Capítulo 64

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Júlio Mendonça

Quando eu ouvi aquele choro começar, a minha vontade foi sacar a arma e matar esses dois desgraçados, a casa obviamente não era apropriada para receber uma criança, tinha cocaína na mesa de centro, copos vermelhos - de restos das festa - pelo chão, televisão no futebol, típica casa de viciados, mas mandei tudo isso para o inferno quando corri até as escadas.

Só ouvi barulho de armas sendo destravadas e por Deus! Eu espero que tenham sido a minha família.

Paro em frente a porta de onde vem o choro, respiro por alguns segundos antes de abrir a porta com o pé, o quarto está vazio, a não ser pela princesinha, Lia está deitada de costas para a porta, em posição fetal, o único movimento que ela faz é quando tenta controlar o choro mas não consegue, ando até ela, me sentando no chão ao seu lado, colocando a arma do meu lado, caso alguém apareça aqui em cima.

- shh, estou aqui - falo puxando-a para o meu colo.

- papai?- ela fala enquanto sua mãozinha passa pelo meu rosto, o quarto está escuro, algumas tábuas de madeira fecham a janela.

A abraço, sem permitir que as lágrimas caiam, mas eu não posso me dar ao luxo de chorar agora, isso eu vou fazer quando ela estiver em casa.

Me levanto, Lia passa as pernas pelo meu abdômen e coloca a cabeça no meu ombro, destravo a arma quando chego ao corredor, vejo uma sombra na escada e miro, percebo que a pessoa também está armada, sua sombra se aproxima do último degrau, os soluços da Lia se acalmam, ficando quase extintos. Matheo surge na minha frente, solto um suspiro estrangulado.

- quer levar um tiro porra? - sussurro.

- me dá ela, você tem muito que fazer lá em baixo - ele passa o braço pelas costas da Lia, seus olhos ficam escuros quando ele olha para ela - eu vou matar esses desgraçados!

Olho para Lia, sinto meu ar ser puxado dos meus pulmões, ela tem marcas roxas pelas pernas e está com o rosto sujo de poeira, Matheo ferve ao meu lado.

Isso tudo aconteceu em menos de um dia, como uma pessoa tem coragem de ferir uma criança? Lia enrola as pernas ao redor do Matheo e eu desço as escadas, coloco a arma de volta na cintura, vejo Matheo passar até a porta e volta segundos depois, o homem que me dá repulsa agora olha para Morgan.

Gabriel teve que sair da sua frente, já que ela precisava mirar, Arthur se pôs ao seu lado e Matheo - que acabou de voltar, se encosta em uma parede do meu lado esquerdo - olha para o homem por alguns segundos.

- sempre gostei de mulheres raivosas - ele brinca e aperta o pau por cima da calça jeans - isso é para você, querida!

Matheo rosna, puxa a arma tão rápido que eu mal acompanho, quando ele atira - acertando um quadro que estava pendurado na parede atrás de onde ele está sentado, Matheo puxa Morgan tirando-a de dentro da sala.

- nervosinho - o homem sussurra, nem me dou ao trabalho de querer saber o nome deste verme.

- vocês não podem levá-la, a guarda agora é minha - seu rosto parece se iluminar, quando ela me olha com atenção - ou, você pode me adotar também.

Quase sorrio, quase, teria sorrido na verdade, se o seu rosto não estivesse tão sério e concentrado em mim.

- a questão não é essa - Vitória fala.

- cale a boca, vadia - assim que ela termina a frase outro disparo foi ouvido, furando a garrafa de cerveja na mão da Laiana.

- a próxima vai ser no meio da sua testa - Vitória fala.

- vamos brincar de ir direto ao ponto? - Gabriel fala.

- quantos vocês querem? - Henrique fala.

- o quanto vocês querem pagar?

Tentação oposta - livro 2 da série: Os MendonçaOnde histórias criam vida. Descubra agora