Ela segurou a garrafa transparente pelo gargalo e me passou. Quando eu segurei a garrafa gelada, ela tirou um isqueiro do bolso e acendeu o cigarro na boca em menos de um segundo.
Eu olhei pra garrafa, a garrafa olhou pra mim e, por um momento, eu podia me jurar que quem ia me beber era ela.
— O que você pensa que tá fazendo, Theo? — Zee puxou a garrafa de mim, com a voz baixa, mas alterada, enraivecida. — Ela não deve nem ter 13 anos.
— Quantos anos tu tem? — Ela me perguntou, erguendo o queixo rapidamente na minha direção antes de soprar uma fumaça pra cima. A franja escura tinha novamente caído um pouco sobre sua testa, parcialmente cobrindo um de seus olhos e um dos piercings que ela tinha na sobrancelha.
— Tenho 15.
— Eu tinha 12 na minha primeira cerveja, deixa ela, se ela quiser. — Ela tomou a garrafa de Zee e me devolveu.
— Você já fez isso antes, garota? — Não, nem perto disso.
— Aham. — Ela não parecia acreditar em mim. Eu também não acreditaria. Theo abriu uma lata de cerveja e bebeu devagar entre uma tragada e outra, não sabia se esse era o termo certo pra usar.
— Só maneira e relaxa.
Cheirei a boca da garrafa. Intragável, parecia cheiro de filme independente cult. Mas eu estava ali com um propósito. Jess, me empresta seu caderno de novo, eu vou precisar deixar isso pra me preocupar mais tarde, hoje eu não vou pensar muito, hoje eu não queria sentir as coisas ruins que eu normalmente sentia, eu queria ser entorpecida.
Fechei os olhos e deixei o líquido semi-transparente descer. Sem perceber, cinco goles me desceram queimando mais a garganta do que admitir quando eu estou errada. Era uma sensação horrível e eu tinha certeza de que nunca mais ia querer provar aquilo na vida. Hm, tinha um gostinho de limão no final.
— Ow, ow, ow, garota, calma aí. — Theo puxou a garrafa da minha mão. — Ninguém aqui quer que você passe mal.
— Eu disse que era uma ideia de merda, se ela passar mal, quem vai cuidar é você, Theo. — Zee parecia estupidamente brava, desviando os olhos do celular pra brigar com Theodora, que apenas a ignorou.
Tirei a câmera do bolso e tirei foto da grama e de como as luzes batiam nela. Coloquei a mão sobre a grama e tirei uma foto assim, com as luzes na minha mão, da almofada no meu colo, de cabelos e cabeças com só uma parte do corpo aparecendo, de pés, sapatos, pernas e braços. Tirei uma foto do céu, da piscina, das pessoas na piscina.
— Tem alguém aqui que você tenha gostado, Amanda? Alguma menina, algum meni- — Olhei pro resultado na câmera. Olhei pra Theo, em seguida. Não sei o que havia no meu olhar, mas ela entendeu o que quer que eu quisesse dizer, que nem eu mesma sabia o que era. Quando eu crescesse, ia ter um superpoder assim? — Certo, nada de meninos. — Ela olhou ao redor e depois pra mim, com uma sobrancelha levantada. — Se quiser ajuda pra chegar em alguém, só me aponta. Se quiser, a gente não precisa fazer nada além de ficar por aqui mesmo. FALA ADAM! — Um garoto passou de um lado pro outro do sofá e trocou um fist-bump com Theo.
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A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢
Novela JuvenilAmanda Pritchett tem 15 anos, pais recém-divorciados, uma irmã de 11 anos, um costume antigo de rabiscar e fazer colagens, uma imaginação tão fértil que talvez seja um pouco preocupante, uma luz noturna infantil e vontade de beijar garotas. Após o d...