8 - Oi chefinho

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HENRIQUE

Desde o momento em que resolvi abrigar o desgraçado do Igor, sinto como se chegar na empresa fosse meu único momento de paz. Mesmo sendo muito meu amigo, o cara era enjoado demais. Juro que teria colocado para fora se fosse qualquer outra pessoa, mas não poderia fazer isso com ele, por mais que fosse muito abusado.

Como estagiários não trabalham no fim de semana, estaria sozinho no meu andar. Aquilo era quase um sonho.

Me fechei no escritório, liguei o ar condicionado em 16⁰C e aproveitei para me divertir nos inúmeros projetos que teria que revisar. O expediente terminaria antes que o normal, portanto, precisava de foco.

Infelizmente, por mais que tentasse atenção nos documentos, imagens de Amora seminua vinham em minha mente. Pior, o quase gosto de sua boca se misturando a minha era absurdamente instigante, mesmo que apenas em pensamento. Porra, eu precisava muito foder com essa garota.

De qualquer forma, a solidão que minha companhia provocava era agradável. Depois de um tempo pensando em seu corpo, as memórias da noite anterior já tinham se esvaído. Estava prestes a terminar um longo documento quando ouço alguém bater à porta. Pelo visto, algum desavisado veio atrapalhar um pouco da paz que aquele dia tinha me proporcionado. Respiro fundo e, após as batidas não cessarem, me levanto para destrancar a maldita fechadura.

Assim que puxo a maçaneta, a pior surpresa que a porra do universo poderia me proporcionar.

- Boa tarde, senhor Henrique! - Amora sorri, debochada - Não sei se te avisaram, mas sou sua nova secretária.

- Está de sacanagem? - pergunto, desacreditado. Aquilo deveria ser karma de outra vida, não é possível.

- Não! - dá uma gargalhada - Meu pai avisou que o "senhor" iria reclamar, e afirmou que não adiantaria, pois a decisão foi conjunta entre ele e Lázaro.

Reviro os olhos e fecho a porta em sua cara. Como faria para lidar com aquela garota? Por Deus, ontem mesmo ela estava empenhada em me seduzir... até beijou minha boca. E hoje estava ali, prestes a trabalhar como minha secretária. Puta que pariu, sem contar que era filha de um dos meus melhores amigos. Sentia que estava prestes a viver o inferno na terra a partir daquela tarde.

Fui em direção à minha mesa, sentei e respirei fundo. Teria que aprender a lidar com a situação, mesmo que precisasse fingir que nenhuma de suas provocações haviam acontecido na noite anterior.

- Você não precisa ser grosso, está bem? - abre a porta, vem até minha mesa e se apoia - Sei que te deixo desconcertado, mas não é para tanto, não acha?

- Esse tipo de coisa deveria ser avisada. Lázaro e seu pai me estressam com isso.

- Isso é porque antes você não tinha uma secretária - dá um sorriso e aponta para o próprio peito - Pois agora tem! E uma bem gostosa por sinal - sorri maliciosamente e empina a bunda.

- Não estou para brincadeiras, Amora. Você pode não se recordar, mas, enquanto estava bêbada, um espírito tarado te incorporou e cismou comigo. Espero que tenha passado, porque sinceramente, eu não tenho condições de trabalhar dessa forma.

- Isso já passou, Henrique - me encara, com um sorrisinho malicioso. Puta que pariu, ela lembrava exatamente do que havia acontecido... e pelo olhar, tinha gostado.

- Então quer dizer que você se lembra de tudo? - encaro-a, de sobrancelha arqueada - Tudo mesmo? Até do quase beijo?

- Ah, chefinho, - debochou - eu estava magoada! Tinha acabado de passar por uma desilusão e precisava distrair a cabeça. Lamento que tinha sido com o senhor -. sorri - Podemos recomeçar? É só fingir que nada aconteceu -. Vem andando até o meu lado e aproxima o rosto do meu. Sinto seu hálito de menta e suspiro.

Doce como Amora ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora