Assim que eu acordei no dia seguinte, depois de passar parte da madrugada jogando com Max e outra parte fazendo um trabalho de química que eu tinha que entregar hoje, eu pensei como é que eu ia agir perto dela na escola. Como é que eu ia andar no corredor sem pegar na mão dela? Será que Raven ia perceber? Claro que sim. Raven sempre percebia tudo. O que que a gente ia falar?
— Toc toc. — Jess apareceu, já vestida, na porta aberta do meu quarto enquanto eu me arrumava depois de tomar banho.
— Oi, Jess. — Enxuguei o meu cabelo curto e preto com a toalha branca.
— Eu vim ver como você tá, depois de ontem, sabe. — Ela sentou na cama com uma caneca de chá quente.
— Eu não sei, prefiro não falar disso. — Fechei os botões da camisa branca e vesti a calça.
— Então... quer falar sobre onde você tava ontem? — Eu olhei pra ela e ri.
— Pra quê que você quer saber? — Ensaquei a camisa branca e coloquei o blazer por cima, indo até o espelho.
— Eu sou curiosa! Você sabe que eu adoro uma fofoca! — Ela deu um gole no chá.
— Você gosta é de saber da minha vida, pode dizer. Eu não sou tão chata quanto você diz que eu sou. — Dei o nó na gravata na frente do espelho. — Me dá um gole.
Ela me entregou a caneca com o chá e eu dei um pequeno gole.
— Não, sua vida é um saco.
— Então não vou te contar. — Penteei o cabelo e fui até o banheiro passar um perfume preto que eu tinha e adorava.
— Conta, por favor, eu vou morrer de tédio nessa cidade! Eu sou a única coisa interessante que tem aqui!
No banheiro, o vidro ainda estava embaçado. O desembacei com a mão esquerda e vi que meu cabelo estava muito ajeitadinho. O baguncei um pouco pros lados, usando os dedos, quando vi Jess se escorar na porta do meu quarto, olhando pra mim.
— Você tá afim de alguém na escola, né? — Ela bebericou seu chá.
— Jess! — Olhei pros lados.
— Mamãe já saiu. Você tá, não tá?
— Talvez. — Baguncei meu cabelo mais um pouco. — Como tá meu cabelo?
— Ridículo igual à sua cara. — Ela tomou o chá. — É a que toca baixo?
— Não. Eu não gosto dela assim. É diferente. — Fui até meu quarto e peguei minha mochila. — Vamos.
— Qual o nome dela?
— Não vou te contar. — Jess pegou a mochila dela, que estava na sala, e se lamuriou.
— Conta, por favoooor! — Ela balançou o meu braço.
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A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢
Fiksi RemajaAmanda Pritchett tem 15 anos, pais recém-divorciados, uma irmã de 11 anos, um costume antigo de rabiscar e fazer colagens, uma imaginação tão fértil que talvez seja um pouco preocupante, uma luz noturna infantil e vontade de beijar garotas. Após o d...