Capítulo 36

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Catarina Hernandez

Eu sei que não deveria estar olhando pela janela, enquanto Júlio conversava com a Sarah, no fundo eu achei que ele fosse algemar a mulher e bater nela, ou amarrar em uma árvore, quem sabe? Bom, na verdade a minha surpresa foi enorme quando ele se virou e me viu na janela da cozinha, aonde já estava escuro, mas as luzes do jardim iluminaram o meu rosto o suficiente para que ele me reconhecesse.

Tentei me esconder, mas percebi que falhei miseravelmente, quando a porta que dava para o jardim, se abriu e eu reconheceria aquele perfume em qualquer lugar, ele tinha um cheiro de gengibre, meio adocicado, mas ao mesmo tempo conseguia me embriagar, eu me sentia igual o gato de Tom & Jerry, o cheiro me atraia tanto, que eu achei que fosse capaz de sair flutuando até o cheiro.

- você não é a melhor espiã.

Ouvir a voz dele tão perto de mim... senti um arrepio pelo meu corpo, tentei não estremecer, apoiando a mão no balcão da pia, ainda de frente para a janela, a respiração pesada atrás de mim, me mostrava que ele estava perto o suficiente para... encostar em mim.

- estamos nesse jogo... em que você me ignora e eu mostro tudo que posso fazer com você? - como dizia aquele ditado "se ficar o bicho pega, se correr o bicho come".

Não sou a pessoa mais atlética então, não vou correr, o que tem de mais em uma pegadinha? Muita coisa Catarina, muita coisa.

- não estou te ignorando e não estava espionando ninguém.

- eu gosto do som da sua voz - e eu gosto de tudo em você Júlio, mas aparentemente as coisas não podem ser fáceis para mim. 1 x 0 para a vida.

- então? a Sarah vai ficar para o jantar? você falou com ela sobre a viagem? Eu se fosse você, falava logo e a satisfazia rápido, por que ela vai ficar com saudades do... seu corpo - limpei a garganta - sinta-se a vontade para usar o nosso quarto.

- só usaria aquele quarto com você - acho que essa resposta foi rápida demais, como se ele estivesse prevendo o que eu ia dizer, ou como se ele estivesse planejando falar isso em algum momento - terminei tudo com ela.

- como se sente? - perguntei.

- livre como um pássaro que há muito, esteve preso em uma gaiola - ele pegou algo no bolso - pra você.

Ele tirou do bolso, uma pulseira dourada, a peguei na mão tentando imaginar em quando ele a comprou, olhei para ela com a testa franzida, tinha um "M", perto do fecho, gravado em uma das borboletas, Júlio empurrou meu relógio um pouco para cima e a colocou no meu pulso, depois beijou o meu pulso, os arrepios poderiam simplesmente parar?

- ficou perfeito! - ele comentou com um sorriso cafajeste no rosto.

- obrigada - agradeci saindo de perto daquele corpo quente e convidativo, já estourei minha cota de agarração por hoje, passei quase a tarde toda, deitada no ombro do Júlio, enquanto Lia dormia perfeitamente no peito esculpido dele.

Não sei explicar o que senti quando soube que ele estava na cadeia por desordem, quem em sã consciência é preso por desordem? Fora aquela briga patética que ele teve com os homens da Mendonça. Só sei que eu simplesmente não conseguia encará-lo, agora que ele estava na minha frente com uma bermuda, chinelos e uma camisa verde, eu decidi que era bom encará-lo, péssima decisão Catarina.

Lia estava sorrindo quando entrou na cozinha, há pouco tempo eu havia levado Lia para ficar com a avó, por incrível que pareça, Daiana, não se importou que adotamos uma criança, ela na verdade amou a Lia em primeiro momento.

Decidimos não falar a ela nunca, que ela era adotada, o processo de adoção corre sigiloso até o meu último suspiro, que se depender de mim, ainda vai demorar para acontecer.

- dê oi para a mamãe antes de ir dormir - Daiana falou.

- oi mã - Lia falou arrancando um suspiro do meu peito, essa garotinha entrou na minha vida tão rápido, mas o fato dela me chamar de "mã", me deixa louquinha para sair pulando e gritando que agora eu sou mãe.

- oi princesinha - disse enquanto pegava ela do colo da avó.

Lia ficou um tempo comigo e depois praticamente pulou para o colo do pai - quero dizer... do Júlio - Daiana levou a minha menininha para tomar banho, prometemos que logo iriamos dar um beijo de boa noite na nossa princesa, nem percebi que já passava das 22 horas, corri para o banheiro, mas aparentemente Júlio não me deixaria fugir dele.

- vai tomar banho primeiro? - ele perguntou jogando uma toalha branca na cama.

- essa fazenda é enorme, na verdade isso nem é uma fazenda, é uma mansão de campo, o que não falta é banheiro, porque você não toma banho em outro quarto?

- você sabe que não pode fugir de mim - merda.

- mas por enquanto eu vou tentar.

Bati a porta do banheiro antes que ele pudesse falar algo mais, eu não costumava agir como uma adolescente na puberdade, que fica toda excitada quando vê o cara do time de futebol americano, para mim, minha vida parece uma piada, uma incrível e inédita piada.

Olhei para a pulseira e minha aliança, a viagem para Miami não é exatamente algo que eu gostaria de fazer, amanhã farei uma reunião com a Vitória, provavelmente com Henrique e Júlio, caso Vivis, já tenha se resolvido com o marido afinal, ela é louca por ele.

Na verdade não acho que algum dia sentirei o que ela sente, na verdade acho isso extremamente difícil.

Sai com uma toalha na cabeça, encontrando com Júlio na porta, por sorte já havia me vestido no banheiro, coloquei um vestido preto soltinho, que deixava parte das minhas coxas a mostra, uma sandália preta de salto, ele passou por mim sem dizer uma palavra antes de deixar a porta aberta.

Isso definitivamente não me ajuda em nada, ainda preciso secar o meu cabelo, fiz uma maquiagem básica, para dar tempo para que ele terminasse o banho, mas aparentemente ele não queria sair do chuveiro, entrei no banheiro calmamente.

Como se ele não estivesse lá, mas meus olhos me traíram, olhando diretamente para o membro dele, maldito box transparente, por que não colocar um fosco? aparentemente, as pessoas não pretendiam companhia ou não tinham vergonha na cara mesmo.

- meu anjo - ele sussurrou com os olhos ainda fechados, sua mão desceu acariciando o membro semi-ereto, isso só acontece comigo.

Limpei a garganta para que ele soubesse que eu estava ali, quando ele abriu os olhos, uma onda de calor invadiu meu corpo. Uma voz na minha cabeça gritava:

Vá até ele Catarina! Aproveite esse homem, enquanto ainda pode, realize seus desejos e se satisfaça!

Porém o meu cérebro gritava um alerta, para que eu saísse correndo, simplesmente fiquei parada, meus olhos intercalavam do seu membro completamente ereto, para seus olhos verdes, que mais me pareciam cinza.

- uma pena que você já tomou banho, ou então eu a convidaria para um banho - essa é minha deixa para sair correndo, mas meus pés resolveram não se mexer.

- eu nunca aceitaria esse tipo de convite partindo de você - tentei falar séria, mas minha voz falhou, fazendo Júlio rir.

Me concentrei em secar meu cabelo, tentando não olhar para o reflexo dele logo atrás de mim, mas eu conseguia ver que o braço dele estava em movimento, a mão na verdade, encarei o reflexo, ele estava se satisfazendo enquanto eu assistia plenamente.

Júlio saiu do banho, e beijou meu ombro exposto com as duas mão na minha cintura, me puxando para ele, senti seu corpo molhado nas minhas costas, nesse momento eu nem me importei com o cabelo.

- obrigado - ele sussurrou com a voz rouca de sempre, logo depois mordeu o lóbulo da minha orelha, me fazendo morder o lábio para reprimir um arquejo.

Mas... obrigada pelo quê?

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tá de boa moço, fica a vontade, precisa de privacidade não e lindo corpo

votem votem KKKKKKKKKKKKKKK

Tentação oposta - livro 2 da série: Os MendonçaOnde histórias criam vida. Descubra agora