23. Aquele sobre 26 anos e uma... Lambreta?

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Para Lucy Quinn Fabray, nada é por acaso. Não é algo que saia dizendo para os quatro ventos, mas é o que sente. É o que sempre sentiu. Então o que ela mais fez depois que descobriu sobre o incêndio em seu apartamento foi pensar, pensar e repensar quantas vezes fossem necessárias à razão para tudo aquilo. Mesmo quando achou sustento nos braços de Santana e Brittany.

Qual era a mensagem que o universo estava tentando te mandar, afinal?

Talvez, que uma noite de sono saudável valesse muito mais que uma série de noites viradas de inspiração. Talvez, que velas são altamente traiçoeiras e o melhor fosse manter distância dali em diante. Ou talvez que... Puta que pariu, a porra do sistema de alarme de incêndio do condomínio – que ela fez questão de averiguar se tinha no prédio, antes de se mudar para ele – estava com defeito.

Como é que ela estava deixando isso lhe escapar?

É óbvio que a culpa do acidente é sua, óbvio. Poderia acontecer com qualquer um de seus vizinhos, ou qualquer um no mundo inteiro. O fato é que: não foi o alarme de incêndio que os salvara do pior. Ninguém nem tocou no assunto. Se bobear, nem lembravam da existência do sistema também. Altas doses de tensão e estresse causam esquecimento. Outro adendo importantíssimo é que todos estavam sonolentos. Acabou que o responsável real por salvar o resto do prédio foi seu vizinho gamer da porta ao lado, e não a tecnologia programada para isso.

— Eu preciso de um advogado. — Ela se levanta do sofá, onde residia com a os pés sobre as coxas da prima e a cabeça sobre as de Santana e destrava o celular, inquieta, limpando as lágrimas semi-secas do rosto inchado e avermelhado. Murmura sozinha: — Deixa eu ver, deixa eu ver...

— Tem alguma coisa que você não contou pra gente? — Brittany pergunta, percebendo o tom de voz da outra loira se transformar radicalmente da tristeza para raiva. Ou, no caso, uma mistura de ambos. — Quinnie?

— Na verdade, sim. Tem sim, Britt. — A Fabray confirma, grudando seu smartphone ao ouvido, enquanto se vira para o lado das garotas novamente. — O condomínio possui todo um sistema de alarme de incêndio. Eu me certifiquei de procurar saber, antes de tomar a decisão de ir morar lá. E como devem ter percebido... Um instante. Alô, Sam?... Sim, tô bem. Quer dizer... Não muito, sei que percebeu pelo jeito que saí daí, mas você não precisa se preocupar. E me desculpa por isso, te explico melhor depois... — Do sofá, a Lopez se intriga com a conversa da amiga. — Não, você não precisa vir pra cá. Sério... Vai dormir, por favor. Confia em mim... É, eu busco amanhã. Ok... Obrigada por entender... Também te amo. Boa noite.

A designer tira o celular da orelha, e fixa os olhos nele de novo.

— O Evans não tá sabendo ainda?

Quinn para o que faz e fita a latina, por um segundo.

— Não. — Olhos na tela. — Eu saí correndo de lá, Santana. Tinha que ver com os meus próprios olhos e eu não tô a fim de atrapalhar ele com isso agora.

— Compreensível... — Brittany comenta.

— Pois é. Mas então, como eu ia dizendo pra vocês, meu prédio é todo equipado com um sistema de alarme de incêndio. Só que, pasmem: o dito cujo não funcionou. O que significa que...?

— Não está recebendo manutenção. — A morena completa.

— Que sacanagem...

— Demais.

— Nem me falem. Quero muito saber o que o FDP do síndico e os amiguinhos andam fazendo com a grana que pagamos do condomínio. — Lucy diz nervosa, revezando olhares entre o aparelho nas mãos, Santana e Brittany. — Não sou a única culpada nessa bagaça e não vou sair como se fosse, ah se não vou... Preciso de alguém com a cabeça no lugar dirigindo pra mim, senão eu mato um no caminho... Volta lá comigo, Britt?

Our Hands Tied - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora