— Por você perdi meu mundo e pelo mundo eu te procuro, num mundo com tanta gente meu olhar tenta ser seguro. O tempo passa devagar nesse seus olhos cor de ar que me olham cor de cama, que demoram a acostumar. Nesse mundo! Tem tanta gente eu só quero amar você! Por favor goste de mim mesmo que seja sem querer! Nessa multidão eu não quero mais te perder!
Brooke inspirou.
— Eu vou correr pelas notas dessa canção!
— Só pra encostar na sua mão. — O garoto continuou no outro microfone.
Eu não sabia o que fazer, pra onde ir, pra onde olhar. Brooke continuou a cantar e eu já não escutava nada. Os sons ficaram abafados e de repente parecia ter muita gente ali, perto de mim, ao meu redor. As luzes pareciam estar enfiando agulhas nos meus olhos.
Olhei pro lado, na direção de Raven. Thomas pegou uma embalagem de salgadinhos que tinha na mesa, abriu e deu um na boca de Ray, que sorriu e depois olhou pra mim.
— Mandy, tá tudo bem? — Ray passou a mão na frente dos meus olhos e balançou os meus ombros. Pisquei e olhei pra ela.
— Não, não muito.
— O que foi? Quer ir pra outro canto? — Neguei com a cabeça.
— Não precisa, eu só preciso respirar um pouco. Eu já controlei isso antes, não se preocupe.
— É por causa da música? — Ray perguntou, preocupada.
— Mais ou menos. Eu não sei. — Theo, que estava falando alguma coisa com Jamie, a fazendo rir, olhou pra mim e se levantou, vindo sentar do meu lado. Ela colocou seu braço por trás dos meus ombros.
— Mad, vem comigo ali dentro rapidinho. — Ela fez um aceno com a cabeça, apontando para a casa de Kyle.
Eu olhei pra Brooke, que sorriu e deu uma piscadinha com o olho direito antes do garoto cheio de espinhas anunciar outra música que eu sinceramente não me importava qual era.
— Fazer o que?
— Vou pegar uma bebida pra mim, vem comigo. — Ela se levantou e começou a me puxar pelo meio da multidão, afastando as pessoas com a mão esquerda pra abrir espaço pra gente passar.
Max, por trás da bateria, me acompanhava com um olhar preocupado, parando de tocar. A guitarrista chamou a atenção dela e ela voltou a tocar, mas continuou olhando pra mim. Por baixo da franja, eu estava olhando pra ela também.
Theo me puxou pelo braço, com a mão, olhando o ambiente da cozinha pra ver se tinha muita gente. Não tinha. Era uma festa bem menor do que aquela primeira que eu tinha ido e a maioria das pessoas estava acumulada na área da piscina. Ela abriu um armário em cima da pia, pegou um copo e encheu com água.
— Toma. — Ela me deu o copo com sua mão cheia de anéis. Eu comecei a perder o equilíbrio e resolvi me apoiar na bancada da ilha da cozinha. Ela abriu a geladeira e pegou uma cerveja.
— Não precisava me trazer pra cá, Theo, eu tava conseguindo controlar sozinha. — Meu deus, quando é que eu ia parar de passar mal em festas e lugares com muita gente?
— Eu sei. — Ela abriu a lata, fazendo um "txic", e deu um gole. Ela empurrou a base do copo com os dedos, me fazendo beber a água que eu já tinha esquecido que estava na minha mão.
— Eu tenho um pouco de dificuldade quando fico perto de muita gente. — Olhei pro copo nas minhas mãos.
— E quando você estiver tendo problemas pode me procurar, eu fico com você. — Ela sorriu um sorriso de covinhas nas duas bochechas, olhando pra mim. Sorri de volta mas meu sorriso não tinha covinhas como o dela.
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A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢
Teen FictionAmanda Pritchett tem 15 anos, pais recém-divorciados, uma irmã de 11 anos, um costume antigo de rabiscar e fazer colagens, uma imaginação tão fértil que talvez seja um pouco preocupante, uma luz noturna infantil e vontade de beijar garotas. Após o d...