5 - Quero a cerveja azul

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HENRIQUE

Já que havia invadido minha casa, não fazia diferença dar ou não carona para Igor. O único problema era que ele não se colocava em seu devido lugar, tornando-se cada vez mais inconveniente. Sei que seu jeito é esse, mas o homem precisa entender que não é mais adolescente que necessita de cuidados de seus pais.

Respirei fundo. Por mais que me estressasse, tinha que colocar em mente que Igor era um de meus melhores amigos e precisava de minha ajuda.

Jogo minha bolsa no sofá assim que adentramos o local. Minha casa estava uma zona, e isso me irritava profundamente. Tinha um certo problema quando se tratava de arrumação.

- Tem algum problema se Amora se arrumar aqui para ir conosco ao baile? - pergunta Igor, enquanto fazia um sanduíche.

- Sem problemas ela se arrumar aqui, mas vocês não vão comigo - bufo, enquanto tirava a camisa.

- Nossa, nunca reparei que você tinha uma tatuagem de serpente desse tamanho nas costas! - Diz, enquanto se aproxima para tocar.

- Por que ao invés de tocar, você não só observa? - dou um tapa em sua mão.

- Quanta grosseria! E diga-me, por que eu e Amora não podemos ir contigo?

- Esqueceu que terei que buscar Mônica? - coloco as mãos sobre a cintura.

- Então você vai passar a noite fora? - pergunta, enxerido.

- Não, seu idiota! - reviro os olhos, enquanto me dirijo até meu quarto.

- Ia perguntar se Amora podia dormir aqui! - solta uma risadinha.

- Cara, você sabe que só tem um quarto de hospedes e um sofá-cama aqui em casa, certo? - o encaro, com a sobrancelha arqueada.

- Ela dorme na sala, sem problemas!- senta no sofá e começa a tirar os sapatos - É que o evento deve acabar tarde... não quero incomodar Larissa - ajeita os óculos.

O encaro, sério e emburrado.

- Meu apartamento tem cara de Hotel por um acaso? - pergunto, indo em direção ao quarto.

- Só hoje, Henrique! Faça isso por mim... e pela Larissa! Pelo nosso relacionamento! - diz, enquanto segura os sapatos.

- Cara, guarda essa merda - aponto para sua mão e tampo o nariz - que chulé do caralho! - Entro no quarto.

- Pode ser? - Diz, se aproximando com aquela bomba de Chernobyl da entrada do meu quarto.

- SÓ HOJE! - fecho a porta, antes que aquele porco conseguisse entrar. Por Deus, como Larissa conseguia aguentar aquilo?

Encaro meu quarto e percebo que é o único local arrumado dentro do apartamento. O cheiro de limpeza me cativa. Antes de tomar um banho, sento-me em minha mesa de projeto e folheio alguns cadernos. É impressionante como conquistei tanta coisa com apenas 33 anos. O segredo, de fato, é fazer as escolhas certas.

Se Ingrid não tivesse ido embora, talvez hoje eu estivesse mergulhado em dívidas e com dois pirralhos para cuidar. Por mais que tenha me ferido, hoje em dia lhe agradeço. Amo meu estilo de vida mais que tudo.

Sou interrompido de meus devaneios quando ouço o interfone tocar.

- HENRIQUE, É AMORA! - grita Igor, como se estivesse há muitos quilômetros de distância. Não consigo segurar o riso.

- TÁ BOM! - faço questão de gritar mais alto ainda.

Me assusto quando verifico o horário no celular. 20:15. Ok, eu tinha uma hora para tomar banho e me arrumar. Não que isso fosse um problema, afinal, sempre fui muito econômico com meu tempo. Só que, naquele dia, a preguiça estava tomando meu corpo por inteiro. Sem contar com a questão da Mônica, que me deixava no mínimo perturbado.

Doce como Amora ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora