7. Aquele do "Ei... O que tá acontecendo?"

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Os olhos das jovens estão completamente aprisionados uns nos outros, em um contraste absurdo de sentimentos e cores, e história. Azul claro, castanho escuro. Saudades, mágoa. Tudo de bom, tudo de ruim. Um turbilhão de sensações. Brittany é incapaz de se levantar, Santana incapaz de dar outro passo. Nenhuma delas esperava por isso... Ambas juravam que nunca, nunca mais se veriam outra vez após aquele término. Brigas, distância. Obstáculos de todos os tipos. No entanto, aqui se encontram elas. Aqui se encontram... Há pouquíssimos passos, mil e cem dias depois. E não entendem o porquê, e por isso viram estátuas. Estátuas estudando o cenário. Estátuas queimando da alma às pupilas, e vice-versa.

Olhares contínuos.

Respirações paralisadas.

O único movimento na sala vem de Dino, enroscando-se nas mãos da mais alta. O corgi está contente, festivo. Já elas, passam longe de estar. Quer dizer, é difícil saber. Difícil. Uma verdadeira montanha-russa de humores traça caminho pelo interior das ex-namoradas, e a parada? Ninguém sabe onde é.

A Pierce ainda situa-se estupefata de ver o quanto o animalzinho cresceu, desde a última vez que o viu. Não a admira em nada o fato de, bem, não o reconhecer de primeira, ao bater os olhos nele. Está tão grande, mudado em mínimos detalhes. Detalhes estes que fazem: A Diferença; mas, não há o que contestar. É ele. Aquele mesmo neném de três anos atrás. Simples assim.

A sala de estar é palco de um reencontro triplo.

As duas mulheres, uma de frente para a outra, são reflexos nada iguais.

E os segundos, beiram horas. E o mundo, é um imenso ponto de interrogação.

— Oi... — É a primeira palavra que escapa por entre os lábios rosados de Brittany, quando seus olhos azuis estão ocupados demais com a figura que vê.

Quando sua mente está longe.

Quando suas ações são espontâneas.

O silêncio é partido.

Santana cruza os braços.

Brittany toma fôlego, em seguida.

Conhece muito bem os gestos, as feições. A cozinheira irá falar.

— O que você tá fazendo aqui? — Santana pergunta, curta e grossa, soando extremamente apática. Sem "olá", sem nada.

Hã?

Não faz o menor sentido.

O que ELA faz aqui? Por essa pergunta, a fotógrafa não esperava.

— Como assim? O que eu tô fazendo aqui? — Brittany rebate, tão perplexa quanto à ex. Afinal, a casa pertence a ela e Quinn. — Eu é que te pergunto.

Uhum, é.

Na mente de Santana, Brittany só pode estar bancando a idiota. Só pode.

Argh... Tá de brincadeira? — A morena resmunga sem paciência para aquilo, depois anda até o pé das escadas que dão para segundo andar. — Vai, Quinn! Pode aparecer! Não tem graça nenhuma!

Confusão, total.

— O que tá acontecendo... — Brittany quer saber, à medida que a assiste. — Santana?

Sua boca seca ao pronunciar o nome da outra. A voz sai rouca, falha.

É quase como se fosse altamente proibido o fazer.

A Lopez volta a encará-la, freneticamente.

Ri, nervosa.

— "O que tá acontecendo, Santana?" — Ela repete a questão, indignada e um tanto irônica, e se aproxima. — Brittany, você...

Our Hands Tied - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora