30. O último

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Despedida,

Do verbo: despedir.

Separação. Desprendimento. Conclusão.

Para tudo neste mundo há uma despedida, um ponto final. Ciclos são quebrados para que outros possam surgir. E, por mais difíceis que tais períodos possam parecer, eles virão. Sim... Virão. Não importa por quanto tempo se prolongue uma situação ou seja possível prolongá-la, o fim é algo inevitável desde o começo dos começos. Isto é, desde o início: de uma vida, de uma ideia, de uma palavra, de um sonho, de uma refeição, de um curso, de um trabalho, de um relacionamento, de um móvel, um eletrônico, um livro, um filme, uma série ou uma música qualquer. Tudo passa por despedidas e, muitas vezes, repentinas. Efêmeras. Inexplicáveis. Porque, é... A vida tem outro tempo. Um que não se entende.

O tempo impreciso. Incerto, oscilante.

De fato, pode-se montar um roteiro da própria vida pelos próximos cinquenta anos. Mas, a probabilidade de tudo sair do jeitinho que se foi planejado? Bom, ela é inexistente. E esperar que nada tenha fim ou que despedidas sejam controláveis ou 100% previsíveis é totalmente fantasioso. A verdade é que: ninguém é ensinado a se despedir, por isso despedidas são as grandes vilãs da história. Por isso desfechos em aberto, abandonos e limites não são compreendidos. Por isso pontos finais são apavorantes.

Afinal de contas, existirá algo depois?

E se existir, será melhor do aquilo que veio antes?

Não há resposta certa. Não é uma simples conta de matemática. Antes fosse.

Para Santana, dizer adeus ao Flavortones foi uma experiência e tanto. Ela não esperava que fosse dolorido como no caso do Spice Cheerio e, de fato, não foi – já que não sairia da cidade depois – mas, a partir do instante em que memórias e laços e rotinas são criadas, o desapego e a despedida se tornam coisinhas complicadas. Todavia, era hora de um novo ciclo. Um novo começo.

O seu começo.

Saudades à parte, Snixx Gallery é o nome que carrega o letreiro daquele específico restaurante recém-inaugurado nas ruas da adorável Portland. A Lopez não só tem Quinn como sócia nos negócios, mas Brittany também. Um sonho tão distante, agora bem aqui em suas mãos. Apenas um ano depois de terem chegado naquela cidadezinha hipster do Oregon.

Ou melhor, 14 meses depois. Foram 420 e tantos dias!

E bom, conseguira trazer com sucesso funcionários do Flavortones para seu lado: Kurt, Rachel e Mercedes vieram sem pestanejar. E claro, Blaine também. O que é ótimo — para ela, nem tanto para Shelby; já que o menino é seu fiel fã e ficara com a função de divulgar o restaurante nas redes sociais e onde mais pudesse, com sucesso, além é claro de gerenciá-lo com a ajuda das proprietárias. Com o tempo, eles definitivamente se multiplicarão e se expandirão mais ainda, mas por enquanto assim é perfeito.

Cada milímetro do design interior do estabelecimento ficou nas mãos da Fabray, as fotos promocionais a cargo da Pierce, quanto ao nome obviamente foi ideia da Lopez, afinal: a cozinha, de fato, é sua galeria de arte. Por falar nisso, a mais recente forte lembrança que a mestre-cuca tem é do dia da abertura do lugar. O frio na barriga era tanto, tanto que nem sabia dizer. Mas, uma hora conseguiu relaxar e retomar a confiança que sempre teve, e é dessa hora que se lembra bem.

Altas emoções. Pediu para que todos os funcionários dessem as mãos.

— Pessoal, hoje é um dia muito especial... — Começou a Lopez, entre Brittany e Mercedes. — Há uma fila de pessoas lá fora esperando ansiosas que nós abramos as portas e coloquemos a mão na massa e, apesar de todo o meu planejamento desde que me lembro por gente, devo admitir que nunca pensei que esse dia realmente chegaria. De verdade, passei por diversas situações até chegar aqui e o momento mais maluco está sendo esse. Então, como vocês podem ver, eu tô passando mal... Mas, é de felicidade! Não se enganem!

Our Hands Tied - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora