Seus olhos estão completamente fechados, mas por detrás deles, Brittany enxerga um extenso campo, num verde sem igual. Com flores. Borboletas, dispersas árvores. O céu tão azul quanto sua íris. O horizonte tão distante quanto sua... Ex. No sonho, seus pés acham-se descalços. Simultaneamente, seu corpo trajado em branco. Agora, ela está deslizando pelo gramado, sem nem mesmo sentir ou pensar sobre, ao passo que seu coração é o próprio silêncio do solo em que pisa... O físico leve como pluma. Os dedos dos pés, as raízes das plantas e, a respiração, simplório ritmo dos ventos.
Para onde vaga?
Não sabe, mas vai... Como um imã. Todavia, há um barulho crescente chegando. Um barulho estrondoso.
Cada vez mais alto.
Puxando-a para fora daquela fantasia.
Puxando-a para algum lugar de incertezas.
Suas pálpebras se comprimem com força e num último piscar de olhos, a jovem suspira. Está de volta à realidade. Nada de paz, natureza, ou bem estar. Demora a entender de onde vem o som. Em seguida, rola pela cama, esticando-se. Por entre a pequena fresta da janela, o sol mal aparece no céu e já invade boa parte do quarto da loira. Meio escuro, meio iluminado. A primeira coisa que passa pela sua mente está longe de ser a mudança. Longe.
Olhos azuis analisam o quarto. Teto. Paredes, chão. Progressivamente, Brittany percebe o vazio dali. O vazio tão recente. O vazio tão incomum. E quanto ao som repentino? Bem, esse seria o toque de seu celular. Deu-se conta, agora. Precisa encontrá-lo depressa. Até porque o som é de ligação, não alarme.
Por que tão irritante?
Por quê?
Ela empurra o lençol, se bota sentada na cama e coça os olhos. A música não para. Ecoa e ecoa mais. Por esse, e outros motivos, deixa suas músicas favoritas longe do celular. Bem longe mesmo. Na verdade, nunca nem sequer ousara baixar canções no aparelho. Seus toques e alarmes sempre seriam as variações de chatices "dançantes" já inclusas no telefone que fosse. Caso contrário, sua vida ouvindo músicas acabaria. Estaria arruinada. Não haveria mais amor, tem plena certeza disso.
Brittany fica de pé e começa a caçar pelo Chorão. Nem sinal do mesmo debaixo do travesseiro, ou cama, em meio aos lençóis, dentro das gavetas, armário, nada. Nada, mesmo. Ela fica estagnada quando o toque cessa e pergunta-se o momento em que ele voltará a berrar, porque só assim para achá-lo. E, ele finalmente volta.
Muito bem.
Janela. Ele está em cima do apoio da janela.
A mulher o alcança em passos rápidos, e verifica o visor. É Quinn. Sem mais delongas, ela atende.
— Quinnie, oi! Foi mal, tava dormindo.
— [Deus! Até que enfim hein, Britt! Caralho...]
A dos olhos azuis solta uma risadinha, mexendo nos cabelos. Quinn é um verdadeiro poço de fofura quando irritada, desde... Sempre, basicamente.
— Doce assim, logo pela manhã? Olha... Tô com sorte. Depois dessa, morro feliz.
— [Ah, cala essa boca!] — Sua prima diz, sem paciência.
— Bom dia pra você também, meu amor!
— [Ô, Brittany! Você, POR ACASO, já deixou tudo certo para quando o caminhão de mudança passar aí? Ou tá brisando?]
— Érr... Eu... — Brittany abre a porta do quarto e averigua a sala, com algumas (MUITAS) caixas ainda vazias ao longo do espaço. — Deixei sim, claro.
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Our Hands Tied - Brittana
RomanceEx-namoradas de longa data, Brittany e Santana têm suas vidas viradas de ponta-cabeça quando, de uma hora para outra, são obrigadas a dividir a mesma cidade, vizinhança e... Residência.