CAP 16 - As coisas não acontecem do jeito que a gente planeja

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As coisas não acontecem do jeito que eu planejo que elas aconteçam, na maioria das vezes é porque eu ainda teimo em fazer planos já sabendo que eu não vou seguir nada daquilo.

Não sei se foi desse jeito que eu vim parar aqui, mas no meio do caminho muitas coisas deram errado e eu não sei quanto disso foi culpa minha.

Agora eu estava olhando pros meus próprios tênis, rasgados e já não com a mesma cor que tinham antes, morrendo de frio e mais coberta de panos do que a Virgem Maria na frente de uma casa cheia de gente que eu não conhecia, onde tocava uma música esquisita e as luzes da rua piscavam atrás de mim, pensando apenas em me mover antes de passar um carro da polícia.

Ninguém precisava me avisar de que aquilo ia dar merda, mas saber, com certeza, que não ia dar certo só tava me deixando mais curiosa de saber de que forma ia dar errado, dentre as infinitas opções de desastres que podiam acontecer.

Era engraçado pensar que, no começo da semana passada, eu tinha acordado exatamente assim:

 	Já pode se levantar, bichinho, os dias quase nunca acabam como planejado e vai todo mundo morrer hora ou outra, você sabe que no fim do dia metade de tudo não vai importar e com a outra metade você consegue se virar

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Já pode se levantar, bichinho, os dias quase nunca acabam como planejado e vai todo mundo morrer hora ou outra, você sabe que no fim do dia metade de tudo não vai importar e com a outra metade você consegue se virar. Com o que você não conseguir lidar, mais da metade você um dia vai esquecer. A vida pode não ser tão ruim quanto parece agora, mas é porque agora é agora e ainda não anoiteceu.

Foi meu mantra pra me levantar da cama e encarar o que quer que fosse aquele dia, não a parte de que nada vai importar no final, mas a parte do "vai todo mundo morrer".

Durante a semana, eu me esforcei pra tentar ser mais presente nas conversas que aconteciam, mas, de forma geral, eu não conseguia manter o foco em nada, então às vezes apenas acabava me afastando.

As aulas de astronomia me dispersavam disso, era legal falar com Thomas sobre o projeto, precisaríamos pesquisar e explicar como a distância com relação ao Sol e a 3ª Lei de Kepler influenciavam as características físico-químicas de Saturno.

Nosso planeta era Saturno, acho que Saturno era meu planeta preferido porque eu nunca soube girar o bambolê no quadril, mas ele tem 7 bambolês e 4 divisões: Maxwell, Cassini, Encke e Keeler, além de sessenta e duas luas. Isso era muito mais do que a quantidade de estrelas que eu conseguia contar antes de me perder sobre se já contei aquela ali ou não, quando, na verdade, eu já contei a mesma estrela umas 7 vezes, mas nunca admitiria.

Na quinta-feira, depois da aula, eu, Raven e Max decidimos ir ao Festival de Outono, que acontecia... bem... todo Outono no Parque Municipal Sorbier, que não era tão longe da escola. Durava aproximadamente um mês, terminando junto do Halloween, quando ele ficava por mais uma semana com tema de dia das bruxas.

Max estava com os headphones no pescoço, apoiados nos ombros, e carregava o skate debaixo do braço enquanto atravessávamos o corredor até o portal de entrada. Raven deu uma pequena parada próxima ao seu armário pra guardar algumas coisas da mochila.

A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora