21. Aquele com alguns novos amigos

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Brasa. Se Santana tivesse que definir sua profissão em uma palavra, seria essa. Dentro da cozinha, ela se transforma. Problemas pessoais que tem fora dali não possuem espaço algum em sua gastronomia, portanto esquece no segundo em que veste o uniforme e começa a trabalhar. Sempre foi assim. Conforme a movimentação frenética por toda a extensão de cozinha acontece, seu corpo sente o calor ambiente e se aquece tanto quanto ele.

Naturalmente, há muita gritaria...

Seja referente a comandas, ordens ou respostas. Não importa.

De todos os lados manifestam-se quenturas e odores diferentes, e a morena é capaz de diferenciar instantaneamente o que é que vem dos fogões e o que é que vem de fornos, e chapas e fritadeiras. Alguns aromas mais fortes que outros tomam protagonismo, às vezes impregnando-se no tecido de seu dólmã.

Há dias que cozinhar salvo o trabalho está totalmente fora de cogitação. Há dias que comer não é a coisa mais agradável do mundo. E há dias também que, elaborar pratos de manhãzinha à calada da noite, é a coisa mais revigorante de todas.

Mas, apesar de Santana sempre deixar de lado os problemas pessoais dentro da cozinha, isso nunca a impediu de levar problemas que nascem ali no meio para fora dele. Por isso as desavenças que teve com Sue Sylvester e outros ex-colegas de trabalho. Ou, indo ainda mais fundo em sua história, por isso tanta dor de cabeça quando era universitária ao mesmo tempo em que era chef no Breadstix, onde boa parte dos funcionários era bem mais velho que ela e o respeito que eles tinham por sua pessoa deixava muito a desejar.

Em Portland, ninguém a tirou do sério até o momento...

Com exceção do senhor Dakota Stanley.

O que é ótimo.

É por volta das três e pouco da tarde de uma sexta-feira, quando o celular da Lopez começa a vibrar incessantemente. Se rolasse em qualquer outro dia, ela ignoraria como de costume. O problema é que seja lá quem esteja tentando te ligar, o ser humano está empenhado mesmo em conseguir uma resposta agora, neste exato instante, sem ressalva alguma, o que gera a ela algumas preocupações. Então, desconfortável com a situação, a latina se retira da cozinha e vai em direção ao vestiário para poder atender... Deus, que não seja algo grave em relação à Brittany, Dino, Quinn ou Alma. E que, por favor, não seja outra operadora dos infernos tentando te vender pacotes e planos de TV a cabo e o escambau.

Ao passo em que entra no vestiário, Santana percebe que a ligação se trata, na verdade, de uma vídeo-chamada e que não tem o tal número salvo nos contatos. Ok... Agora, ela ficou ainda mais curiosa. A cozinheira reflete por mais um segundo e, no fim, acaba aceitando.

— [Oiii!]

Mas, que diabos?! Uma criança?

— Oi... — A dos olhos castanhos pronuncia, fitando-a confusa. Mas, espera um pouco... Ela já a viu antes. Sim, com certeza já viu... É a sua meia-irmã mesmo? Não pode ser. — Quem te passou meu número, hein?

— [Santana, abuela me contou tudo! Disse que você é minha hermana mayor! isso é tão legal, sempre quis ter uma irmã mais velha! Agora eu sou a irmã do meio, igual meu amigo Matt e minha amiga Hannah. Ah, o Juan também achou legal que você é nossa hermana mayor, mas agora ele tá dormindo e não gosta de ser acordado, então tenho que respeitar. Senão, o papi e a mami falaram que o papai Noel não vai me trazer presentes por atitudes assim. Mas, eu sei que o papai Noel são eles dois, então, eles não vão comprar meus presentes...] — Rosa ignora a pergunta de Santana, aparentando estar muito mais animada com a descoberta e em falar sobre ela e outras coisas aleatórias sem parar, do que prestar atenção no que a mais velha diz. — [E nossa, você demora muito pra atender.]

Our Hands Tied - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora