1. O prólogo

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Em um certo quarto semiescuro e aconchegante, onde apenas as paredes lotadas com pequenas luzinhas pisca-pisca possuíam cor, uma nova melodia ganhava força, voz, ao passo que outra simplesmente cumpria seu papel em se desmanchar pelos ares.

Entre a cama e o guarda-roupa do lugar, duas pessoas se encontravam, de tempos em tempos, exatamente no meio daquele espaço. As batidas em ambos os peitos se viam despertas para o presente e, estranhamente, sincronizadas entre si, como se fosse a primeira vez todas a vezes que olhos azuis se cruzavam com castanhos e, as donas dos mesmos, voltavam a ser vizinhas.

Para elas, só o que estava dentro do quarto importava. Só o agora.

Risadas, beijos, palavras... Movimentos. Música.

"It's late in the evening..."

Eu e você. Você e eu. Nós, para sempre.

E, foda-se que "para sempre" um dia acaba. Essa possibilidade parecia totalmente fora de questão. Jogada para escanteio, até o fim dos tempos.

Brittany puxou a namorada para perto, sem pressa. E, conforme ambas dançavam de pijamas – calmamente, para lá e para cá; ela acompanhou o canto de Eric Clapton no ouvido de sua amada, porque a morena estava indiscutivelmente maravilhosa aquela noite.

Como sempre.

"And I'll say: Yes, you look wonderful tonight..."

Santana abriu um sorriso na hora, segurando a mão da loira, que a rodopiou continuamente em resposta. Mas, não demorou muito para que seus corpos se reencontrassem. E para lá e para cá, elas seguiram entrelaçadas, mais uma vez.

Aquilo não poderia ser mais perfeito.

Um encaixe de abraço, sem igual.

"Oh, my darling, you were wonderful tonight..."

Após dar um beijo de esquimó na mais baixa e mordiscar seus lábios carnudos, delicadamente, a dos cabelos dourados teve as feições tomadas por uma onda de alegria incontrolável. Uma de suas músicas favoritas de Elvis começou a tocar, como trilha sonora para aquela maravilha.

"Step in these arms..."

— Nossa, eu podia te pedir em casamento agora mesmo... — Confessou, inundando-se com o cheiro da outra. — Sem brincadeira.

"That feels so right..."

— Ah, é? — Santana sussurrou, beijando-a o pescoço. — E como você faria isso... Hum, Britt-Britt?

— Eu... A-Ainda... Não pensei em t-tudo, mas... — Brittany se afastou, minimamente, apenas para fitar olhos castanhos. — Quer apostar quanto que a gente vai estar morando juntas na nossa casa dos sonhos com, no máximo, uns vinte cinco anos?

— Vinte cinco anos? — Ela riu, deixando que Brittany elevasse sua mão junto à dela, numa "valsa" agarradinha. — Que especifica você... Espera aí! Eu entendi direito? Você falou "no máximo" vinte e cinco?

— É... Foi o que eu disse.

— Tá prevendo o futuro, agora?

— Bom, prevendo ele ou não, isso não tem erro. Te garanto, Sant. — A Pierce enviou-a uma piscadela. — Pode confiar no amor da sua vida aqui.

— Não sei porquê, mas eu até que gosto desse seu lado convencido.

"We're gonna love our whole life long..."

— Você me ama muito, né...

— Como adivinhou?

— É que só isso explica... — Elas riram, embarcando seus próximos movimentos em um beijo mais profundo, e ritmado. Santana envolveu os braços em volta do pescoço da namorada, e deu um salto, enroscando as pernas no tronco da mulher. Brittany, por sua vez, apertou-a em si e deu vários pulinhos, contornando as costas morenas com mãos e dedos. — Te amo demais.

Our Hands Tied - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora