Não quebre meu coração!

Capítulo 3-Dores

Clarisse fica chocada e, ao mesmo tempo, irritada com a pergunta da filha e responde a primeira coisa que vem à cabeça.
-Provavelmente não, ele está apaixonado por outra-Clarisse fala com certo despeito-Me disse isso enquanto conversamos hoje e ela tem mais ou menos a idade dele.
-Ah-fala Liana tristemente
Clarisse vai saindo quando percebe que essa resposta era a afirmação que uma adolescente na defensiva diria, temendo que a amiga lhe roubasse o namorado. Então, logo retificou o que disse:
-Perdão, filha, eu só disse isso porque fiquei com muito medo que fosse atrás dele-Clarisse-Então, o que eu realmente gostaria de dizer é que você é tão novinha, tão linda, procure um rapazinho da sua idade e não um cabra velho daquele de mais de 50 anos, viu?
-Tá, mãe-Liana
-Fora que seria contra a lei e poderia ser considerado até pedofilia pelo fato de você ser menor de idade-Clarisse
-Tá bom, mãe, já entendi-Liana fala um pouco impaciente
-Tá certo, filha-Clarisse e dando um beijo na testa de Liana diz-Boa noite
Clarisse sai do quarto, apagando a luz e fechando a porta.
"Ah, mãezinha, eu não tenho culpa de ele não ter querido ficar com você quando você era mais nova, agora eu, não custa nada eu tentar"pensa Liana fechando os olhos para dormir e sorrindo maliciosamente.
No dia seguinte, Karla faz uma visita à Clarisse no hotel. Ela estava sozinha mexendo no celular, vestindo um baby doll, quando viu a amiga e psicóloga entrar pela porta. Esta tinha os cabelos loiro-platinado e extremamente curtos, dando um ar de modernidade e despojo à mulher.
-Ah, amiga-fala Clarisse abraçando-a
-E aí, como é que você tá?-Karla
-Poderia estar melhor, mas com tudo o que aconteceu-Clarisse
-E o João Neto?
-Ele saiu para trabalhar em uma filial da empresa aqui, ele disse que não consegue ficar longe do trabalho, mesmo estando de férias-Clarisse
-E você não tem ciúme?
-Ah, sei lá, ontem mesmo ele me disse que me traiu, ontem ele passou o dia fora, mas ele me prometeu que não iria fazer de novo
-E você não ficou com raiva?-Karla
-Não muito, a minha maior raiva foi porque ele me deu um tapa na recepção do hotel na frente de todo mundo, só porque eu tava abraçando o Marcelo, nem te contei dele ainda-Clarisse-Mas se o João Neto sentiu ciúmes, quer dizer que ele ainda gosta de mim
-Nem sempre, amiga, principalmente se ele for machista, o que grande parte dos homens é, eles pensam que só o homem tem o direito de trair, que ele, sim, pode ter várias mulheres e por aí vai-Karla-Toma cuidado, não deixa ele te bater de novo
-Não, claro que não, se fizer de novo, eu denuncio-Clarisse
-E quanto ao Marcelo, tem algo que queira me contar?-Karla
-Tem muita coisa. Na verdade, isso é que tá mexendo muito com as minhas emoções ultimamente, porque...tudo na minha vida agora se entrelaça com a dele, eu não sei explicar-Clarisse
-Só uma pergunta: quem é Marcelo mesmo?-Karla
-É aquele meu professor que eu namorei com ele-Clarisse-E você não sabe o que ele é da minha nora?
-O quê?
-Pai dela
-Poxa, então... agora você vai ter que impedir esse casamento-Karla
-Claro, não tem jeito, eles não podem ficar juntos, mas eu tenho medo que ele volte a usar maconha sem ela-Clarisse
-Complicado, amiga, mas aí ele vai numa clínica de reabilitação, se precisar-Karla
-Fora que o problema não é só esse, você não sabe a vontade que eu tenho de sair desse hotel e de ir no apartamento do Marcelo para ir para cama com ele, mas eu não posso-Clarisse
-Sabe o que é isso, você não resolveu aquele problema que me falou: como é que você tá casada com um homem e não goza com ele?-Karla
-Eu sei, mas eu não posso me divorciar, tem os meus filhos, fora que que eu não posso ser mal agradecida: foi ele quem me ajudou quando eu tava no fundo do poço na época em que o Marcelo me deixou-Clarisse
-Mas me diz uma coisa, você é feliz na situação em que se encontra?-Karla
-Eu era até o Marcelo reaparecer, agora eu sinto como se faltasse um pedaço dela para ela ficar completa. Fico lembrando da gente e sinto vontade ora de agarrá-lo, ora de chorar o tempo inteiro-Clarisse fala com um sorriso triste-Ai, amiga, acho que nunca vou conseguir gozar com outro homem que não seja o Marcelo
-Eu também acho, e acho bom você resolver esse problema logo, senão logo, logo a bola explode, aí você vai estar subindo pelas paredes, eu falo isso por experiência própria-Karla
-Aí não, amiga, eu não sou assim como você-Clarisse
-Ai, Clarisse, o meu tempo de visita com você está acabando-Karla-Só digo uma coisa:sua vida dava um belo livro, acho que deveria escrever um.
Clarisse ri.
-Não, eu tô falando sério, amiga, com certeza deve ter tido muita coisa que você se esqueceu de me contar ou até não quis contar e, no livro, você vai se sentir muito mais à vontade, seria uma espécie de livro intimista. E, detalhe, você pode mudar o nome das personagens, caso não se sinta confortável
-É, depois eu penso nisso-Clarisse
-Tudo bem, até mais. Clarisse, qualquer problema, só chamar-diz Karla indo embora
Do outro lado da cidade, em uma churrascaria, Léo e Angra estavam esperando o almoço enquanto conversavam.
-Meu amor, hoje de manhã foi horrível, eu acordei morrendo de cólica-Angra
-E você marcou uma consulta com um médico?-pergunta Léo com uma expressão de preocupação
-Não, isso não é nada, não precisa se preocupar, é só minha TPM que tá vindo muito forte esse mês-Angra
-Tem certeza? Mas é bom você ir, pelo menos para saber porque você tá assim-Léo-Por favor, Angra, vai, se acontecesse alguma coisa com você, acho que eu morreria
-Tá bom, eu vou-fala Angra sorrindo e beijando-o-E ocorreu tudo bem ontem, amor? Seu pai apareceu?
-Mas você acredita que ele desapareceu apenas para trair minha mãe?-Léo
-Não!-Angra exclama surpresa
-Infelizmente sim e depois veio com ciuminho só porque viu minha mãe conversando com seu pai, ainda teve a audácia de dar um tapa nela na frente de todos no hotel-Léo
-Meu Deus!-Angra
-Aí eu tive uma discussão muito feia com ele
-Com toda razão, meu amor, em uma mulher não se bate nem com uma pétala de rosa-Angra
-Pois é, agora eu acho que se ele gosta mais dela, mesmo sendo triste um filho dizer isso, acho que deveriam se separar, ele só tá fazendo ele e a minha mãe sofrerem-Léo
-É verdade, mas talvez, eles não pensem assim e também são muitos anos de casamento, é muito mais complicado você sair de uma coisa quando tá nela há muito tempo-Angra
-Pode até ser, mas não deveria ser assim. Para mim, a única coisa que deveria segurar uma relação é o amor. Se ele acabou, a relação morre junto-Léo
-Sim-Angra e continua-Por isso que nunca vamos nos separar
-Como você adivinhou isso? Que garota esperta-fala Léo beijando-a
Alguns minutos depois, o garçom traz a comida e os serve. Após o garçom sair, Angra tenta dar uma garfada na comida, mas não consegue.
-Nossa! Essa comida tá com um cheiro muito forte-fala Angra fazendo uma expressão de nojo
-Não tô achando isso, meu amor. Para mim, a comida tá normal-Léo fala dando uma garfada na comida
Depois, volta os olhos para namorada que estava branca feito um lençol.
-Angra, está tudo bem?-pergunta Léo
Ela responde negativamente com o dedo enquanto estava com uma mão na boca, como se estivesse evitando o vômito, e saiu correndo em direção ao banheiro.
Cinco minutos depois, ela volta do banheiro, sentindo-se um pouco fraca.
-Angra
-Tô bem, tô só de TPM-fala ela levantando as mãos como se estivesse se preparando para ser revistada por um policial.
-Sei-fala ele com sarcasmo e continua-Vamos para o hospital
-Deixa de ser exagerado-Angra
-Eu não tô pedindo, eu tô mandando-Léo
-Você não pode me obrigar-Angra-Eu quero é ir para casa
-Angra, Angra, eu tô dizendo isso porque eu te amo, eu não quero que nada de ruim aconteça com você-Léo
-Mas eu não quero ir, quero ir para minha casa me deitar-Angra
-Tá bom, sua teimosa-fala ele um tanto zangado por ter sido contrariado e continua falando com o garçom-A continha por favor
Depois de pagar a conta, os dois saem em direção ao carro que estava estacionado do outro lado da rua. Entretanto, Angra notou que ele estava zangado com ela, por causa da pequena discussão que eles tiveram no restaurante, quando entraram no carro.
-Meu amor, eu não acredito que você ainda tá com raiva de mim só por causa daquilo-Angra
Léo fica sério, sem olhar para ela. Então, ela decidiu usar seu último recurso, afinal, ele amava seus beijos. Nesse momento, Angra pula no colo dele, beijando-o, com suas costas quase batendo no volante, além de tentar excitá-lo tirando a blusa.
-É, você até que parece bem saudável agora-fala ele entre os beijos
-Shhh-fala ela desabotoando a camisa dele
Depois, os dois voltam a se beijar e ele desce suas mãos que estavam na cintura para as nádegas da moça, acariciando-as.
Mais tarde, cedo da noite, Clarisse havia ido ao supermercado fazer compras, enquanto o resto da família preferiu ficar no hotel.
Liana decidiu colocar seu plano de conquistar Marcelo em prática, começando a puxar assunto com ele pelo celular, conversaram sobre diversos temas até que ele teve que sair, dizendo para ela que tinha que dormir cedo, porque, pela manhã do dia seguinte, daria aula. Aí ela, sem ter o que fazer decide ir conversar com o pai.
Saindo de seu quarto, Liana foi até o quarto do pai, que ficava ao lado do seu. Assim que ia bater na porta, escutou algo que parecia ser o pai conversando pelo telefone com uma mulher. Curiosa, ela aproximou o ouvido da porta para escutar melhor a conversa.
-Desculpa, eu pensei que era o momento oportuno, é que eu estava estudando a matéria para o vestibular, então eu notei que me concentro melhor perto de você. É besta, eu sei, mas é uma pequena coisa que faz diferença-ela fala
-Ah é? Se faz bem para você, mas não faça isso comigo aqui no hotel-João Neto fala
-Faz muito bem, tipo muito mesmo, Pego mais rápido a matéria quando você a diz-a mulher
-Mudando de assunto, Louise, eu queria que a gente se encontrasse-João Neto-Quando você está livre?
Escutando isso, Liana fica enfurecida, jurando seguir ele, se ela topasse se encontrar com ele.
-A semana é complicada, mas sempre aos finais de semana estou livre-Louise
-Amanhã é sábado, que tal amanhã no mesmo hotel de ontem?-João Neto
"Então, é ela mesmo a amante", pensa Liana.
-Pode ser, aquele lugar era legal-Louise
Ela dá uma risadinha.
-Menos a atendente, ela me dava calafrios. Você viu o olhar dela? Era como se ela podesse ver todos seus pecados-Louise
-Sim, eu também me senti meio envergonhado, pensei na minha mulher-João Neto
"Agora ele pensa na minha mãe, cachorro", pensa Liana
Louise solta um som triste, mas rapidamente sorri.
-Eu pensei, na verdade, que talvez ela achasse que eu era mais velha e meus genes eram ótimos-Louise
Depois, ela entra em um assunto que não interessava à Liana, até ela voltar a falar do encontro.
-Mesmo horário então?-pergunta Louise
-Sim-João Neto
No dia seguinte, Clarisse chama Léo para conversar com ele a sós em seu quarto.
-O pai disse que você tinha um assunto para conversar comigo-Léo-O que era?
-Senta aí, filho-Clarisse
Léo senta-se em uma cadeira que havia no quarto.
-E então?-Léo
-Léo, quero que você termine tudo com a Angra-fala Clarisse seriamente