12. Aquele da camisa xadrez

265 35 39
                                    

— Srta. Pierce?

— Eu.

— Tem certeza que não há nada que gostaria que carregássemos lá pra cima?

Hum, deixa eu pensar... — Brittany dá uma boa olhada ao longo da sala de estar, drasticamente, infestada de suas recém-chegadas caixas de mudança (já que meramente uma ou outra está sobre as demais – a seu pedido, claro) e se alegra quando Santana enfim aparece, descendo pelas escadas, à primeira vista: despreocupada. Com um belo de um sorriso na cara, a fotógrafa faz questão de enfatizar suas próximas palavras aos homens à frente. — É, tenho. Eu agradeço muito, mas não há nada que precise ser carregado para o segundo andar. Onde é que eu assino?

O resultado é imediato. Santana arregala os olhos, abismada. E então, chega à porta voando, antes mesmo de a loira sequer conseguir encostar a caneta no papel que recebera em mãos.

Brittany, o que tá fazendo...

Ela põe sua assinatura correndo no espaço em branco, à medida que a morena range os dentes ao lado, incômoda com o que ouvira e, muito provavelmente, com o estado do cômodo também.

— Não liguem pra minha namorada, rapazes. Ontem a gente brigou e ela tá meio mal humorada agora... — No intuito de provocar ainda mais, Brittany calcula a bochecha, mas acaba por acertar metade de lábios carnudos com um beijo repentino, durante o tempo em que se inclina para sua esquerda, resultando em absurdas cavalgadas em seu peito e, de bônus, provocando o mesmo na Lopez. Todavia, não pode perder o foco agora. É guerra, até onde sabe. — Né, amor?

Surpresa demais para reagir, Santana não diz um "a" até os sujeitos uniformizados irem embora. A loira, no entanto, nem espera que ela o faça, já que tranca a porta e se encaminha àquela de acesso ao quintal, com certa exasperação, a fim de abri-la para Dino. Sente olhos castanhos seguindo-a.

"Aw!"

O cão corre para o interior da residência, louco para beber água.

— O que foi aquilo? — Santana pergunta.

Num primeiro momento, a Pierce finge não saber sobre o que a outra fala, e se vira, jogando uma pitada de deboche em sua voz.

Aquilo o quê?

Torce, vigorosamente, para a cor de sua pele não a dedurar. Há poucos segundos, sua boca tocou um tanto a da cozinheira, seus rostos estiveram tão próximos como nunca em três anos, e mesmo que por um mísero instante, balançou-a, como se o tratamento desagradável de Santana para com a sua pessoa não existisse mais. Contudo, está ali. E por isso, e só por isso, tem que continuar.

— Eu vou repetir... O que. Foi. Aquilo?

Olhos azuis dão uma piscada mais forte que o normal e a jovem decide replicar a outra, ao passo que chega mais perto dela, afrontosa.

— Você diz o "minha namorada" ou o beijo?

— OS DOIS?!

— Não se preocupa, só encenação. Queria que ficasse quieta, e não é que funcionou? Agora, se me der licença... — Ela passa pela Lopez, freneticamente, alcançando degraus. — O banho me espera.

— Você não vai deixar a sala assim...

— Não dá pra te ouvir aqui de cima!

Brittany corre até seu quarto, livrando-se das roupas e pensando em seus próximos passos. Por sua vez, Santana tenta entender o que acabara de acontecer. Nesse meio tempo, repara que as caixas da loira estão livres, leves e soltas de identificação.

Our Hands Tied - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora