AMORA
Até que o percurso não foi tão desagradável quanto imaginei. Ingrid sabia ser educada quando queria, o que acabou tornando nossa conversa minimamente suportável.
Assim que chegamos no térreo, fomos caminhando até a parte externa do hotel, onde ficava a maravilhosa sauna. Admito que aquele lugar fazia com que me sentisse podre de rica, e, sinceramente, era uma sensação que amava.
Como prometido, quando adentramos o local abafado, Rocha fica para trás, dando-nos a devida privacidade. Ainda bem, pois sua presença me dava calafrios.
Não sou de reparar na aparência das pessoas, mas aquele olho de vidro e cicatriz enorme ali próxima me causavam arrepios. E, além disso, o homem não aparentava ser gente boa... nem um pouco. Ou simplesmente não tinha ido com a cara dele. Foda-se, não me importo.
Sento-me em um dos bancos braços de mármore grudado à parede, e ela senta no outro, que ficava de frente para o meu. Inicialmente, um silêncio extremamente desagradável tomou conta do ambiente. Ao que tudo indica, Ingrid estava muito envergonhada com o que tinha rolado.
Deixo o celular solto ao meu lado, cruzo os braços e encaro-a, com a sobrancelha arqueada. Não me aguento nesse tipo de situação! Juro que queria ser uma pessoa mais contida, mas é simplesmente impossível!
- Vim aqui pra você ficar me encarando? - debocho.
Ela dá uma risadinha e balança a cabeça negativamente.
- Para com isso, Amora! - diz, envergonhada - É que realmente não sei por onde começar...
- Já começou por aí! - dou um sorriso debochado. Deus que me perdoe, mas não conseguia lidar com aquela vaca de forma madura! - Vamos, Ingrid! Desembucha!
- Ah, lindinha... - suspira e tira o roupão que antes tampava seu corpo nu. Assim como Henrique, Ingrid era toda tatuada. Devo admitir que, por mais que fosse maluca, era uma mulher bonita - eu exagerei. Tanto minha vida quanto a de Henrique seguiram rumos diferentes. Passado é passado... e... sei lá, acho que o fato de vê-lo com uma garota tão linda mexeu comigo. Vacilei muito com ele, sabe?
- É, compreensível. Mas convenhamos que não teria lógica algum meu marido esperar papo de dezessete anos para o seu retorno. Deveria ficar feliz por ele ter te superado e seguido a vida, da mesma forma que acredito que Henrique sinta o mesmo quando se trata de você.
Ingrid dá um sorriso largo, aparentemente forçado, mas deixo passar. Não tinha porque alimentar aquela merda de briga.
- Estamos resolvidas, minha linda? - diz Ingrid, simpática - Eu não vou mais entrar no seu caminho, juro! - sorri.
- Claro que esta... - começo a responder, mas logo sou interrompida por um forte alarme de incêndio. Puta que pariu!
Levanto rapidamente, agarro o braço de Ingrid e falo:
- Vem, Ingrid, vamos sair daqui! - puxo seu corpo em direção à porta.
- Vai abrindo a porta enquanto coloco o roupão! Rápido, pelo amor de Deus, não quero morrer carbonizada! - pede, desesperada.
Abro a porta o mais rápido que consigo e dou de cara com Rocha, que demonstra uma calma fora do normal para a situação caótica. Não me importo, apenas saio correndo para fora e observo a grande aglomeração de pessoas que se reunião na área externa do hotel. Em menos de um minuto Ingrid aparece ao meu lado. Ainda bem que tinha conseguido sair rápido, não queria carregar a culpa de sua morte.
HENRIQUE
Sou acordado por um alto alarme de incêndio, o que já me faz começar o dia em pânico. Cadê Amora? Que horas são? Meus amigos estão seguros?
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Doce como Amora ✔️
Roman d'amourAmora, filha de um dos meus melhores amigos, é quente como brasa e eu, após negar suas investidas, finalmente cedi e agora é como se fosse impossível evitar nosso contato. Nossos corpos combinam assim como vinho combina com um dia frio. Tudo começo...