Meu casamento

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Tudo de ruim estava acontecendo na minha vida, eu não entendia o porquê, simplesmente minha vida estava tomando um rumo que eu era incapaz de controlar, eu sabia que tinha sido inconsequente, mas agora o castigo parecia ser pesado demais para ser superado.
Na noite em que soube da morte da minha vida, chorei desesperadamente no banheiro do quarto de Pedro, enquanto ele dormia. Escolhi esse lugar para que os azulejos do banheiro abafassem o meu pranto e dor, para que apenas eu soubesse da existência deles.
Minha vida parecia um barco em uma madrugada, fria e escura de um naufrágio, me sentia sozinha, culpada. Só agora percebia o quão boa mãe ela tinha sido para mim, apesar de sua proteção exarcebada. Queria ela de volta, mas era inútil.
No dia seguinte, pela manhã, ocorreu o seu enterro, ela estava coberta de flores ao redor de seu caixão, estando meio inchada, tanto que, por vezes, a olhava, não enxergando mais a minha mãe, parecia que ela tinha ido para sempre e nem mais seu corpo sem vida servia para representá-la.
Porém, era seu corpo, apenas sem vida, então, disse-lhe baixinho que a perdoava e, dando-lhe um beijo na testa, sussurrei meu último a pessoa a quem eu deveria mais ter amado no mundo, não o Henrique. Além disso, lhe prometi que me casaria com Pedro, como era seu desejo em vida.
Dito e feito, dois meses depois, eu estava me casando com Pedro, mas eu não estava feliz, fazia por obrigação e por falta de opção.
A cerimônia foi bem simples, apenas com os familiares de ambas as partes, realizada na Igreja Matriz de Massapê.
Bem austera e séria entrei na igreja a passos lentos, com todo mundo olhando para mim, como é de praxe as noivas entrarem, vestia um vestido de mangas bufantes, com um leve acinturamento, fôra escolhido por Janaína, já que eu não tinha mais vontade de ligar para essas futilidades, depois da morte da minha mãe, coisa que durou algum tempo.
Logo depois da cerimônia religiosa, teve a festa na casa dele mesmo, com somente a minha família de Itarema e a dele que morava em Massapê mesmo. Durante o evento, uma moça, contratada por Janaína, servia salgadinhos nas mesas postas na calçada, enquanto eu ia ao banheiro diversas vezes, pois sentia minha barriga comprimindo minha bexiga.
Quando passo pela mesa de uma tia minha, consigo ouvir ela cochichando com minha prima:
-Clara, tá na cara que tá grávida, olha isso, barriga tá enorme!
-Verdade, e também quem se casa hoje em dia com 17 anos
-Outro agravante, uma verdadeira pecadora, isso é o que acontece com as mulheres que fornicam
-Ai, coitada, mãe, acho que ela tá escutando a gente
Assustada e tentando ser discreta, fui chorar no banheiro, era horrível ser julgada e isso só fazia aumentar a dor que eu sentia pela perda da minha mãe, agora eu estava sozinha no mundo e obrigada a passar o resto da minha vida ao lado de um homem que eu nem tinha certeza se era o meu melhor amigo de anos atrás.
De repente, ouço alguém entrando e tento secar as lágrimas bem rápido, lavando o rosto.
-Larissa, Larissa-ela fala entrando-Você estava chorando?
-Não, não, é que caiu um cisco no meu olho-falei tentando parecer convincente
-Ah, pois vamos voltar logo que já está tarde e vocês tem que cortar o bolo logo para não perder a topic
-Tá bom, já já eu vou
Depois de alguns minutos, eu voltei para festa e, enquanto caminhava em direção ao ônibus, aquela tia veio falar comigo.
-Larissa, ainda não tive a oportunidade de dizer o quanto você está bela, parece que fez foi emagrecer da última vez que te vi
-Obrigada-falei séria sem esboçar um mínimo sorriso de simpatia-Me dá licença, tia, que minha sogra tá me chamando para cortar o bolo
-Toda, queridinha
Depois da festa, chegou o momento que eu mais temia, a lua de mel, mas, para minha sorte, teríamos ainda uma longa viagem até Gramado, no Rio Grande do Sul, é uma pena que minha primeira viagem para fora do estado, assim para tão longe, seja nessas condições tão tristes.
Primeiramente, pegamos uma topic até Sobral em uma viagem de 1 hora mais ou menos, depois um ônibus Guanabara até Fortaleza numa viagem que durou 5 horas. Por volta das 9:00 da noite, já em Fortaleza, fomos de avião para Gramado, em que eu dormi o tempo todo, tendo Pedro que me acordar quando chegamos.
Chegando lá, já conseguia sentir a frieza, fora a paisagem que era lindíssima, eu me sentia em um filme americano.
Assim, fomos direto para o hotel. Depois de nos identificarmos e mais algumas burocracias resolvidas por Pedro, nós entramos e subimos para suíte, meu coração acelerava cara vez mais à medida que nos aproximávamos do quarto.
De repente, depois de  acomodarmos nossas malas, percebo que ele tira a camisa e começa a ficar muito perto de mim, como se fosse me beijar. Com tanta proximidade, sinto a umidade de do seu suor perto da minha pele, o que, de certa forma, me repugnou.
-Pedro, hoje não vai rolar, eu tô muito cansada da viagem, você entende, né?
-É, entendo, tava só testando, porque você sabe, se colar, colou. Mas eu acho melhor a gente não ter nada mesmo até o bebê nascer, porque eu tive pensando, esse bebê tem metade do material genético daquele idiota, então meio que se eu fizesse sexo com você assim, me lembra como se eu tivesse transando com o Henrique-ele faz uma cara de nojo-Então, melhor deixar para gente fazer isso depois do parto
Dei graças a Deus de não ser obrigada a fazer nada por um longo período, nem liguei para aquelas palavras absurdas. Cansadíssima, simplesmente troquei de roupa no banheiro e fui dormir, nem ânimo tinha para tomar banho, tomaria de manhã pela manhã.
No dia seguinte, acordei e tomei um banho quente pela 1ª vez na vida, chuveiro elétrico era artigo de luxo para mim.
Assim que senti a água na minha pele, senti meus pelos se eriçando, me sentia energizada, acolhida pelo calor que emanava da água.
Acordei de verdade, me vesti e decidi acordar Pedro para gente se arrumar para tomar café. Ele acorda meio zonzo, um tanto zangado por ter lhe a acordado, disse que não fizesse isso de novo, senão teríamos uma briga feia.
Logo, ele se levantou e começou a tirar a roupa, fazendo uma cara sexy, até parecia que era bipolar, porque há 5 minutos atrás estava brigando comigo. Após girar o calção que vestia, perguntou:
-Está ansiosa para ver?
-Seu pinto? Não, obrigada-falei séria pegando uma revista que tinha no quarto para ler
-Tenho certeza de que o meu é maior que o do Henrique-ele fala como se me instigasse a fazer uma a comparação
-Desculpa, não é não
-Você é muito estraga-prazeres, tenho certeza de que você está dizendo isso só para me fazer raiva
-Não é, você me perguntou algo e eu respondi, quem diz o que quer, ouve o que não quer
-Ah, eu vou é tomar banho que eu ganho mais
Depois que ele terminou de se arrumar, nós descemos para tomar café. Lá, tinha um mesão cheio de comida, nunca vimos tanta comida junta em um mesmo lugar.
Pedro foi logo enchendo o prato, dizendo:
-Pode encher logo o prato que eu pretendo economizar no almoço
-O quê? Você vai me deixar sem comer no almoço?
-Não é sem comer, no jantar a gente come, anda vai
Nem foi tão ruim, à noite saímos para patinar no gelo em um parque chamado Snowland, comemos e até nos divertimos.
No resto da viagem, fomos para vários pontos turísticos, com a economia do almoço, claro. 
Por fim, depois de 15 dias, voltamos para Massapê e o tempo foi passando ainda mais.
Eu comecei a me acostumar com aquela vida de casado, era até legal dormir com ele, era como se fôssemos dois irmãos, cheguei até a sentir uma ligação com ele, um sentimento começava a florescer.
Durante esse meio tempo, Pedro foi chamado para trabalhar no mercantil de um tio dele em Recife e eu fui com ele morar lá, estando com 8 meses de gravidez.
Por ser sobrinho dele, conseguiu um cargo de gerente na empresa e começamos a nos dar bem na vida, montamos uma casa chiquérrima no centro da cidade, a vida estava começando a sorrir para mim,  não da forma que eu planejava ou imaginava, mas estava.
Assim, o tempo foi passando e rapidinho comecei a me acostumar com as comodidades que a vida de rico poderia proporcionar que a figura de Henrique começou a ser uma figura distante na minha lembrança.
Um dia, acordei, fiz minhas higienes pessoais e desci para tomar café da manhã na minha nova cozinha americana.
Tomava café com Pedro, após o mordomo servir a comida, senti um líquido escorrendo pelas minhas pernas. Assustada, me levantei da cadeira e acabei molhando uma parte do piso.
-Larissa, você tá fazendo xixi!-fala Pedro
-Não, besta, é a bolsa que estourou, vamos para o hospital agora

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