Durante a decolagem de seu avião, Santana vê de relance como a metrópole encolhe lá embaixo. Ficando tão, tão pequenina. De certa forma, é bonito. A mente dela para em outro lugar com a vista da janela, pois no instante, não quer pensar em Dino junto às cargas só pelo fato do pobrezinho pesar pouco mais de dez quilos. Injustiça. Não teve que ser assim antes. Puderam ficar juntos.
Por que ele tinha que crescer?
Por quê?
Certa vez, alguém disse a morena que um dos melhores remédios da vida para qualquer sentimento ruim era, simplesmente, se sentar e observar as nuvens. Andar descalça, contar estrelas, dançar na chuva, ganhar um abraço e... Muito mais. Segurou firme sua mão, dizendo que nunca a soltaria, com aquele sorriso contagiante que só ela tinha... E, depois de jurar, ela se foi junto dela.
Doces mentiras.
Pensamentos ruins à parte, não faz a mínima ideia de como sua melhor amiga, vulgo Quinn Fabray, conseguira uma residência tão em conta para elas dividirem em Oregon. Todavia, está tão feliz que esse mínimo, mínimo detalhe nem a incomoda descobrir. Pelo menos, não agora. Ainda mais quando a loira fez questão de cuidar de —praticamente- tudo sozinha, sabendo fazê-lo. Querendo fazê-lo. Feliz, animada. Disposta e empenhada. Uma designer de interiores que nem a menina Fabray? Em Portland? Com ela? Juntas de novo? Contestar pra quê? Era só aceitar, o futuro só podia ser certeiro.
E foi o que fez, já tinha planos de deixar NY mesmo.
Vida que segue. Queria um negócio próprio, mas não ali.
Talvez, algo bem mais perto da Califórnia. Próximo, bem próximo, as suas raízes. Ou, pela Califórnia mesmo... Tinha dúvidas, antes de Quinn resolvê-las para ela. E então, Portland foi decidido... Oregon, é, estava feliz com isso.
A interior designer lhe pedira muitas opiniões sobre a decoração da nova casa delas, muitas. Mas de longe, a cozinha foi o que Santana mais deu palpite, não é para menos – levando em conta sua carreira e formação. Paixão, foco e criação são as principais coisas que a movem no trabalho. Na vida. Essa, tinha que ser a parte mais sagrada de toda a casa. Até mais que seu quarto, ponto. De resto, Fabray ficou no controle quase que absoluto. Quase.
Nela, a Lopez confia. Sempre confiou. Elas se conhecem há um bom tempo já. Está com uma excelente, ou melhor: extraordinária expectativa sobre o que virá.
Adeus, Spice Cheerio.
Adeus, cidade de Nova York.
Adeus, Spencer, Brody e companhia.
(...)
Quando o Boeing 737 pousa em Portland, Santana está a ponto de fazer mágica para correr para fora e recuperar Dino mais rápido que um flash de luz. Em seguida, sua única bagagem. Pronto, missão cumprida. Agora, pode ter um pouquinho de paz interior. Só falta achar Quinn e ir para casa.
Ao passo em que a latina para, larga a alça da mala e saca o celular, Lucy brota avante, poupando-a de continuar a ação.
— San... — Ela levanta os óculos-escuros, revelando olhos verdes. — Demorei muito?
Parece preocupada.
Estuda as roupas da morena, continuamente.
A Lopez, traja uma camisa branca sem mangas de corte e caimento impecáveis, jeans preto e nos pés um par de botas de salto alto de mesma cor. Como sempre, suas orelhas carregam brincos, mesmo que os mais sutis de pérolas.
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Our Hands Tied - Brittana
RomanceEx-namoradas de longa data, Brittany e Santana têm suas vidas viradas de ponta-cabeça quando, de uma hora para outra, são obrigadas a dividir a mesma cidade, vizinhança e... Residência.