5. Aquele em que Brittany se muda (2ª parte)

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Quando seu interfone toca, Brittany deixa o chão sem grandes expectativas e se põe frente ao aparelho, atendendo-o. Pode ser apenas um erro de linha. Pode ser apenas uma entrega de Sugar. Pode ser tantas coisas. Qualquer coisa, e coisa nenhuma. Um oceano de possibilidades.

— Oi?

— [Srta. Brittany S. Pierce?]

— Eu mesma.

— [Ah, que bom... O caminhão de mudanças chegou agorinha, Brittany. Só para confirmar, os homens encarregados já podem subir?]

Finalmente!

— Sim, podem sim. — Responde, sorridente.

— [Certo, eles já estão subindo então. São dois.]

— Obrigada.

— [Nada... Tenha um bom dia!]

— Você também.

Ela desliga o aparelho e abre a porta, esperando no corredor. Cruza os braços com o passar dos segundos e olha para o chão. Não ouve barulho algum. Os homens poderiam ser mais rápidos, é apenas o segundo andar poxa. Pá, pum, chegou. Só faltava eles se confundirem de porta/andar pelo caminho. Isso não a admiraria, acontecia muito com entregas de móveis e eletrodomésticos.

A loira só quer ir comer logo.

De preferência, na primeira lanchonete, restaurante ou cafeteria que vir. Bom, esse é o lado ruim de procrastinar. As coisas da região não são tão boas assim. Quer dizer, passam longe de ser. Um pacote de salgadinho é, muitas vezes, mais saboroso que qualquer comida feita por mãos humanas. É o fundo do poço.

Se bem que, há um lugar novo a poucos quarteirões.

Está decidido.

É para lá que ela vai.

Brittany anda até as escadas do hall, escuta ecos de conversa vindos lá debaixo e se anima. Devem ser os homens da mudança! E, de fato, são. Ela se apresenta aos funcionários da empresa que contratou e os guia para dentro do apartamento, ligeira. Após todas as caixas serem levadas, uma a uma, para o caminhão, eles pedem para que ela assine um papel, e ela o faz.

Pronto, é definitivo.

Está ciente.

A Pierce fecha a porta e enfia sua Polaroid —antes repousada sobre a mesinha de centro da sala- dentro da mala que a acompanhará no avião. Só precisa tomar um banho, trocar de vestimenta e sair. Fácil. Ela pula no seu antigo quarto e se livra das roupas depressa, entrando no box do banheiro ao outro lado do corredor, com toalha e mais nada em mãos.

(...)

— Então, quer dizer que o caminhão da mudança já foi?

— Sim... — Brittany responde a Sugar, ao passo que enche um copo d'água na torneira da cozinha. — Faz pouco mais de uma hora.

Ela leva o copo à boca quando termina de falar, encarando a ex-colega de apartamento.

— E você tem certeza que não se esqueceu de nada, nadinha mesmo Brittany? — Ela ri da bancada, divertindo-se. — Pensa bem...

— Acho que n... — Olhos azuis fitam o relógio-vinil na parede da sala, abruptamente. — Droga, eu esqueci dele.

— Percebi.

— "Fazer as coisas em cima da hora dá nisso, Brittany." — Ela imita seus pais e bufa.

— Não seja tão dura com si mesma, vai.

Our Hands Tied - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora