A banda de Dot tocou por alguns minutos, umas 7 ou 10 músicas, uns solos de guitarra, dava pra ver que eles estavam se esforçando. E eu torcia muito pra eles passarem pra próxima fase. A primeira música que tocaram era um cover de The Kill, de Thirty Seconds to Mars (que eu só sabia porque eles disseram antes que essa era a música, eu não saberia reconhecer), e a partir dela as próximas músicas iam ficando com batidas mais pesadas, com uma vibe bem banda de garagem mesmo. Eu acho que era a ideia. Era uma música perfeita pra entrada da banda.
De toda forma, era irreal pensar que eu estava ali, com minhas amigas, num festival de uma cidade diferente e vendo uma garota que eu estava beijando competir numa batalha de bandas, parecia muito surreal. Eu sinto que repito muito isso, provavelmente todo dia e toda hora, mas eu não me importo, eu nunca imaginei que viveria uma coisa desse tipo e não acho particularmente irritante pensar nisso o tempo inteiro, pelo contrário, é muito legal ficar ciente do nada do que tá rolando. É a minha cabeça, não tem literalmente ninguém além de mim aqui, eu posso pensar o que eu quiser e quantas vezes quiser, ninguém vai reclamar.
Mini-porco com botinhas de chuva.
Olhei pra Ray e pra Max. Ray observava a banda tocar e balançava o corpo no ritmo da música, Max estava mexendo no celular, o papel de parede dela era uma colagem de Joan Jett e outros artistas da mesma vibe. Viu? Nenhuma delas percebeu que eu pensei num mini-porco usando botinhas de chuva. Eu ri.
Sozinha, obviamente, ninguém me viu rir e ninguém além de mim sabia do motivo. Me fazer rir era um talento secreto muito legal de se ter.
A guitarrista se movia bastante no palco, que não era muito grande mas também não era muito pequeno. As luzes que ficavam na parte de cima e de baixo do palco apontavam pro centro e às vezes ficavam se movendo em círculos com cores diferentes. Dot estava no cantinho do palco na hora que parei de olhar pelo palco e pras luzes e foquei nela.
Uma luz roxa passou por cima dela, seguida de uma amarela e outra branca enquanto ela tocava com um semblante concentrado, olhando ao redor, interagindo com os outros membros da banda, jogando o cabelo curto e cacheado pro lado, pra longe dos olhos, enquanto andava até o centro pra tocar de costas com a guitarrista, mordendo o lábio inferior. Ela sabia que ia longe, que ela tinha o talento e a capacidade. Ela era muito confiante, acho que era uma das coisas mais atraentes nela. Além de que, é claro, ela é obviamente muito bonita.
Era empolgante estar ali na plateia, na parte com menos gente, e saber que eu conheço as pessoas que tão tocando ali. Eu só não me sentia uma protagonista porque com certeza a protagonista estaria tocando ali na banda. Mas tudo bem, sabe? A gente não precisa fazer coisas incríveis, diferentes e ousadas pra nossa vida ser legal.
Enquanto eu olhava, completamente perdida em pensamentos, na direção de Brooke, sem notar que minha boca se curvava em um sorriso soturno, em um momento daqueles em que todos os problemas do mundo parecem desaparecer e nada mais importa além do que está acontecendo agora, escutei Ray chamar Max.
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A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢
Teen FictionAmanda Pritchett tem 15 anos, pais recém-divorciados, uma irmã de 11 anos, um costume antigo de rabiscar e fazer colagens, uma imaginação tão fértil que talvez seja um pouco preocupante, uma luz noturna infantil e vontade de beijar garotas. Após o d...