Capítulo 67 - Último

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Júlio Hernandez

Puta que me pariu, o dia do meu casamento, não poderia simplesmente ser o dia do meu casamento olho para Sarah, ela está exatamente igual, sem ser as marcas escuras embaixo dos olhos, meu corpo está tão tenso, que sinto minha mandíbula tremer, juro por tudo, essa mulher não poderia simplesmente desistir? Achei que nessa altura do campeonato, ela já estivesse bem longe de mim.

Com qualquer outro homem, mas não, ela está aqui, na porra do tapete vermelho, que foi colocado para mulher de branco ao meu lado e não para ela vir aqui e tentar acabar com tudo, não sei o que ela acha que pode fazer para impedir o meu casamento.

Os sussurros se espalham rapidamente pela pequena - palavras da minha mãe - plateia, pessoas relacionadas a toda elite de Londres, que resolveram vir de última hora e que chegaram tão rápido quanto o Flash chegaria.

- sentiu minha falta? Falta do meu corpo? Dos meus gemidos? - Sarah se aproxima e de repente, todos ficam calados, o silêncio fica pesado, de uma forma assustadora.

Vejo um movimento ao meu lado, Henrique, Arthur e Gabriel se colocam na frente de Matheo, que vai - de maneira devagar - para trás, mais alguns passos e ele estará dentro da casa principal, Vitória e Ana correram para pegar os gêmeos que estavam na plateia - Lucca com Aurora e Edir com Oliver - minha mãe tenta esconder a surpresa e posso jurar que um pouco de medo.

Sinto nojo das palavras que acabei de ouvir.

- não sentiria falta de algo, quando se encontra, coisa melhor - digo.

Sarah leva a mão para trás, segundos depois, uma arma aparece na sua mão, suspiros exasperados são ouvidos, coloco uma mão na cintura da Catarina, puxando-a devagar para trás de mim.

- nem adianta... se vocês não morrerem agora, - ela bate o cano da arma na própria cabeça, suas pupilas estão dilatadas e a julgar pela forma como está falando, ela está mais chapada do que qualquer viciado - eu me mato! Nesse lindo tapete vermelho, manchando provavelmente seu vestido branco, que deveria ser meu!

Meu olhar vai direto para Meyer, que está sentado na terceira fila, sua mão está levantada, mas percebo que não é para mim, observo os seguranças armados, por um momento desejo que atirem logo, mas quero que Catarina seja feliz, não quero que ela chore no dia do nosso casamento, dispenso Meyer com o olhar, ele abre a mão e os seguranças abaixam as armas.

- agora eu sei como a Vitória se sentiu, naquele banheiro - Catarina sussurra e eu aperto sua mão.

- desejo muita felicidade para o casal infernal - Sarah engatilha a arma, solto a mão de Catarina, antes de coloca-la nos braços do Gabriel.

A plateia desapareceu, minha família está agora dentro da minha casa, somos Sarah e eu, novamente.

- eu te amei, eu perdi um bebê seu! Você não poderia esperar, que eu simplesmente deixasse você se casar, ter uma família, enquanto eu estou sozinha e na sarjeta.

- você quer dinheiro? - pergunto.

- eu queria você...

- e aqui estamos nós. Eu e você.

Um sorriso aparece no seu rosto enquanto sua mão treme, me aproximo devagar, até a arma estar bem no meu coração.

Sarah olha para o cano da arma, como se esperasse algo, não me movo... vários segundos se passam quando Sarah começa a chorar, seus ombros tremem e as lágrimas pesadas escorrem, a arma cai de sua mão, quando seu braço envolve meu pescoço, chuto a arma para o começo do tapete e passo um braço pelas suas costas.

- ela fugiu de uma clínica de reabilitação - Ednaldo, amigo de Vitória, diz enquanto se aproxima, tirando Sarah dos meus braços - fugiu ontem, mas está chapada antes mesmo de completar vinte e quatro horas fora da clínica.

Aceno com a cabeça quando ele a leva pelo labirinto, esfrego as mãos na testa, antes de sentir uma pressão nas costas, braços me abraçam, sei que é Catarina, eu reconheceria seu toque em qualquer lugar.

Uma trilha de beijos é traçada nas minhas costas.

- nossas vidas serão normais em algum momento? - ela pergunta quando me viro.

- normais? Provavelmente não, mas se pegarmos uma balança, tenho certeza de que a felicidade vai pesar mais que a infelicidade.

Pego a caixinha das nossas alianças e olho para ela.

- só faltou essa parte.

- eu prometo... - ela começa pegando a aliança que em breve estará no meu dedo anelar esquerdo - amar e respeitar, na saúde e na doença, na pobreza e na riqueza. - ele coloca a aliança no meu dedo e depois beija.

- eu prometo, amar e respeitar, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, para todo o sempre - beijo seu dedo anelar.

Um sorriso imenso se abre no seu rosto, quando uma salva de palmas, aparece, de repente, Roberto está de volta ao posto de antes e nem parece que a minha ex tentou arruinar o dia mais feliz da minha vida, mas tenho certeza que pode melhorar, afinal de contas, o resultado da Catarina, sai ainda hoje, se eu não conhece o dono do laboratório, provavelmente só descobriria em uma semana, mas não temos esse tempo.

- felicidades! - a palavra ecoa de um em um.

- vou jogar o buquê logo! - Catarina fala animada.

Dou de ombros, antes de me juntar aos rapazes.

- 1... 2... - vejo Morgan ser arrastada para o meio de mulheres desesperadas, Ana e Megan estão bem ao lado e Vitória anda tranquilamente até o marido.

- isso vai ser cômico! - Vitória diz, jogando os braços no marido.

- 3! - Catarina grita jogando o buquê.

O buquê vai para Ana, que se apressa em jogar para Megan, que joga o buquê para Catarina, que sorri, jogando-o para Morgan.

Morgan joga o buquê para minha mãe, que sorri e vai até o meu pai, mas ele nem esboça reação, minha mãe não merece ficar presa a esse tipo de homem.

- preciso te apresentar alguém - Matheo diz quando estamos seguindo para casa.

- espere, - falo assim que entramos, me jogo no sofá e puxo Catarina para o meu colo.

- essa é Clarisse, - Matheo fala, quando uma mulher surge - minha namorada.

Catarina se apressa em fechar os meus olhos, me fazendo sorrir.

- não tem nada para ver aqui, apenas acene - Catarina sussurra e é isso que eu faço, afinal, não vou desobedecer, minha mulher, justo na primeira hora do casamento, Matheo parece satisfeito e sai da sala.

Lia entra segundos depois, segurando a mão do meu irmão, Gabriel está com Aurora dormindo com a cabeça no ombro.

- eu nasci para ser mãe - ele diz sorrindo.

- ai me Deus - Catarina murmura antes de gargalhar baixinho.

- você é a galinha mais linda que eu já vi - eu digo.

- eu sei disso, você nunca saiu da minha asa!

Tentação oposta - livro 2 da série: Os MendonçaOnde histórias criam vida. Descubra agora