Capítulo 27-livro-O pedido de namoro

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Na semana seguinte, nos reunimos eu, Pedro e as outras pessoas que compunham o grupo para fazer o trabalho de geografia, separamos os temas que cada um iria falar e ficou nisso.
Decidi pegar leve com o Pedro e fingir que nada tinha acontecido, tratá-lo como antes, deixei até ele me deixar em casa, ele deve ter notado isso que até tomou a liberdade de me fazer um convite.
-Eu gostei muito de fazer o trabalho com você esta tarde-comenta
-Também gostei-falei tentando ser gentil
-Já que está tudo bem entre nós agora, o que você acha de tomarmos sorvete amanhã que é sábado? Eu pago
-Se você pagar, então tudo certo
Ele sorriu, radiante de felicidade.
-Então combinado, te pego às 8:00?-ele pergunta
-Pode ser, até amanhã então-disse entrando em casa e me despedindo dele
Chegado o fim de tarde do ouro dia , eu fui tomar banho e me preparar para passar o resto da noite de sábado assistindo às novelas da Globo. Coloquei um blusão que mais parecia um vestido em mim, cheio de buracos feitos por traças, mas, como eu iria ficar em casa, não tinha problema.
Começara a novela das 8, a história girava em torno de Eulália, uma moça rica, filha de um coronel, que se apaixona por um cortador de cana, José Leandro.
Na cena daquele capítulo, os dois se beijavam planejando uma fuga para que os dois pudessem se casar, comecei a me imaginar na cena com Henrique, mas logo tentei tirar  isso da cabeça devido às circunstâncias.
Voltei minha atenção à telinha até que ouço alguém bater na porta, mas não quis atender, estava em outra cena com os 2 e eu não iria perder por nada.
Porém, de repente, ouço minha mãe se aproximando enquanto gritava comigo.
-Tá surda, menina? Não ouviu a porta?
-Desculpa, mãe, é que tá numa parte muito boa-falei-Atende para mim por favor
-Tudo eu tenho que fazer nessa casa. Parece que sou empregada aqui na, tudo eu que tenho que fazer-retorquiu ela indo em direção à porta
-Ôh, Larissa, é o Pedro
-Puts, é o Pedro, como poderia ter me esquecido?-pensei em voz alta e gritei-Diz para ele que eu já tô indo
Fui no quarto correndo, tirei a roupa e peguei o primeiro vestido e o primeiro sapato que vi, esqueci até de passar perfume, indo até a entrada.
-Tu ia sair com ele e nem me disse nada?-ela pergunta um tanto zangada
-Ah é, desculpa, mãe, eu acabei me esquecendo...eh de dizer para a senhora, claro-falei olhando para Pedro e depois voltando o olhar para ela
-Devia não deixar tu ir-ela fala me olhando feio
-Não, por favor, tia Virgínia, deixa ela ir-Pedro pede suplicante
-Tá bom, tá bom-ela cede-Mas vocês volte antes das 10, viu? Se passar das 10, tu nunca maus vai poder sair na tua vida
-Tá bom, mãe-falei indo embora com ele
A sorveteria ficava a uns 2 quarteirões da minha casa, localizando-se em uma rua extremamente pacata, assim como todas as ruas de Massapê. Suas paredes eram desenhadas com imagens fofas de crianças tomando sorvete, o que dava ao estabelecimento um ar alegre e divertido.
Quando entramos, escolhemos o sorvete, eu pedi chocolate e ele graviola. Nos sentamos na mesa que haviam lá fora devido à ventilação e começamos a papear.
-Ah, Larissa, eu já estava com saudade de passar um tempo com você-ele comenta sorridente
-Eu também, me traz uma nostalgia, fico lembrando de nós brincando de pega-pega e esconde-esconde-falei e logo em seguida tomo uma colherada de sorvete
-Isso porque eu te obrigava, mas você queria mesmo era brincar de casinha
-Sério?-falei estranhando e depois disfarcei-Mas é normal tem muita criança mesmo que gosta de brincar de boneca com um amigo
-Não, claro, é normal, é que, na época, eu era muito inexperiente, não tava preparado para brincar de pai, mas agora eu tô
Ignorei seu comentário e ele notou. Aí que ficamos em um silêncio constrangedor até que eu decidi puxar assunto.
-E no colégio, você tá achando fácil as matérias?
-Fácil não, mediano, mas até que dar para passar. E você? Estudiosa e inteligente do jeito que é, deve tá achando tudo fácil
-Quem me dera, Pedro-falei olhando para ele agradecida pelo elogio-Matemática e Física tá sendo muito difícil para mim, até que Física dá para passar, como você disse. Agora Matemática, com um professor como Renan me marcando, fica difícil
-Ele te marca?-Pedro me pergunta surpreso
-Você não vê? Ele fica o tempo inteiro me intimidando e me fazendo perguntas que ele sabe que eu não vou saber responder, só para me fazer sentir incapaz. Como eu vou aprender desse jeito?
-É verdade que ele não é nada simpático, mas esquece isso, você é muito inteligente e esforçada, não precisa de um professor para te fazer aprender-motivou-me e depois mudou de assunto-Já deu para perceber que você odeia o Renan, mas de qual professor você gosta mais?
Confesso que fiquei apreensiva fim essa  pergunta e respondi com a voz trêmula:
-Ah...não sei, gosto de todos
-Eu pensava em você gostava mais do Henrique, já que ele te elogia tanto
-Err...vamos mudar de assunto
Depois de vários assuntos, decidimos ir embora com ele indo me deixar em casa. Na porta de casa, íamos nos despedindo quando nossos rostos se aproximaram e ele chegou a me perguntar:
-Posso te beijar?
Assenti com a cabeça e assim ele fez. Mas foi a mesma situação das outra vez: não conseguia sentir nada, me sentia um robô beijando-o.
Então, sorrindo amarelo me despedi dele e entrei em casa um tanto constrangida.
Minha mãe me recebeu e logo depois de fazer minhas higienizações, fui dormir.
No dia seguinte, fui à escola pensando que seria mais um dia normal. Entretanto, foi um dia que ficou marcado...como o dia da vergonha pública. Pensava que depois do ocorrido, ele iria me buscar para irmos juntos ao colégio, mas isso não aconteceu. Então, fui sozinha como se não tivéssemos feito as pazes.
Chegando lá na sala, Pedro já havia se instalado na carteira, aparentemente tinha chegado mais cedo, sentei-me e perguntei:
-Pensei que iríamos juntos para escola hoje
-Mesmo? Só de ontem para hoje, você já está com saudades?-ele brinca
-Não, é que você sempre vinha  me buscar antes e eu achei estranho-continuei séria
-Não se preocupe, meu bem, teremos todo o resto de nossas vidas para andarmos juntos
Depois do recreio, ocorreu a aula do Henrique.
Ao entrar na sala, ele nos cumprimenta como o de costume e introduz a aula:
-Gente, hoje vai ser uma aula bem corrida. Por isso, eu queria contar com a cooperação de vocês e pedir que evitem as conversas paralelas durante a aula de hoje, tá bom? Primeiramente, eu queria passar o visto na atividade de ontem sobre os cnidários, corrigir e, em seguida, começar logo o capítulo 12, que é sobre os platemintos. Mas por que que eu tô fazendo isso? Deveria ter explicado isso no início, mas...enfim, é porque nós estamos correndo o risco de ficarmos atrasados. Então, explicado isso bora começar.
Ele passava o visto nas atividades apressadamente. Dentre as pessoas que não fizeram, apenas as honestas afirmavam que não o fizeram. Quando chegou na minha vez, ele simplesmente deu o visto e nem chegou a olhar na minha cara, me deixando com uma certa melancolia.
Assim que o sinal tocou, mas enquanto arrumava minhas coisas, Rute veio falar e comigo:
-Amiga, o Pedro pediu pra você esperar esperar ele no pátio que ele disse que tinha uns assuntos para resolver e vocês dois vão poder voltar juntos depois
-Mas se ele tem algo para resolver, eu vou sozinha mesmo, prefiro não esperar
-Não, espera, Larissa, você não vai fazer essa desfeita com o pobre coitado que quer tanto ir para casa com você
Já que eu ia ter que passar pelo pátio mesmo, não vi problema em esperar um pouco. Porém, quando me aproximo, vejo ele sentado  no banco segurando um ramalhete de rosas vermelhas e um ursinho bege gigante escrito"Eu te amo".
-Pedro, o que é isso?-perguntei assustada
-Calma, você já vai entender-ele fala se ajeitando.
De repente, ele se ajoelha perante a mim atraindo uma multidão de alunos, funcionários e pais, à medida que eu ficava mortificada de vergonha a ponto de não conseguir pensar.
-Larissa, quer namorar comigo?

Não quebre meu coração!Onde histórias criam vida. Descubra agora