37 - Amora? O que você está fazendo aqui?

3.5K 258 18
                                    

NARRADOR

Elioth passou o dia inteiro deitado. Sim, ele precisava colocar alguns trabalhos em dia, mas era como se sua vida antiga estivesse tentando tomar conta da nova. O rapaz se sentia sufocado. Até tentou focar em outras coisas, mas quando começava a conseguir, a cena de Dani e Henrique juntos lhe apertava o coração.

E, em contrapartida, ainda tinha que se resolver com Amora. A garota não se deu o trabalho de responder sua mensagem de mais cedo, e isso o chateou. Não que ele tivesse algum tipo de moral para cobrar algo, porque sua mente estava uma verdadeira bagunça, mas não conseguia entender o porquê de estar sendo ignorado. Em sua cabeça, aquele era o momento em que os dois deveriam se unir com garras e dentes. Não poderiam deixar o passado interferir em uma história tão bonita que vinha sendo escrita.

De qualquer forma, talvez ela precisasse de um tempo para digerir tudo aquilo. Ver o passado de seu namorado ser desenterrado contra sua vontade era no mínimo perturbador. Elioth esperaria o dia seguinte para entrar em contato. Até cogitou fazer antes, mas se fosse com ele, provavelmente iria gostar de ficar sozinho.

O rapaz alternou da sala para cozinha, e da cozinha para o quarto. Às vezes fazia uma pausa para ir ao banheiro, mas nada de muito relevante. Ele planejava usar aquele dia para colocar a cabeça no lugar, mas o tempo que passou sozinho apenas o deixou mais confuso. A vontade que Elioth tinha era de sumir. Talvez a melhor opção fosse mesmo fugir.

Ele tinha tomado quase duas garrafas de café, o que o proporcionou uma energia um tanto quanto desnecessária. Mas não importava, porque quando cochilava vez ou outra, memórias passadas se reuniam às atuais e tudo virava uma bagunça em sua mente. Os sonhos intercalavam entre Dani e Amora, e isso era um saco. Pior ainda era quando as duas se encontravam... Daí já sabe. Elioth se sentia sujo por pensar nessas coisas, mas não conseguia controlar seu subconsciente.

No fim, Elioth decidiu virar a noite jogando vídeo game enquanto comia uma deliciosa bomba de chocolate. Amora que o havia apresentado aquele doce e ele era muito grato por isso.

Ele descobriu aquela "maravilhosidade", como sua namorada gostava chamar, no segundo encontro do casal, em um parque. Antes de entrarem na roda-gigante, Amora o apresentou seu doce favorito e, desde então, também havia se tornado o seu. Ele sentia orgulho de dividir essa nomenclatura com sua amada.

Eli estava perdido em meio às suas lembranças daquele dia no parque. Foi muito engraçado quando o brinquedo travou e os dois ficaram presos na parte mais alta da roda. Desde então, tanto ele, quanto Amora, se recusavam a ir novamente em aparelhos com mais de dois metros de altura. Hoje em dia eles até riem daquilo, mas o momento foi de muito pânico. Ele sentia muita falta desses momentos, e isso o confundia muito mais. Como pode sentir tanta falta de Daniele enquanto tem necessidade de viver e reviver novas memórias com Amora? Era péssimo estar em seu lugar.

O rapaz não percebeu a hora passar. Estava dividido entre o jogo e suas memórias afetivas e sexuais. Infelizmente não tinha nenhum botão de reset em seu cérebro, tampouco um que desligasse tudo. Aquilo tudo o desgastava em nível surreal.

A moleza era tanta que ele nem se deu o trabalho de conferir se tinha alguma ligação ou mensagem de Amora em seu celular. Elioth realmente estava empenhado em ficar sozinho.

Seu foco foi interrompido quando ouviu fortes batidas na porta de seu apartamento. Um sentimento extremamente ruim alcançou a boca de seu estômago. Era incrível como tantas coisas estranhas e aleatórias tinham acontecido desde sexta-feira, e o pior de tudo era que o domingo ainda estava no início. "Porra, tem como ficar pior?", pensou.

Antes de atender a visita inesperada, Elioth fez questão de arrumar um pé de cabra, caso tentassem fazer algo contra ele. Quando estava prestes a puxar a maçaneta, olhou para seu relógio de pulso. 5h11 da manhã. Estava chovendo muito e trovões deixavam o clima ainda mais sinistro. Não sabia se sua mente estava tomada pelo jogo, ou se realmente existiam chances de um serial killer estar do outro lado do corredor. De qualquer forma, as batidas não paravam, então o moreno teve que atender quem quer que fosse.

Doce como Amora ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora