Capítulo 22-livro

71 2 0
                                    

-Larissa, final da aula, quero conversar com você-fala Henrique um tanto sério
-Tá bom, professor-falei sorrindo timidamente
-Vai que é tua, Larissa-Rute fala baixinho batendo na minha coxa, fazendo surgir ondas na minha pele
Sorrio para ela, cheia de confiança.
-Henrique, quem foi que tirou a maior nota da sala?-pergunta Rute
-A Larissa-ele olha para mim cheio de orgulho, o que fazia meu coração bater acelerado
Eu retribuo com um sorriso, expressando toda a felicidade que eu sentia. Naquele momento, eu era a menina mais feliz do mundo
De repente, o sinal toca, Henrique se despede desejando a todos um bom final de semana. Logo, todos começam a sair enquanto eu arrumo minhas coisas e espero todos terminarem de sair.
Quando a sala fica vazia, eu me aproximo do Henrique que estava sentado à sua mesa até que ele pede para que eu pegasse uma cadeira e me sentasse próxima a ele.
-Larissa, eu te chamei para conversar porque eu acho que não pedi perdão a você da forma como eu deveria. Eu sei que o que eu fiz não tem justificativa, mas...-Henrique iria continuar falando, mas eu o interrompi
-Por favor, para. Você não precisa se desculpar-comecei e continuei um pouco constrangida-Até porque eu gostei
Henrique me olhava com uma expressão de preocupação.
-O que você quer dizer com isso?
-Ah, não sei-falei sorrindo toda constrangida-Talvez eu esteja gostando de você de outra forma
-Larissa, não, por favor-ele fala e continua em tom mais baixo-Eu não queria que você nutrisse sentimentos por mim, não deveríamos ter ficado tão próximos
-Mas ficamos-falei um pouco alto-E eu não tenho culpa de sentir isso por você, você não pode me tratar desse jeito
-Desculpe-ele voltava a falar no tom brando que sempre falava comigo-Mas me esqueça, não podemos ficar juntos
Aquelas palavras me faziam muito mal, principalmente a última frase, era como se ele estivesse enfiando um punhal no meu coração, o coração que eu pretendia entregá-lo, mas ele o rejeitava e o estraçalhava com suas palavras ofensivas. Então, eu estava me controlando para não chorar, mas, de repente, uma lágrima rolou dos meus olhos. Não queria que ele me visse desabar em lágrimas, portanto me levantei para ir embora.
-Me desculpa, eu não queria te ver assim, mas eu precisava ser sincero com você, não queria te iludir
-Eu sei, mas eu já me iludi sozinha-falei quase chorando
Em seguida, saí apressada com as lágrimas rolando compulsivamente nos meus olhos, mas parei no pátio e as enxuguei, jurando que não ia mais chorar por ele, que eu era uma idiota por ter pensado que ele ia deixar a mulher dele para ficar comigo, como eu era iludida!
Chegando em casa, fui direto para o quarto, nem cumprimentei minha mãe, apesar de ela ter me visto. Decidida a me distrair, pensei em estudar as provas da próxima semana que eram história, geografia, filosofia e sociologia enquanto esperava Rute chegar para estudarmos juntas. Entretanto, assim que abro minha mochila para pegar o livro, a primeira coisa que eu vi foi a prova de Biologia com a assinatura do Henrique. Nesse momento, me voltaram várias lembranças: a recordação do nosso beijo. Não era possível que fosse o nosso único beijo!, ele entregando as provas lindamente e depois a nossa conversa... a minha decepção...aquela conversa que me dava vontade de chorar...E eu chorei, chorei tanto que caí na cama sem forças. Justamente agora que eu encontrei o homem que eu amava, agora ele me desprezava. Eu com certeza não tinha sorte com o amor.
Algum tempo depois, ouço alguém batendo na porta, mas eu nem liguei, nem lembrava mais que a Rute vinha estudar comigo, só queria chorar.
-Larissa, vai abrir a porra da porta-gritou minha mãe
Mas eu não estava nem aí.
-Tá surda, garota? Vai atender-gritou ela novamente com mais raiva
Depois, ela desistiu e com certeza foi abrir a porta. Em seguida, alguém bate na porta do meu quarto. Abro, era Rute.
-Larissa-ela me olha com pena
-Entra-falei com o rosto molhado e o nariz vermelho de tanto chorar
Ela entra, sentando-se em minha cama.
-O que aconteceu?
-O Henrique, Rute-falei chorando-Não me ama, não me ama
-Por que você acha isso?-ela pergunta
-Porque ele se desculpou pelo beijo e disse que não podíamos ficar juntos
-Ai, amiga, sinto muito, mas parte para outra. Tem tanto homem no mundo-ela diz para me animar
-Eu vou tentar, mas acho que não vou conseguir
-Claro que vai, se até eu esqueci os embustes do meu passado
-Mas é diferente, Rute, é que aquele beijo me fez sentir coisas que eu nunca imaginei sentir, acho que estou completamente apaixonada por ele
Depois de eu ficar mais calma, nós ficamos de cara nos livros estudando para prova de história que era a que Rute tinha mais dificuldade.
O dia seguinte era uma sexta, havia aula de matemática, a matéria que eu mais tinha dificuldade, com a sorte de ter um professor muito rígido. Como de costume, enquanto ele explicava todos ficaram muito calados, ninguém tinha coragem de dar um piu na presença dele.
-Em uma equação, devemos separar os elementos variáveis dos elementos constantes. Para isso, vamos colocar os elementos semelhantes em lados diferentes do sinal de igualdade, invertendo o sinal dos termos que mudarem de lado-ele explicava enquanto andava de um lado para o outro na sala até que ele para em frente a minha cadeira-Por exemplo, senhorita Larissa, se você tivesse 4 maçãs mais 2 reais sendo igual 8...
De repente, ele parou e começou a me analisar, seu rosto tinha um semblante sombrio, estava morrendo de medo.
-Você é filha da Virgínia Fernandes-ele afirma surpreso
-S-sou-respondo timidamente nem percebendo que era uma afirmação e não uma pergunta
-Continuando-ele grita alto assustando todos na sala e continua em tom normal, mas muito sério como de costume -Agora eu vou passar mais um exemplo, depois passarei para o próximo capitulo
Ele me dava muito medo, não entendi aquilo dele de ficar olhando para mim, de onde será que ele conhecia minha mãe?!
Assim que cheguei em casa, a primeira coisa que lembrei foi de perguntar para minha mãe sobre o professor.
-Mãe, você conhece um homem chamado Renan Vasconcelos?
-Hum, esse nome não me é estranho, mas eu não tô lembrada bem quem seja. Por quê?
-É um professor meu, ele perguntou se eu era sua filha
Passado o final de semana, era segunda-feira, tinha aula do Henrique e eu não sei com que cara olharia para dele, depois da nossa conversa, eu não queria ir para aula, talvez nunca mais. Então, decidi inventar uma doença para ver se minha mãe me deixava faltar. Portanto, nem me levantei da cama, já eram 6:30 e eu ainda nem estava vestida, quando tomo um susto com minha mãe entrando no quarto bufando de raiva.
-Que é isso, Larissa, por que não está vestida para ir ao colégio?
-Mãe, não me sinto bem-falei-Minha garganta está ardendo muito e eu tô cheia de catarro
-Deixa de frescura, Larissa, vá se arrumar agora-ela grita comigo
-É sério, mãe, por favor, não me sinto bem-falei quase chorando
-Larissa Maria Fernandes, se levanta dessa cama agora-ela grita e continua mantendo autoridade-Quer apanhar depois de velha?
-Tá bom-consenti na hora, mas pensando em uma nova forma de convencê-la
-E eu ainda vou ficar aqui te pastorando, porque tu não vai me enganar-ela fala
Então, entrei no banheiro para fingir que ia tomar banho, aí pensei: vou fingir que tô vomitando. Eu lá, comecei a enguiar e a enguiar.
-Para com isso, Larissa, eu sei que tá fingindo, vou pegar a cinta
-Não-gritei
Então, eu tive outra ideia, mas essa era arriscada, porém tinha que tentar, não queria ver ninguém. Para causar mais impacto, decidi fazer isto no chuveiro para dizer que fui tomar banho e não deu tempo de segurar. Logo, enfiei meu dedo na minha goela e puxei, vomitando muito, não imaginava que seria tanto, me senti zonza.
-Larissa-ela disse preocupada se aproximando do banheiro, abriu a porta
Ela me encontra desfalecida, encostada na parede do banheiro em meio ao meu regurgito.
-Larissa, minha filha, o que você fez?-minha mãe me olha com preocupação
Eu queria responder algo, mas não conseguia, meus lábios simplesmente não se moviam.
-Vai se deitar que eu limpo isso aqui-ela diz
Eu tento obedecer com muita dificuldade me segurando nas paredes, mas, de repente, tudo começa a escurecer e apaga.
Quando eu acordo, me sinto fraca, logo vejo que Gustavo estava ali junto com minha mãe.
-Olha, a princesa acordou-fala Gustavo
-Como está se sentindo, filha?-pergunta minha mãe
-Bem-falei
-Você quer que eu chame um médico?-pergunta Gustavo
-Não, de jeito nenhum, amanhã eu vou estar bem melhor-falei
Depois do almoço, eu dormi até 4 horas da tarde e não aguentava mais ficar deitada na cama, então me levantei e fui direto para cozinha onde minha mãe passava café, ela era viciada nisso, todas as refeições dela tinham que ter café.
-Boa tarde, mãe-falei super animada
-Boa tarde, Larissa-ela fala normalmente-Vejo que já está muito animada
-Sim, estou muito bem-falei e depois de uma pausa-Precisa de ajuda em alguma coisa?
-Preciso, vá comprar pães para mim-ela diz-Espera que eu vou pegar o dinheiro na minha bolsa
Depois que ela entra no quarto, o telefone toca, tirei ele do gancho e atendi.
-Alô, quem é?-perguntei
-Sou eu, Rute, amiga-ela começou-Tenho que te contar uma coisa, é melhor você saber por mim do que por..., é...para não ficar tão assustada
-O que houve, Rute? Fala logo
-Não é nada demais. É que hoje que você faltou, o professor de geografia passou um seminário para gente fazer em grupo
-Eu tô na sua equipe?-perguntei
Nesse momento, minha mãe sai do quarto com o dinheiro e, ao ver que eu estava falando ao telefone, foi logo olhar se o café tinha terminado de coar.
-É sobre isso mesmo, amiga, o professor fez um sorteio para os líderes das equipes e os líderes fomos: eu, o Pedro, a Hortênsia, o Thiago e o Matias, só que o professor tava deixando a gente escolher em ordem alfabética quem ia ser de cada equipe.
-Sim-falei para que ela continuasse
-Aí o nome dela vem antes do meu e como era a primeira vez que dele, ele te escolheu, colocando seu nome na equipe dele
-Desgraçado!-falei com raiva-Eu me recuso a fazer esse trabalho com ele
-Pois é, amiga, sinto muito, queria tanto que você fizesse o trabalho comigo-ela fala tristemente
-Pois isso não vai ficar assim; amanhã mesmo eu vou falar com o professor para que me coloque na sua equipe
-Não sei se vai poder, amiga, todas as equipes têm que ter o mesmo número de integrantes e já deu os números
-Ah, então não faço-falei- Já sou boa em geografia mesmo
-Ai, amiga, você que sabe. Vou ter que desligar, minha mãe tá me chamando para lavar louça
-Tá bom, tchau
-Tchau-fala ela desligando
Tendo desligado ela, fui até a cozinha onde minha mãe me deu 5 reais para comprar 2 reais de pães e que trouxesse os 3 reais de troco.
Chegando na padaria, fiz o que minha mãe pediu, saí carregando uma sacola de pães. Até que parei na calçada de uma rua, esperando poder passar até que vi Pedro, de longe, andando na calçada, ainda tendo o descaramento de vir me cumprimentar.
-Larissa-ele fala me cumprimentando
-Que é?-falei em tom ríspido
-Hoje você faltou e o Caco passou um trabalho para gente fazer, e eu acabei te colocando no meu grupo, queria saber quando podemos nos encontrar para fazer
-Sabe quando? No dia de São Nunca, porque eu não vou fazer nenhum trabalhado com você-falei com raiva
-Mas Larissa, nós sempre fazíamos trabalho juntos-ele fala me olhando tristemente
-Você é burro ou se faz? Amigos fazem trabalho juntos e nós não somos mais, será que você não entendeu ainda?-gritei
-Larissa, você não percebe que tá fazendo um escândalo na rua? Tá todo mundo olhando para gente, depois você reclama que todo mundo comenta que a gente namora
-Tem razão, é isso que você quer. Por isso que me faz raiva para eu me exaltar e todo mundo pensar que a gente namora-digo respirando fundo para me acalmar
-Na verdade, eu não quero isso, que todo mundo comente que a gente namora, nem gosto de ser algo alvo de fofocas, eu quero mesmo que a gente namore de verdade-ele fala em tom de cantada
Me subiu uma raiva enorme.
-Me deixa em paz-disse dando um tapa com força na cara dele e saí apressada atravessando a rua
Eu não olhei para os dois lados, a cólera havia feito eu me esquecer de questões de segurança. Quando dou por mim, o carro estava em cima de mim e segundos depois, tudo estava escuro.

Não quebre meu coração!Onde histórias criam vida. Descubra agora