Capítulo 47

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Catarina Hernandez

Confesso que logo quando acordei, demorei para me acostumar com a falta de claridade, afinal estou acostumada a acordar em um quarto com cortinas finas, que me dão certa noção do tempo, mas aqui nessa área privativa do clube, as cortinas são grossas e pesadas.

Não tenho nenhuma noção do tempo, mas meu corpo me falou que já estava na hora de me mexer, me sinto um pouco dolorida por causa da brincadeira de ontem, mas não me arrependo.

Rolo para o lado procurando Júlio, mas a cama está vazia e fria - novamente - várias coisas passam pela minha cabeça, minha mente tentando a todo custo me boicotar.

- acordou antes do previsto - Júlio disse de algum lugar do quarto.

Mas eu não conseguia enxergar nem um palmo na minha frente, a escuridão do quarto era densa o suficiente, para parecer que eu estou de olhos fechados, mesmo com eles abertos.

- nosso voo sai em quatro horas, você deve estar cansada depois de ontem.

- porque todos vocês tem um quarto nessa...

- área privativa. Como gostamos de chamar, mas bom... Todos os quartos são projetados de acordo com o que cada um achou necessário, Henrique nem deve ter vindo aqui com a Vitória já que a reforma mesmo só acabou dois meses atrás. O único de nós que aproveitou foi o Matheo, que veio para cá um dia depois da entrega do projeto.

A voz do Júlio foi aos poucos se aproximando até que eu sentisse o colchão afundar ao meu lado, Júlio envolveu os braços ao redor do meu corpo, puxando-me para si.

- Devemos descansar ao máximo.

Eu me sinto feliz por ser a primeira que visita esse lugar - e última, espero eu - mas ao mesmo tempo me sinto culpada por me deixar levar por ele, mesmo sabendo que eu deveria me sentir nas nuvens depois de uma noite maravilhosa como ontem, se eu me mexer um pouco mas, o meu corpo grita, sentindo falta dele dentro de mim.

(...)

Nem sequer voltamos para a cobertura onde estávamos ficando, Júlio mandou alguém buscar as malas, eu definitivamente não sei que era, meus olhos pesavam tanto, que cheguei a pensar que tivesse tomado algum remédio para dormir.

Minhas pernas doíam a cada passo que eu dava, minha mente começou a girar assim que eu vi Júlio sentado em uma escada, me sentei ao seu lado sem nenhuma intenção de começar a falar nada.

Júlio se levantou da escada do aeroporto, apenas para tirar o paletó e me entregar, colocando-o nos meus ombros.

- Vitória ficou de ligar - foi tudo que Júlio disse antes de se sentar de volta ao meu lado.

Da última vez que eu me importei em verificar, faltava uma hora e um pouquinho para o nosso jatinho ficar pronto, mas eu nem me dei conta quando deitei a cabeça no ombro do Júlio e dormi.

Cochilei na verdade, já que acordei - ao que me pareceu, minutos depois - mas eu acordei com um barulho infernal, que mais me parecia ser dentro da minha cabeça.

Minha coxa encostava na do Júlio, a mão dele pousava relaxadamente na parte interna do meu joelho, entre uma perna e outra.

- é o seu - Júlio disse com a voz rouca.

- que merda - reclamei com a voz mais sonora do que eu imaginei, afinal eu acho que dormi mais do que pensava.

Bocejei antes de me esticar para trás, peguei o celular que estava na... onde está o meu celular? Júlio o pegou do bolso da calça, quando percebeu que eu estava procurando mas não o encontrava.

Tentação oposta - livro 2 da série: Os MendonçaOnde histórias criam vida. Descubra agora